Laços Proibidos - Coração vs Lei

CAPÍTULO 38

SAMANTHA HOBBS

Não era um lugar diferente do que eu estava. Ainda era um quarto solitário no alto de um lugar, onde eu conseguia ver o Cristo Redentor de longe, pela janela. Ainda havia uma cama velha fedendo a mofo, um roupeiro antigo e quebrado, assim como um espelho rachado. O que fazia eu me sentir melhor, era a presença do menino sorridente ao meu lado. Ele segurava a minha mão com firmeza e aquilo era mais que o suficiente para me manter calma e sã.

— Luke? — franzi o cenho

Fazia algum tempo que eu não sonhava com meu irmãozinho. Era tudo muito confuso, no início. Eu nunca vi o bebê que Verônica deu à luz sete anos atrás, mas sabia que aquele era o nosso Pequeno Luke e que eu podia confiar nele. Seus cabelos compridos na altura dos ombros eram cheios e possuíam cachos bonitos e escuros. Ele tinha um olhar misteriosamente selvagem, mas um sorriso absolutamente encantador. Era o tipo de beleza que gerava encantamento em quem quer que visse.

— Eu sinto muito que esteja aqui. — ele suspirou ao acariciar meu rosto com suas mãozinhas infantis

— Onde eu estou? — franzi o cenho ao olhar o local ao meu redor

— Onde eu fui concebido. — ele parece lamentar — Eu queria que você nunca tivesse que conhecer esse lugar.

Levo as mãos ao peito ao sentir um aperto. A energia do local é pesada, como se alguém houvesse vivido muita dor e sofrimento por aqui.

— Mas a mamãe vai tirar você daqui. — ele sorri para mim com seu sorriso inocente

— Eu não quero que ela volte pra cá. — o encaro

— Eu estou com ela, Sam. — ele garante — Não há o que temer.

— Se quebrarem ela de novo, ela pode não voltar pro meu pai. — digo nervosa, sentindo meus olhos arderem em lágrimas — Ela pode não voltar pra mim, Luke!

Ele me olha com seus olhinhos marcantes e suas mãozinhas secam minhas lágrimas.

— Verônica ainda precisa de um último ato, para deixar seu passado para trás. — ele explica com uma paciência assustadoramente antiga para um menininho — Isso não é mais sobre mim, nem sobre você ou sobre seu pai. É sobre ela e o meu pai.

— Seu pai é o meu pai. — digo séria — Luke Hobbs!

— Eu sei. — ele sorri — Acredite, aqueles dez minutos que passei na presença dos dois foi mais que o suficiente. — permanece me olhando — Mas você sabe que o homem de quem eu puxei esses cabelos tem contas a prestar com a mamãe. — diz sério — E chegou a hora disso tudo se resolver de uma vez.

Eu respiro fundo quando ele pula da cama e começa a caminhar para fora do quarto.

— Espera! — peço nervosa, fazendo-o parar — Eu não quero ficar aqui sozinha.

— Eu sou seu irmão, Sam. — ele sorri ao me olhar — Tô sempre com você.

Abro os olhos ao sentir a claridade em meus olhos. Estou deitada numa cama velha e fedida, num quarto que tem as paredes descascando, um espelho todo rachado sustentado por uma moldura velha e um roupeiro quebrado. Há um homem sentado na beira da cama, aos meus pés, do outro lado. Ele está de costas para mim e tudo o que eu vejo são suas costas largas, seu porte alto e seus cabelos grandes e encaracolados. Seus cabelos são idênticos aos cabelos do menino em meus sonhos. Ele está usando roupas de alfaiataria em tons claros e tem algo entre os dedos.