CAPÍTULO 2

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VERÔNICA WALKER

Minha cabeça estava pesada, assim como minhas pernas. Quando abri os olhos, a luz que entrou pela janela me cegou por alguns segundos. Eu mal acordei, mas já sabia que meu humor estava absurdamente podre.

— Come.

Arregalei os olhos ao ver o prato com dois pães grandes ali. Dante estava nu da cintura pra cima, usando uma cueca roxa e segurando um prato com dois pães numa mão e uma caneca grande na outra.

— O que?

— Come.

— Não. — murmuro ainda tonta de sono

— Come. — engrossa a voz

De cenho franzido, me arrastei na cama e me forcei a sentar, mesmo sentindo-me exausta e com o corpo tão dolorido. Cobri meu corpo com o lençol e apoiei um dos travesseiros sobre as coxas. Dante colocou o prato no meu colo e parou a caneca na minha frente.

— Eu não gosto de café com leite. — murmuro

— Pega.

Seguro a vontade de revirar os olhos e pego a cabeça de sua mão. Ele dá a volta na cama e sai do quarto por alguns minutos. Eu coloco a caneca apoiada no móvel próximo a cama e encaro o ambiente ao meu redor. O rádio relógio diz que são duas da tarde e eu não faço ideia do que está acontecendo.

Dante me acordou só pra comer? Por que?

Ele voltou para o quarto arrastando os pés e com o celular na mão, digitando alguma mensagem para alguém. Eu ainda estou tentando entender seus movimentos, ele estala os dedos e aponta para o prato em meu colo, indicando que exija que eu coma. Respiro fundo e acabo cedendo, pegando um dos pães e dando uma mordida. Dante murmura alguma coisa que eu não compreendo e sai do quarto de novo.

O quarto está virado de cabeça pra baixo. As roupas dele estão jogadas pelo chão, assim como algumas peças de roupas de cama. Acho que é a primeira vez que não há sangue entre os fluidos espalhados pelo colchão. Enquanto mastigo, tento recapitular o que aconteceu durante a noite, mas não consigo me lembrar de muita coisa. Há marcas de mordidas nos meus punhos.

Quando terminei de comer, eu me levantei e arrastei os pés até o armário, pegando uma das camisas lilases de Dante para vestir. Tudo ao meu redor parecia estar acontecendo em câmera lenta. E eu não entendi nada quando Dante entrou no quarto feito um furacão, gritando no celular.

— Eu quero a porra dos carros em duas horas. — ele passa por mim já vestido e com os cabelos presos para trás, em um coque baixo — Se vira! Ou esse chip chega nas minhas mãos ou eu vou fazer da vida de vocês um inferno!

Ele desligou a ligação e puxou o blazer de dentro do armário, o vestindo e se encarando no espelho.

— Quando essa abstinência passar e você estiver raciocinando direito, eu quero que dê um jeito de ir falar com o Vince. — ele diz sério e se vira para mim — Talvez eu venha de novo hoje de noite.

Sua mão se fecha no meu pescoço, ligeira como o bote de uma cobra. Minhas costas bateram no armário e eu me encolhi.

— Se pensar em ir pra rua pra caçar porcaria, eu vou acabar com você, ouviu bem? — falou próximo ao meu rosto, me intimidando — E pode ter certeza que assim que o trabalho estiver acabado, tanto Vince quanto GB estarão mortos. — me encara — Está avisada.

Sem se despedir, ele me solta e sai do quarto. Ouço seus passos pela casa e então a porta da frente bate, logo em seguida o portão também. Eu respiro tão fundo que pareço com alguém que acabou de mergulhar em apneia por muito tempo. Eu nem sabia que estava segurando a respiração assim.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora