CAPÍTULO 15

862 113 1
                                    

VERÔNICA WALKER

Eu franzi o cenho quando Hobbs parou o carro em frente a uma construção modesta, com algumas borboletas de plástico coladas nos arbustos da frente. Não consegui não arregalar os olhos quando a porta da frente abriu e eu reconheci Sarona, a irmã de Luke.

— Não. — nego — Não, não.

— Foi você que disse que queria me levar pra casa.

— Você quer mesmo colocar uma ex presidiária dentro de casa? — franzo o cenho

— É a casa da minha irmã.

— Ah, mas que belo irmão você é. — ergo uma sobrancelha

Ele me encara e ergue uma sobrancelha também.

— Então quando você não está afastando todo mundo, você está fazendo comentários irônicos e usando sarcasmo?

— Não dá pra viver só de lágrimas. — respiro fundo

— Com esse humor autodepreciativo, já pode investir na carreira de stand-up.

Ele tira o cinto de segurança e pula pra fora do carro, dando a volta no veículo. Ele acena para a irmã e abre a porta do carona.

— Desce.

— Não.

— Anda logo.

— Eu acabei de sair da cadeia e tomei um tiro.

— Mais um motivo pra descer e comer uma comida decente. — me encara — Vamos.

Eu respirei fundo e joguei minhas muletas pra fora, descendo do carro. Ele apóia minha mala no ombro e me ajuda a passar pelas pedras do calçamento. Sarona não parece surpresa ao me ver e até sorri pra mim, o que me dá uma sensação de ansiedade no estômago.

— Oi, Verônica. — ela sorri ao me cumprimentar

— Oi, Sarona. — sorri

— Obrigada por trazer essa muralha de volta. — ela agradece

Hobbs sobe na varandinha e abraça a irmã. Sarona suspira aliviada.

— Sem melodrama, tá legal? — ele resmunga ao beijar a bochecha dela

— A cavalaria tá lá dentro. — ela diz — Vem. — me olha

Eu respiro fundo e, com cuidado, subo os dois degraus. Sarona murmurou um "obrigada" mais uma vez, quando eu passei por ela e eu acenei, sem jeito. Quando entramos na casa, Hobbs assobia e uma risada preenche o ambiente. Pés apressados começam a correr e eu arregalo os olhos ao ver o furacão de quase oito anos passar e se jogar nos braços musculosos do pai. Samantha estava muito diferente, mais crescida, os cabelos mais longos e um sorriso muito bonito.

— Papai, você voltou! — ela diz sorrindo quando ele a enche de beijo

— Eu sempre vou voltar pra você. — ele diz a olhando nos olhos

Eu respiro fundo, sentindo uma palpitação esquisita no peito. É uma estranha sensação de alívio e é boa. Acho que é a primeira sensação boa em muito tempo. E eu me lembrei do dia em que enterrei meu filho, mas não chorei. Eu me lembrei da primeira vez que vi os olhos de Samantha e do jeito puro que ela me abraçou e me deu seu bichinho de pelúcia. Eu preciso proteger essa menina, eu jamais poderia deixá-la perder a pessoa mais importante da vida dela.

— Filha, você lembra da Verônica?

Luke e Samantha me olham e, por um momento, parece que eu estou olhando para a mesma pessoa, naqueles comerciais de antes, depois e versões femininas e masculinas. Eles têm o mesmo olhar, o mesmo sorriso e o mesmo jeito doce de sorrir com os olhos.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora