| Capítulo Dezesseis |

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Nacional City, 08 de Fevereiro de 2016

O beijo se desenrolava calmo, diferente de como a filha de Alura se sentia por dentro, seu coração batia tão forte, que não se surpreenderia se Lena pudesse ouví-lo.

Abriu os olhos parcialmente, querendo se certificar de que aquilo estava realmente acontecendo, ou se era apenas outro sonho que seu subconsciente a fez ter.

Mas era real, ela estava ali diante de Kara, os olhos fechados enquanto seus lábios se conheciam. Mesmo assim, a repórter quis se certificar de que não estava sonhando, então se beliscou discretamente, sentindo seu coração se encher de felicidade por ela não ter desaparecido em um passe de mágica.

Voltou a fechar os olhos, suspirando quando suas línguas se tocaram pela primeira vez. Luthor conduzia aquele beijo com uma maestria sem igual, sua língua macia explorava cada cantinho que podia, se entregando cada vez mais ao beijo.

Caminharam até o sofá sem encerrar o contato e Kara se sentou, tendo Lena em seu colo. Luthor passou uma perna de cada lado, afastando seus lábios apenas para respirar e lhe presenteou com um sorriso que lhe roubou o fôlego muito mais do que aquele beijo.

Lena colocou uma mecha de seu cabelo para trás da orelha, tocando seu rosto com ambas as mãos e buscou seu olhar. As íris verdes da repórter estavam dois tons mais escuros, suas pupilas estavam dilatadas.

— Lena... – Murmurou, não sabia o que dizer, mas estava sentindo tudo ao mesmo tempo.

Toda aquela explosão que a paixão nos causa quando beijamos aquela pessoa pela primeira vez, o desejo de fazer de novo e de novo.

— Não diz nada. – Respondeu no mesmo tom de voz, não querendo quebrar aquele momento mágico entre elas.

Repousou a cabeça em seu ombro, e por puro instinto, a loira iniciou um cafuné reconfortante nos fios escuros.

Estava feliz, mas agora aquela pergunta não parava de rondar sua cabeça: E agora?

O que fariam dali para frente? Como as coisas ficariam entre elas depois de terem ultrapassado aquela barreira?

Não queria trazer aquelas questões à tona, não depois de ter tornado seu sonho realidade e de constatar que na vida real, era mil vezes melhor do que em sonho.

— Lena... – Iniciou cautelosa, não queria meter os pés pelas mãos e estragar tudo. – Eu sei que não deveria perguntar sobre isso agora, mas você é minha melhor amiga e eu não quero que o que aconteceu aqui deixe a situação estranha entre nós, não quero que se afaste, ou que me trate diferente. Eu gostei do beijo, é óbvio, quem não gostaria? – Riu timidamente, arrumando os óculos. – Mas não quero que isso mude quem nós somos, não quero que deixe de me enxergar como sua melhor amiga. Então eu tenho que perguntar... O que acontece agora?

Fechou os olhos, esperando por uma repreensão da morena, que lhe pedira mais de uma vez para não falar, mas ela não veio, na verdade, o que ganhou foi o total silêncio do apartamento.

Olhou para baixo, encontrando uma cena que derreteu seu coração. Lena dormia tranquilamente em seus braços, perfeitamente acomodada em seu corpo.

Kara sorriu, queria poder passar o restante da madrugada observando-a dormir tão serenamente, mas aquela posição com certeza a deixaria com dor no dia seguinte.

Passou um braço por seu pescoço e o outro por baixo de seus joelhos, se levantando com ela nos braços. Luthor se remexeu um pouco, mas permaneceu adormecida, então Kara a levou até seu quarto.

A deitou confortavelmente na enorme cama, cobrindo seu corpo para que a morena não passasse frio durante as poucas horas de sono que teria.

Beijou sua testa, afastando os fios escuros de seus olhos e acariciou seu rosto, sorrindo bobamente. Sim, estava correta quando disse que Lena era a mulher mais bonita do mundo.

— Bons sonhos, Lena. – Sussurrou, fechando as cortinas e apagou a luz, saindo do quarto.

Tocou os próprios lábios, se lembrando do beijo trocado por elas e suspirou, desejando poder reviver aquele momento diversas vezes.

Retornou ao quarto em que estava, se deitando na cama e encarou o teto. Com certeza não conseguiria dormir depois de tudo o que aconteceu.

O dia clareou, Lena acordou antes mesmo que seu alarme tocar e a primeira coisa que lhe veio a cabeça foi o sonho louco que teve com Kara, onde as duas simplesmente trocaram um beijo durante a madrugada.

Riu desacreditada que seu subconsciente a fez sonhar com algo tão absurdo como aquilo. Suspirou, levantando finalmente e se encaminhou até o banheiro para iniciar sua higiene matinal.

Durante o banho, sua mente a levou para um momento específico da madrugada, o momento em que beijou sua melhor amiga.

— Oh, meu Deus... – Cobriu a boca em descrença. – Não foi um sonho! – O que deu nela?! Era Kara, sua melhor amiga e ela simplesmente ultrapassou uma barreira que não deveria.

Sua mente entrou em alerta, pela primeira vez na vida tinha uma amiga e agora tinha estragado tudo.

Finalizou seu banho, escolhendo uma roupa adequada para mais um dia de trabalho. Saiu do quarto, olhando ao redor em busca das outras e respirou aliviada quando não as viu por ali.

Saiu apressadamente de seu próprio apartamento, como se ela mesma fosse a intrusa ali e desceu pelo elevador, indo até o carro que já lhe esperava.

Dentro do carro, digitou uma mensagem para Kara, não queria lhe deixar preocupada caso não a encontrasse em casa.

— Está pronta para ir, senhorita Luthor? – O motorista perguntou, mas não obteve uma resposta. Se virou para ela, notando-a muito aérea. – Senhorita Luthor? – Ainda sem resposta. – Senhorita Luthor?!

Lena pareceu despertar do transe que se encontrava e o olhou descontente pelo tom de voz alterado que ele usou para falar com ela.

— Por que ainda está falando ao invés de dirigir?

Ele engoliu em seco, mas concordou com um aceno e se virou para frente, dirigindo até a L-Corp em completo silêncio, não queria incomodar Lena Luthor outra vez.

Lena tomou uma decisão, teria que consertar tudo e com urgência. Afinal, Kara tinha namorado e ela ainda era uma Luthor. E os Luthor nunca teriam nada de bom na vida.

STAY | Supercorp/KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora