16 - Viver o presente

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Senti algo pressionando o meu rosto enquanto abria devagar os meus olhos e a consciência ia voltando. Minha garganta estava rasgando. Aquilo estava em baixo da minha cabeça e ao mesmo tempo que era duro, era macio. Percebi que era um braço quando vi uma mão. 

Me virei, dando de cara com Jungkook, ainda dormindo profundamente. Eu sempre gostei de como ele ficava fofo dormindo, parecia um anjo. Ele não mudou em nada. Encostei minha testa na dele, aproveitando o momento.

Quando fiquei completamente consciente, consegui identificar o que me acordou. Um celular irritante estava vibrando em algum lugar, sem parar, vibrando e vibrando. Me apoiei no cotovelo direito e olhei para o meu lado da cama, para ver se era o meu celular, mas ele nem estava ali. Olhei para o lado de Jungkook e lá estava, o celular dele com a tela acesa e escorregando pela mesinha de cabeceira de tanto que vibrava. Ele resmungou ao meu lado.

— Desliga isso... — a voz de sono dele me fez sorrir sem querer.

— Mas é o seu celular tocando. 

Jungkook abriu os olhos, se virou, pegou o aparelho e nem olhou quem era, só apertou o botão de desligar e voltou a se ajeitar no mesmo lugar, me puxando com ele.

Dois minutos depois o celular voltou a vibrar.

— Acho melhor você atender. 

Com um resmungo alto e nitidamente irritado, ele esticou o braço e apertou o botão de atender, sem ver quem era.

— Alô. 

Ri baixinho e me acomodei no abraço dele, encostando meu nariz no seu pescoço e enroscando minhas pernas nas dele. Jungkook me apertou mais e apoiou o queixo no topo da minha cabeça, fazendo um carinho no meu braço. 

— Quem? — olhei para cima, com a testa franzindo, e ele balançou a cabeça em negação.

Fiquei prestando atenção na conversa. Eu não ouvia o que a pessoa dizia, e sei que nem ele estava ouvindo, só pelo jeito que concordava sem dizer uma palavra. 

— Ah. Oi Lee Yu Bi.

Senti meu corpo gelar e tremi. Jungkook percebeu, tanto que olhou para mim, checando o que havia de errado.

Tentei parecer genuína quando sorri, sentindo algo amargo subir até a minha boca. Havia uma possibilidade pequena de não ser a mesma pessoa, eu tentei me iludir com essa possibilidade, sabendo que estava errada.

— Talvez. — Jungkook responde, agora completamente acordado e levemente irritado. — É, talvez. 

A garota que a mãe dele estava empurrando para ele era Lee Yu Bi, fazia todo sentido.

— É, eu ligo. Bom dia. — ele respondeu rápido. — Não tem problema. Adeus.

Ele foi o primeiro a desligar. Por alguns instantes, tudo parecia como antes, e eu me deixei pensar que as coisas poderiam dar certo. 

Eu me deixei imaginar um mundo onde a gente voltava a ficar juntos. Um mundo onde eu podia ama-lo, sem restrições, sem nada contra, onde viveríamos só eu e ele. Eu me joguei no sonho, até a realidade me acordar de uma forma dura.

Senti meu corpo doer, eu quis chorar, mas não podia, não ali, não com ele tão perto. Era esmagador, como havia sido antes. Apertei meu corpo contra o de Jungkook mais um pouco, torcendo para que eu me fundisse a ele, assim eu não precisaria fazer de novo, porque eu não iria aguentar mais uma vez.

A sensação era a mesma. A mesma maldita sensação de tê-lo escorrendo pelos meus dedos sem que eu pudesse fazer nada para impedir. Senti que o pouco que eu havia conseguido curar estava machucando de novo. Aquilo estava me matando.

Procura-se uma acompanhante para Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora