CAPÍTULO 30

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VERÔNICA WALKER

Observando o mar, eu respirei fundo e apoiei meu ombro na pilastra de madeira da varanda, sentindo o vento em meu rosto. Aquela imensidão azul estava me deixando inspirada e com vontade de mudar minha vida do zero. Quem sabe, um dia, viver como Mia e Brian, com seu próprio pequeno negócio, viver longe do caos, segura o suficiente para os problemas não me alcançarem.

— Desculpe a demora. — Mia sorriu ao aparecer na varanda usando um vestido branco que marcava sua barriguinha crescente

— Que nada. — a olho sorrindo — Eu que me desculpo pelo convite em cima da hora.

Ela sorri pra mim e apóia sua bolsa em seu ombro.

— Eu adorei o convite. — me olha sorrindo e começamos a caminhar em direção ao seu carro — E, além do mais, eu vou adorar esfregar na cara do meu irmão que, mesmo ele insistindo muito, você escolheu dar uma chance pra minha amizade primeiro.

Eu sorri sem jeito e entramos em seu carro. Ela dá uma olhada no GPS e então segue caminho para o centro, há uns quarenta minutos dali.

— Desculpe se pareceu que eu estava ignorando sua família. — comento — Eu passei por muita coisa, não tinha condições de ser uma boa amiga pra ninguém.

— Está tudo bem, Verônica, não precisa se desculpar por isso. — ela diz compreensiva — Pessoas precisam de tempo para se curarem. Você não estava pronta ainda, está tudo bem. Eu tenho certeza que meu irmão ainda tem muitos churrascos planejados, você ainda pode comer muita carne.

Nós duas rimos.

— Mas, tirando o Hobbs, você não teve nenhum amigo nesse tempo? — me olha rapidamente, desviando a atenção da rota — Quer dizer, alguém pra te fazer rir e te distrair.

Eu tive o Jake. Me distraindo com Taco Bell e me chamando para passar o dia na base com ele, mesmo que não tivesse nada pra fazer, só porque não me queria sozinha em casa. É esquisito pensar que, por mais que eu tenha tentado fugir da gangue, um Toretto estava preenchendo o cargo de meu melhor amigo. Na real, ele é o único que eu tenho.

— A irmã do Luke é muito gente boa. — digo — Nós temos uma noite das garotas toda semana, quando ela está na cidade.

— Isso é bom. — ela comenta — Sabe, eu sei que as pessoas dizem que é impossível ser feliz sozinho e eu realmente acredito nisso, mas mais importante ainda é que ninguém se cura sozinho.

— O Vince realmente contou tudo pra você? — pergunto receosa

— Não com todos os detalhes, mas ficou subentendido. — ela suspira

Eu também suspiro.

— Sinto saudades dele. — comento — Dele batendo na porta da minha casa com uma peça de carne e um engradado de cerveja, com a brilhante ideia de fazer um churrasco em plena terça feira. — acabo rindo com a lembrança — Ainda me lembro da cara de desespero que ele fez quando soube que a Rosa estava grávida. Ele não estava desesperado pela gestação em si, mas sim com sua capacidade para a paternidade.

— Ele era um bom pai? — ela pergunta interessada

— O melhor possível. — conto — Do tipo que levantava de noite pra trocar a fralda, que adorava tirar o menino de casa pra dar um tempo de quietude pra Rosa. E, é claro, do tipo que aceitava qualquer coisa pra poder colocar comida na mesa e mantê-lo seguro.

— Eu nunca mais tive contato com a Rosa e com o Nico.

— Eu também não. — murmuro pensativa — Mas sei que estão bem.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora