EPÍLOGO: SOMOS UM SÓ

570 72 16
                                    

VERÔNICA HOBBS


Respirei fundo sentindo um pouco de dificuldade ao puxar o ar e me levantei, vendo as outras mulheres fazendo o mesmo.

— Estou muito orgulhosa de vocês, meninas. — Olivia sorriu — Estão evoluindo muito.

— A Verônica é um bom exemplo. — uma das mulheres, a mais nova, sorri ao me abraçar

— Eu frequento esse encontro há tanto tempo que já tenho os discursos da Olivia decorados. — comento fazendo as meninas rirem

— Verdade. — Olivia confirma — Dentre idas e vindas, a Verônica é a nossa frequentadora mais antiga e assídua.

— Talvez porque tenha merda demais no meu passado. — murmuro

— Ei. — Olivia me encara — Um dia de cada vez, lembra?

Vão ter dias em que será mais fácil e dias em que qualquer pequeno detalhe me lembrará de tudo o que aconteceu de ruim na minha vida. Por sorte, eu sou rodeada por uma família leal, carinhosa e muito paciente. Hoje eu tô melhor do que ontem e agora, bem melhor do que antes. Nosso lema é sempre tentar, todo dia é uma nova oportunidade para realizar os seus sonhos e ser feliz.

Eu me despedi das colegas de apoio e saí do centro de reabilitação me sentindo melhor. Todo domingo de manhã eu venho aqui, desabafo com elas, ouço seus desabafos e tento ajudá-las, da mesma maneira que muitas delas me ajudaram desde que eu saí da clínica. Anos atrás, quando acordei do coma de semanas, eu fiquei alguns dias internada para a recuperação da minha saúde e, quando tive alta, entrei em colapso mental. Depois de dias acorda vinte e quatro horas, paranoica, tendo várias crises e já afetando severamente Luke e Sam, eu me internei em uma clínica de reabilitação mental — contra a vontade deles, é claro. Fiquei internada lá por quase um ano, onde fui bem tratada e pude me curar aos poucos. Eu vivi um verdadeiro inferno na Terra, mesmo depois de saber que Dante estava morto. Eu ainda tinha muitas feridas dentro de mim e carregava muitas culpas que não eram minhas. Quando meu psiquiatra disse que eu estava bem para viver livre e eu me senti segura para viver no mundo de novo, Luke e Sam estavam me esperando. Nós conseguimos recomeçar juntos. Tudo de novo.

Quando desci do carro, encarei as janelas da casa que mostravam o pequeno caos que estava acontecendo na sala e cozinha. Rindo, eu recolhi a correspondência da caixa de correios e entrei em casa, ouvindo a correria.

— Por que vocês sempre têm que brigar bem na hora em que a mãe de vocês chega? — Luke pergunta sério — Vocês se comportam a manhã inteira e, quando sentem que sua mãe está chegando, começam um caos horroroso, que faz eu parecer o pior pai do mundo.

Tiro os tênis dos pés e deixo a correspondência sobre o aparador do hall de entrada, junto com minhas chaves. Quando entro na sala, vejo Luke sentado no sofá, encarando as duas mini samoanas o mais sério possível.

— Susan, pela última vez, onde você colocou a chuteira da sua irmã? — ele encarou a filha

— Pai, pela última vez, eu não peguei a chuteira. — a pequena bocuda o responde já sem paciência

— Quer saber? — Luke a encara — Vocês duas têm dois minutos para irem procurar e me entregarem o par de chuteiras. Caso contrário, as duas vão ficar no banco hoje.

— Isso não é justo. — Susan o encarou

— Quer levar pra suprema côrte? — Luke a encara de volta — Espera ela entrar e fale diretamente com a juíza.

— O que está acontecendo por aqui? — pergunto chamando atenção

— Mamãe, a Sue pegou minhas chuteiras e escondeu! — Simone correu pra mim já choramingando

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora