| Capítulo Quinze |

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Nacional City, 08 de Fevereiro de 2016

A festa do pijama se estendeu por longas horas, Andrea foi a primeira a dormir e não escapou da pegadinha das amigas, que pintaram seu rosto com canetas e puseram chantilly em seu cabelo.

Agora o relógio marca três da manhã, todas dormiam tranquilamente, exceto Lena. Havia perdido o sono e agora estava sentada confortavelmente em seu sofá, lendo um dos vários livros que sua estante lhe disponibilizava.

Um barulho lhe chamou a atenção e ela olhou ao redor, não encontrando nada de estranho. Mas o barulho se fez ouvir outra vez, obrigou seus olhos a enxergarem além da escuridão da cozinha e viu a luz da geladeira quando foi aberta, iluminando os inconfundíveis cabelos loiros de Kara Danvers.

Lena arqueou uma sobrancelha, deixando o livro de lado enquanto se divertia com sua melhor amiga assaltando sua geladeira no meio da noite.

Ela deu a volta no balcão e Luthor a analisou, os cabelos bagunçados, uma camisola branca e um donut na boca.

— É muita coragem sua roubar de uma Luthor. – Kara se assustou com a voz dela e se virou imediatamente em sua direção. – Muitas pessoas morreram por menos que isso.

— Lena, e-eu... M-Me desculpa, eu só... – Parou de falar ao ouvir a risada da morena.

— É brincadeira, Kara!

Danvers respirou aliviada, indo até ela e antes de se sentar ao seu lado, colocou os óculos no rosto e prendeu os cabelos direito.

— Você me assustou!

— Eu sei, mas eu não resisti. Desculpe. – Ainda estava risonha, mas isso aos poucos foi cessando.

— O que faz aqui? – Lena franziu o cenho.

— Eu moro aqui.

— Eu sei, quis dizer o que faz acordada e sozinha aqui.

— Perdi o sono, estava lendo um pouco. – Indicou o livro, colocando o marca páginas para não se perder e o fechou.

— A paciente silenciosa. – Leu o título em vermelho na capa. – Fala do quê?

— É sobre uma mulher que foi acusada pela polícia de matar o marido com seis tiros, ela estava na cena do crime quando chegaram e depois do assassinato, ela ficou anos sem dizer uma única palavra, agora está em um hospital psiquiátrico e um psicoterapeuta está tentando desvendar o que realmente aconteceu no dia do crime. – Explicou.

— Nossa... Parece intenso.

— É bem interessante. E você, lanchinho da madrugada?

— Sempre fico com fome no meio da noite. Desculpe por... – Luthor a interrompeu antes mesmo que pudesse terminar.

— Fique a vontade, você sabe que eu não me importo com essas coisas, não é?

— Eu sei, somos melhores amigas. – Sorriu. – Donut?

Ofereceu, estendendo o doce em sua direção, claro que com a mão que não havia sido "parasitada".

Lena segurou em sua mão, mordendo um pedaço pequeno e sentiu o doce alegrar seu paladar.

— Obrigada. – Deixou o livro na mesinha ao lado e se virou de frente para ela. – Então nós somos melhores amigas?

— Claro... Ou não somos?

— Isso é legal, eu nunca tive uma melhor amiga antes. Na verdade tive, mas não era nada como você.

— Ah... Obrigada? – Riu.

— De nada. – Riu.

Se olharam por longos segundos em silêncio, não era desconfortável, gostavam da simples companhia uma da outra e não precisavam conversar para isso.

Kara se perdeu na imensidão dos olhos verdes a sua frente, via neles uma ternura que jamais vira antes, um brilho misterioso e desafiador. Queria lhe dizer como seus sentimentos estavam confusos e que já não a via mais como apenas sua melhor amiga, mas tinha receio de que aquilo estragasse tudo e Lena se afastasse.

— O que foi? – Questionou ao ouvir uma baixa risada de Luthor.

— Você está com cobertura dos lábios. – A loira corou, perguntava-se desde quando estaria ali, ou se só havia resquícios por ela ter terminado de comer agora. – Deixa que eu limpo.

Se aproximou ainda mais, passando a ponta do dedo no canto dos lábios da loira, tirando a cobertura de chocolate, levando a boca.

Kara prendeu os olhos naquele gesto, uma coisa tão simples, mas que mexeu com a sua imaginação em níveis inimagináveis.

A kriptoniana prendeu a respiração ao sentir a mão da outra deslizar por seus ombros, agora que admitira a si mesma seus sentimentos por ela, era impossível não encarar cada ação da morena como algo malicioso. Talvez estivesse louca, talvez Lena estivesse apenas tentando ser uma boa amiga e seu cérebro tentava lhe pregar peças agora que sabia estar apaixonada.

— L-Lena... – Gaguejou, foi impossível não se lembrar do sonho que tivera com ela, do beijo trocado e de como a mão da morena em seu corpo lhe fazia desejar tornar aquele sonho real.

Lena a olhava com a intensidade que sempre tivera, mas agora era diferente, pelo menos para a Supergirl. Vacilou por um segundo, permitindo que seu olhar se desprendesse do dela e fosse até seus lábios, onde Luthor passou a língua entre eles.

— Você está suando. Estou te deixando nervosa, Kara? – A pergunta sussurrada, o sorriso sugestivo e o arquear de uma sobrancelha deixava bem claro que ela estava gostando de ver a reação que causava na amiga.

Subiu sua mão pela nuca da loira, a vendo fechar os olhos automaticamente e sua pele se arrepiou sob o toque de Lena.

— Um pouco. – Admitiu, arrancando um sorriso divertido da morena. – E-eu... – Limpou a garganta, usando todo o seu esforço para que sua voz ganhasse alguma firmeza. – Eu acho melhor eu ir dormir agora, eu não quero atrapalhar ainda mais a sua leitura.

Apesar do que sua boca dizia, seu corpo demonstrava totalmente o oposto, deixava claro que o que a repórter mais queria no momento, era estar ali com ela.

Se levantou, fazendo menção de se retirar, mas Lena segurou em sua mão, a impedindo de se afastar totalmente.

— Espera... – Também se colocou de pé e só então Kara notou o pijama de seda preto que fazia um contraste perfeito com a pele extremamente branca de Luthor. – O livro nem estava tão interessante assim.

— Mas talvez... – Lena pressionou o indicador em seus lábios, impedindo que ela concluísse a frase.

— Não fala mais nada...

E então aconteceu. Seus olhares se encontraram e Kara sentiu a intensidade daquele momento, sempre que se olhavam de forma tão intensa, Danvers sentia como se seu estômago estivesse sendo habitado por milhões de borboletas, mas dessa vez tinha algo diferente.

A mão livre da morena subiu até sua nuca, onde segurou alguns fios e se aproximou ainda mais. Kara prendeu a respiração, seu coração batia de forma tão acelerada, que sentia seu peito doer de dentro para fora.

Luthor entrelaçou seus dedos aos dela, já que sua outra mão ainda permanecia junta a da loira. Ela sentiu a palma da repórter suada, sabia que Danvers estava nervosa e tratou de sorrir para lhe acalmar um pouco.

De nada adiantou, Kara sentiu-se ainda mais inebriada por ela, todos os seus sentidos giravam ao redor da mulher a sua frente.

Kara suspirou.

Lena se aproximou.

Kara pousou a mão livre na cintura dela.

Lena ficou na ponta dos pés, não esquecendo dos oito centímetros de diferença que havia entre elas.

Kara passou a língua entre os lábios, desejando que aquela tortura acabasse de vez.

Lena beijou Kara.

STAY | Supercorp/KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora