✂ Sete ✂

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Ísis

Eu deveria ter suspeitado do naipe do lugar onde eu estava me metendo quando vi a frente do prédio. Tipo, ali, bem ali, já estava na cara que o Gael vivia em outro mundo. Um mundo onde eu nunca pus os pés antes e que me dava dor de estômago só de imaginar pisar lá.

Ele me lançou um olhar curioso quando passamos pela recepção. Eu tinha tentando cumprimentar o porteiro, mas o cara nem reagiu, parecia tão abobalhado quanto eu. Talvez, só talvez, o homem não estivesse acostumado a ver uma pobre entrando no elevador social. Ou melhor, acho que ele nunca viu uma pobre entrar no prédio em si.

— Parece que eu entrei em um mundo paralelo. — Resmunguei, olhando abismada para a elegância do elevador. Na verdade, era um espaço muito chique. Chique e cheiroso. — Parece ouro... — Corri os dedos pela moldura do espelho, percebendo que meu reflexo parecia realmente um trapo diante de tudo aquilo.

É ouro.

— Sério? Aqui? Nisso? Qual é, rico não tem onde gastar o dinheiro e resolve colocar ouro até na moldura de um espelho aleatório?!

Gael apenas deu de ombros.

As portas não fizeram barulho algum quando se abriram, por isso levei um baita susto quando dei de cara com uma sala gigante. Digo, não era um corredor e tal, era uma sala, sala mesmo.

— Esse elevador é particular. — Gael explicou, como se lesse a minha mente. — Só o pessoal da casa tem a senha e pôde usá-lo. Depois eu anoto pra você.

De fato eu o tinha visto digitar algo em um painel ao lado dos botões antes de entrarmos naquela caixa de ouro.

— Elevador particular, é? Como eu não imaginei... — Sibilei meio atônita, tropeçando nos meus próprios pés.

Na verdade, era impossível passar ilesa diante daquele lugar.

Meu Deus, como pode existir algo assim?!

O elevador pelo qual saímos ficava ao lado de outra porta, deduzi que fosse a porta pela qual o pessoal que não era de casa entrava. E sendo assim, daquele ponto dava para ver bem toooooodo o cômodo.

— O que achou da sua nova casa? — Gael sussurrou, parando ao meu lado.

Eu teria respondido algo de um jeito bem raivoso, mas estava presa aos detalhes. Era tudo tão... rico!
As paredes gritavam riqueza, os sofás brancos, a mesa de centro envidraçada, os arranjos de flores e a ENORME escada em caracol... tudo, tudo mesmo, gritava o quão rico e milionário e bilionário ele era.

Não, não é exagero. Não é mesmo.

Acho que perdi até o rumo enquanto engolia com os olhos aquele lugar. Tentando captar os mínimos detalhes. Tipo, tinha umas poltronas super lindas e acinzentadas, além dos sofás, e até duas mesinhas com abajures.

Só que talvez, só talvez, o que tenha me feito perder o ar foi justamente a parede toda transparente que tinha uma vista perfeita do terraço. Um terraço com piscina, espreguiçadeiras e várias flores...

Cambaleei um pouco, temendo ter perdido o dom de andar.

— Bem modesto, graças a Deus. — Caramba! Uau!

E eu que me espantei com o ateliê! Mas vendo esse apartamento, percebo que há um abismo de luxo entre os dois, apesar de que sim, sim o ateliê ainda é lindíssimo. E, sendo sincera, eu preferia aquele lugar, mesmo com aquele anjo nu.

Contuuuuudo, também não sou boba de não gostar daqui.

— Ali, como pode ver, é o terraço. — Ele apontou, mesmo que já fosse óbvio. — Pode usar a piscina sempre que quiser. Apenas... use roupas adequadas dessa vez.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora