CAPÍTULO 7

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VERÔNICA WALKER

Agnes dormia profundamente no carrinho ao lado da mesa onde minha máquina de costura estava. Lina estava passando por maus bocados nos primeiros dias e as meninas do grupo fizeram um pacto para se unirem e passarem algumas horinhas do dia com a menina, enquanto Lina tinha um pouco de tempo para si. Comer sem pressa, tomar banho. dormir. Naomi, minha parceira de cela, aceitou ser minha dupla para cuidar da menina, já que eu disse que não ficaria sozinha com ela. Mas Naomi precisou ir falar com a diretora sobre como andam os preparativos para receber seu filho aqui. Será a primeira vez que ele virá vê-la. Apesar dela não querer trazê-lo, no início, sua mãe conseguiu convencê-la. A última vez que ela o viu pessoalmente, ele tinha dois anos. Ela merece um carinho dele. Quando ela voltar, ela olha a menina e eu vou pra minha consulta mensal.

— Quem foi o idiota que colocou minhas agulhas lá em cima, Agnes? — eu boto as mãos na cintura, encarando a prateleira alta, onde a caixinha azul está — Eu vou matar a Naomi.

Eu carrego minha cadeira de rodinhas até a frente da estante e suspiro, tomando coragem para subir. Primeiro, fico de joelhos no assento, mas me seguro e vou subindo devagar, colocando os pés no lugar. Estico o braço e puxo a caixa pra mim, ainda resmungando por estar tão alto. Coloco a caixinha sobre minha mesa e me seguro no encosto da cadeira, flexionando as pernas devagar, buscando descer da mesma forma que subi. Porém, eu não esperava que a rodinha da cadeira se movesse na hora e fizesse eu me desequilibrar. Em um desespero de um segundo, consegui recostar na mesa com a máquina, mas a cadeira foi ao chão, assim como eu. Mas pelo menos caí de joelhos e não de barriga.

— Você está bem?

Uma voz grave me pegou de surpresa e eu arregalei os olhos ao erguer a cabeça e ver o homem que me prendeu ali. Usando roupas civis normais, o agente especial Hobbs estava parado na porta da sala me encarando assustado. Ele correu pra perto de mim e me segurou pelos cotovelos, feito uma criança, me colocando de pé.

— Agente Hobbs? — franzo o cenho

— Droga, eu vou chamar ajuda. — ele levantou a cadeira e me fez sentar nela

— Não precisa, eu estou bem. — o olho

— Você tem certeza disso? — me olha assustado

— Tenho. — confirmo

Ele permanece me encarando e eu respiro fundo, corrigindo minha postura na cadeira, buscando por uma posição mais confortável pra barriga. Dou uma olhada em Agnes, que permanece alheia a todos os barulhos ao seu redor e dorme feito um anjo.

— Eu não esperava te ver de novo. — franzo o cenho

— É. — ele murmura observando Agnes dormir em seu carrinho — Eu estive no seu julgamento, porque fui eu que te prendi. Fiquei surpreso quando você não apareceu e nem mesmo enviou um advogado.

— Eu não tenho dinheiro pra pagar por um.

— O Estado te indica um de graça. — ele me olha — É seu direito.

— Eu sei. — confirmo — Mas eu neguei.

— Por que?

— Me declarar culpada já não é o suficiente? — o encaro — Eu fui presa em flagrante. Você me pegou com os caras da facção, quer mais o que?

— Eu achei que você fosse, ao menos, tentar. — me olha sério — Quer dizer, você está grávida.

— E isso faz de mim uma santa agora?

— Não, mas eu não acredito que não ame essa criança ao ponto de não se importar com o fato de que ela irá para um abrigo.

Eu respiro fundo e desvio o olhar, encarando Agnes dormir. Ela se mexe um pouco, graças aos reflexos do sono, e eu estico a perna, balançando seu carrinho e evitando que ela se assuste e acorde. Na real, eu só estou buscando qualquer forma de ignorar o brutamontes que está parado na minha frente.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora