✂ Oito ✂

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Ísis

— O que foi que você disse, Gael? — Maria Helena falou isso por entre os dentes, parecia que mastigava as palavras e que elas tinham um gosto horroroso.

— Falei exatamente o que você ouviu. Ou seja, estou prestes a me casar. — Ele me apertou contra si. — Com a Ísis.

Fiz a minha maior cara de desdém e esperei até que ambas me olhassem. E quando finalmente me encararam, só Deus é testemunha do quanto eu me segurei para não dar uma sonora gargalhada.

E não era que eu tivesse perdoado o Gael, mas sejamos sinceros, elas de fato eram duas megeras. Tanto Maria Helena quanto a Barbie Tóxica esbanjavam soberba. Tinham falado comigo como se eu fosse lixo, simplesmente por que deduziram que eu era uma empregada.

E daí se eu fosse? Iam me pisar feito uma barata de esgoto?

Que idiotas!

— Casar?! — Camila parecia em pleno torpor. Sua boca articulava algo, mas a voz não saía.

— Sim, Camila. Irei me casar. Mas... vem cá, vocês estão com problema de audição? Quantas vezes vou ter que repetir a mesma coisa?

— Acho que elas não conseguem aceitar, Gael. — Falei, dando uma cutucada de leve na costela dele.

— Bom, quem tem que aceitar já aceitou, ou seja, você. De resto.... bom, já está dito, resto é resto. Não me importa.

— Isso é algum tipo de brincadeira?! — Maria Helena parecia uma panela de pressão prestes a explodir. — Gael, ela é uma....

— Pensa bem no que você vai dizer sobre mim, madame. Pensa bem.

— Olhe só para isto, olhe! — Ela apontava enfaticamente pra mim. — Essa menina não tem a menor classe! Além do mais, desde quando você conhece esse tipo de gente? Nunca soubemos de namorada nenhuma e, de repente, você vai se casar?! Isso é incompreensível!

Nisso eu não podia discordar. Digo, ela foi sim uma vaca ofensiva comigo, mas ainda assim, era uma situação bem bizarra.

— Maria Helena, você foi esposa do meu pai, e eu acho que sempre te respeitei o suficiente para que tivéssemos uma vida minimamente harmoniosa...

— Sim, justamen....

— E eu jamais me meti em suas escolhas e na sua vida. Certo?

— Mas, Gael....

— Portanto — Ele ergueu a voz, fazendo ela se calar. —, eu exijo não só reciprocidade em questão ao respeito, mas também que a partir de hoje comece a entender que as coisas irão mudar. Ficou claro?

O queixo dela tremia como se fosse chorar ou simplesmente começar a gritar. Mas ao invés de um surto, a mulher se recolheu em sua raiva e aprumou a postura, assentindo em seguida.

Camila parecia chocada com a atitude da mãe.

— A senhora vai concordar, mãe? O Gael enlouqueceu! — Ela agora olhava pra nós dois como se fôssemos ETs. — Não é possível que isso seja sério, né? Olhe pra ela. Ela é só uma....

— Uma o quê? Vai, desembucha. Fala o que pensa de mim, porque aí eu já falo o que penso de você também, daí ficamos quites.

— Já chega! — Maria Helena ralhou por entre os dentes. — Vamos subir, Camila. Ande, me ajude com essas sacolas.

— Mas, mamãe!

— Camila!

Encarei descaradamente as duas enquanto marchavam de má vontade até as escadas, passando por nós o mais distante possível, parecia até que tínhamos uma doença contagiosa.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora