Laços Proibidos - Coração vs Lei

CAPÍTULO 40

VERÔNICA WALKER

Ele é real!

Dante Reyes está de volta a minha vida, com suas roupas diferentes e bonitas, seu perfume inconfundível e seu jeito irreverente. Ele parece muito mais insano agora, capaz de coisas muito além das atrocidades que ele fazia. Sem Hernan aqui para podá-lo, ele tem carta branca pra brincar de gato e rato, sendo cruel ao máximo e cedendo a todas as suas vontades. Seus olhos me queimam por inteiro cada vez que ele me olha, é como se tudo o que eu vivesse nos últimos anos fossem uma mentira e a verdadeira eu estivesse de volta. Fracassada, polida, dominada.

— É o Luke, Verônica. — Luke diz ao segurar minha mão e interromper a troca de olhares entre Dante e eu — Ele não pode te controlar mais, não pode te machucar.

— Mas ainda pode ferir a Sam. — murmuro

Luke respira fundo, me olhando nos olhos.

— Você acha que ele...? — ele não termina a frase, mas sei ao que se refere

— Não. — nego — Ainda não. Mas é melhor ter cuidado onde pisa. Não queremos que ele volte pra ela zangado.

Ficou organizado que Diogo, Dante, Jakob e Dom correriam juntos, enquanto Luke espera em agonia e eu dou a largada. Eu estava começando a entender o jogo do Dante. Isso não é muito sobre Hernan, ele quer castigar Luke e jogá-lo no limbo da agonia, fazendo-o esperar para ter notícias de sua filha e deixando o destino dela nas mãos de outra pessoa. Ele acredita que foi o que Luke fez com ele quando me tirou do Brasil e adotou meu filho.

Respirei fundo segurando o lenço amarelo e caminhei por entre os carros de Dante e Dom, parando entre os dois. Dante estava debruçado na janela, sorrindo de uma forma angelicalmente diabólica. Dom me olhou nos olhos, tentando me passar tranquilidade, mas eu percebi que estava diante de um abismo novamente, mas era um abismo de dor e escuridão. Eu estava pendurada e, enquanto todos ao meu redor tentavam me ajudar, Dante pisava nos dedos da minha mão, tentando me fazer soltar e cair. Ele, ao mesmo tempo, estava pendurado em mim, seu peso me puxando cada vez mais pra baixo. Se eu cair, não sei se consigo me recuperar, como me recuperei antes e, se eu cair agora, a Sam pode nunca mais voltar pra casa.

Dante assobiou para mim.

— Diogo tem razão, você está muito mais gostosa. — ele diz sorrindo, o queixo apoiado nos braços

Ele me joga um beijo e eu cuspo no chão, demonstrando meu nojo.

— Auch! — ele me encara — Eu tenho sentimentos, sabia?

Passo por eles, indo até a linha da largada e fico de frente para os carros.

— Esse é o problema com uma família muito grande, Santo Dominic. — ouço — Não dá pra escolher quem você vai salvar.

Eu estreito os olhos ao ver Dante arrumar sua postura atrás de seu volante. Ele sorri e dá uma piscadela pra mim.

— Venenosa! Venenosa! Venenosa! — a multidão grita meu antigo apelido ao me ver prestes a dar a largada. Luke apoia sua mão na arma em seu coldre, preparado para me proteger caso algo aconteça

— Certo, vocês querem ver a Venenosa. — murmuro respirando fundo — Rio de Janeiro! — eu grito e todos gritam animados — Eu estou de volta ao palco da minha vida. Então vamos dançar conforme a música.

Troco olhares com Dante.

— Vocês estão prontos? — pergunto e ouço além da gritaria, os carros acelerando e esquentando seus motores. Vejo Diogo em seu ritual, se benzendo e beijando o crucifixo pendurado em seu pescoço. Olho para Dom, que segue me encarando e depois para Jakob. Meu melhor amigo acena positivo com a cabeça, me incentivando a continuar e dar a largada. Eu sinto meu coração apertar de repente — Vamos nessa!