CAPÍTULO 23

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VERÔNICA WALKER

Desde o momento em que entrou neste quarto de UTI, Samantha não desgrudou do pai nem mesmo por um segundo. Enquanto eu respondia e-mails e me mantinha informada em meu laptop, os dois jogavam UNO, assistiam vídeos engraçados na internet e faziam piadas que, sinceramente, não tinham a menor graça, mas nos faziam rir. Eu estava sentada no sofá e, quase sempre, desviava os olhos da tela do computador para os dois na maca. Vez ou outra, Luke me pegava no flagra espiando os dois e eu sentia minhas bochechas esquentando, enquanto desviava o olhar para o ponto principal. Alguns enfermeiros vinham observar meu braço e os movimentos dos meus dedos, eles diziam que uma hora eu precisaria cuidar de maneira mais profunda daquela torção mal curada, mas eu sempre os dispensava com uma resposta curta e grossa, fazendo Luke reprovar meu ato e me repreender. Segundo ele, eu devia cuidar mais de mim.

Meu pulso esquerdo foi torcido por Dante durante anos como uma maneira de me repreender. Se ele quisesse me castigar ou me deixar gozar, ele sempre recorria ao meu pulso como uma maneira rápida de me causar dor. Depois de anos, eu aprendi a lidar com a dor que vem no frio e quando faço movimentos repetitivos. Nada que um antinflamatório e uma tala de sete dias não resolvam.

— Merda. — murmuro ao receber a notícia

— Ei, precisa colocar um dólar no potinho do palavrão. — Sam me repreende

— Desculpe, querida. — murmuro — Luke, olhe seu celular, por favor.

Envio a notícia de que a casa de Dominic Toretto foi explodida na manhã anterior ao nosso atentado. Eu observo suas feições ao ler a notícia e o vejo suspirar. Conecto meu laptop com a impressora da recepção e coloco o arquivo de Deckard Shaw para imprimir, não antes de enviar uma cópia digital para o celular dele.

— Tá legal, eu me recuso a assistir esse Hulk pré-histórico. — Sam desce da maca do pai e se joga no sofá, ao meu lado

— Aqui, seu tablet. — eu passo o microcomputador para ela — Você tem meia hora.

— Você consegue ser mais linha dura que meu pai. — ela franze o cenho ao ligar o aparelho

— Regras são regras, mocinha. — fecho meu laptop — E ninguém é tão chato quanto seu pai.

— Vocês sabem que eu consigo ouvi-las, né? — Luke entra na conversa

Eu jogo meu laptop na poltrona e me levanto.

— Vou na recepção buscar o arquivo impresso. — aviso

— Será que eu vou ter que te amarrar nessa cama comigo, pra você descansar esse braço?

Sinto um frio na barriga ao me aproximar dele.

— O médico disse pra eu movimentar os dedos.

— Eu aposto que ele disse isso sobre movimentos sutis e não sobre ficar duas horas e meia digitando e-mails pra Agência. — me encara — Você trabalha demais, Verônica.

— Aí, eu trabalho o quanto eu quiser, ok? — repito a frase que ele me disse no dia anterior

Ele estreita os olhos em minha direção.

— Usando minhas próprias palavras contra mim, uh?

— Você é um bom mentor. — sorri debochada — Estou aprendendo coisas incríveis com você.

— É, trabalhar demais e pegar no meu pé. — Sam resmunga com os olhos atentos ao seu tablet

— Por aí. — concordo

— Vocês se esqueceram quem eu sou, é? — Luke finge estar bravo — Não podem falar comigo desse jeito.

— Uhum, claro. — murmuro — Eu volto já.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora