CAPÍTULO 4

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DANTE REYES

A água caiu pelo meu corpo, levando o sangue embora e manchando o box de vermelho. Não era meu sangue, óbvio. Eu estava com raiva. Verônica não tinha o direito de morrer sem a minha permissão, mas não satisfeita em morrer, a desgraçada ainda levou o meu filho com ela. Descontei minha raiva, claro, mas ainda sentia frustração em mim. Eu era o responsável pela vida dela, se alguém podia matá-la, se alguém tinha esse direito, esse alguém era eu.

Após o banho, me arrumei do jeito que meu pai gostava. Roupas sociais que exalavam um padrão de masculinidade antigo, cabelo escovado e preso para trás em um coque baixo, suspensórios e sapatos tão bem engraxados que refletiam o ambiente ao redor. Ser um Reyes custava muito para mim, mas era um preço que eu estava disposto a pagar.

— Você está aqui. — meu pai me encara ao entrar no batalhão e me ver — Demorou.

— Desculpe, senhor. — murmuro

— Tá tudo protegido. — um dos homens diz — Nem Deus põe a mão no seu dinheiro.

Hernan o encara.

— Deus não é a minha preocupação. — rebate — Venha.

Ele caminha apressado para dentro e eu o sigo de perto.

— Como é que você está, garoto? — sua pergunta é destinada a mim

— Bem.

— Não quero que esconda a sua dor, Dante. — ele diz e eu franzo o cenho — Eu compreendo. Não há nada que um pai não faça por um filho. Algumas pessoas não entendem. Sua mãe, por exemplo, nunca entendeu isso.

É, me abandonar não foi uma coisa legal. Eu posso não ser muito certo da cabeça, mas sou carne da carne dela.

— Enquanto ela olhava pra você e via um monstro, eu via potencial. — ele continua o discurso

Entramos na sala forte que contém o cofre. Eu observo todo o dinheiro lá dentro e mantenho a cabeça baixa, ouvindo suas palavras.

— Quando um valentão roubou o seu dinheiro, você arrancou o olho dele. — relembra o caso antigo — Quando te chamaram de maluco, você arrancou a língua. E quando Verônica entrou no seu caminho e dificultou a sua vida, você mostrou pra ela quem realmente mandava. Entrou na mente dela e fez dela sua. — continua — Hoje eu te trouxe aqui, não por generosidade e não por amor. Mas para que o meu patrimônio, tudo o que eu construí não morra comigo. — ele fecha o cofre e o lacra — Para o meu legado seguir vivo.

Ele respira fundo, ainda observando a caixa forte.

— A relação de pai e filho é tudo. — ele diz e então se vira para me encarar. Eu ergo os olhos para vê-lo, ainda com a cabeça baixa — Meus soldados mais fiéis estavam tomando conta do meu dinheiro, mas deixaram Dominic Toretto e sua gangue de bastardos queimarem tudo o que é meu.

Ele se vira e caminha em torno de si mesmo. Ele faz muito isso enquanto dá seus discursos inspiradores.

— O que você vai fazer, meu filho?

— Matar Dominic Toretto. — digo sem pestanejar e ele se vira para me encarar — Eu vou matar todos eles.

— Matar? — ele ergue uma sobrancelha — Eles levaram suas informações mais sigilosas, desafiaram o seu comando, mataram a sua mulher e o seu filho, queimaram o seu dinheiro! — enfatiza as últimas palavras, cultivando a raiva dentro de mim — Não. — nega me olhando nos olhos — Eles te devem sofrimento, Dante. Jamais aceite morte como pagamento. Dominic Toretto deve sofrer. Faça-o sofrer.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora