CAPÍTULO 9

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VERÔNICA WALKER

— Eu sinto muito, Verônica.

Eu franzi o cenho quando a doutora Alice se virou para mim. Eu encarei Naomi, que tinha os olhos molhados e lágrimas silenciosas rolando por seu rosto. Eu pisquei por alguns segundos, tentando assimilar a informação. O pequeno não estava chorando mais e, de repente, toda a esperança que nasceu dentro de mim quando ele começou a chorar, foi embora junto com ele. Dante fez isso comigo. Ele continua me machucando, mesmo depois de ter ido embora. Meu filho não merecia isso.

Em um ato rápido e sentindo minha barriga ainda flácida, eu joguei o lençol que me cobria de lado e fiz força para ficar de pé.

— Verônica, não! — ouço Naomi dizer

Meus pés descalços tocam o chão gelado e sinto algo dentro de mim romper e escorrer pelas minhas pernas. Eu envergo para frente, mas Luke Hobbs impede que eu caia, me segurando em seus braços. A enfermeira se abaixa entre as minhas pernas e puxa a placenta, ajudando a sair de dentro de mim.

— Eu quero vê-lo. — digo olhando nos olhos de Luke

— Verônica, você acabou de dar à luz, precisa de cuidados. — ouço a médica dizer

Eu permaneço encarando Luke nos olhos e ele parece tão emocionado quanto eu. Ele acatou meu pedido e me ajudou a ir até a mesa onde meu filho está. Foram apenas alguns minutos, mas ele já não se parece nem um pouco com o bebê saudável e gorducho que estava no meu colo. Ele tem o rosto roxo, como se tivesse sofrido por não conseguir respirar. Eu sinto meu coração apertar quando o resto da equipe médica entra na sala de parto.

— Causa da morte? — um dos médicos assistentes pergunta para Alice

— Parada cardíaca. — a ouço responder

Aquilo é como um soco no meu estômago. O coraçãozinho dele não resistiu quando precisou bater sozinho. Por minha culpa.

Eu sinto a doutora se aproximar de mim e me enrolar um roupão hospitalar, tentando me preservar. Eu dou passos hesitantes, os pés molhados de sangue. Me aproximo da mesa e me curvo sobre a mesma, as mãos tocando o pequeno. Ele estava tão quentinho quando estava nos meus braços, mas agora já estava ficando gelado. Eu sinto meus seios molhados, o leite escapando pelos meus mamilos e molhando o pano que os cobre. Com os olhos embaçados de lágrimas, eu encosto minha testa na dele e fecho os olhos.

Isso é tão injusto. Eu sei que fiz escolhas ruins, que optei pelo caminho que parecia ser mais fácil, mas pensei que já tivesse pago meus pecados nos últimos três anos nas mãos de Dante. Não achei que Deus seria cruel ao ponto de castigar meu filho pelos erros que o pai dele e eu cometemos. Quando Hobbs apareceu aqui, eu me enchi de felicidade e esperança, porque sabia que meu filho teria uma vida totalmente diferente da minha e distante de mim. Quanto mais distante de mim ele estivesse, mais distante de Dante e de todas as merdas do meu passado ele também estaria.

Eu ainda ouvia as coisas acontecendo ao meu redor. Ouvi quando um dos enfermeiros disse algo sobre papéis e preenchimento do registro do bebê. Ele disse que precisávamos preencher aquilo, para que eles pudessem preencher o atestado de óbito. Eu ignorei quando a doutora me chamou e ouvi Hobbs se pronunciar para preencher aquele papel. Era justo, já que agora o bebê era dele e não meu.

Faz diferença?

Suspirei e ergui a cabeça, observando meu filho com os olhos embaçados por todas aquelas lágrimas.

— Nós precisamos limpá-lo. — a enfermeira explica pra mim

— Eu faço. — digo baixo e todos me olham — Eu passei os últimos meses sendo preparada pra isso.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora