✂ Dezoito ✂

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Ísis

Acordei no dia seguinte com a Benê me sacudindo. Ela riu quando eu virei pro lado tão rápido que quase caí da cama. Depois ela me explicou que tinha alguém no telefone querendo falar comigo.

Eu peguei o fone meio desajeitada e me sentei enquanto empurrava os cabelos pra trás com a outra mão.

— Vou pegar o seu café da manhã. — Benê sussurrou, saindo do quarto de fininho.

Bocejei alto e me encolhi um pouco.

— Alô? — Falei, a voz arrastada.

— Ísis, bom dia! Desculpa te ligar tão cedo.

Pisquei os olhos algumas vezes e aos poucos fui identificando a voz.

Girei um pouco o pescoço e vi no relógio em cima da mesinha de cabeceira que ainda ia dar seis horas.

Nossa!

— Porque está me ligando a essa hora, Guto? Aconteceu algo?

Na verdade, sim. Eu estou no aeroporto.

— Aeroporto?

— Sim. Você não vai acreditar, mas o meu pai conseguiu uma entrevista pra mim com o dono de uma marca de jóias muito renomada na Itália. O cara é simplesmente a minha maior referência nesse ramo. E se tudo der certo, eu vou poder trabalhar diretamente com ele. Vou ganhar aquele destaque que eu tanto queria, sabe? É um verdadeiro sonho!

— Caramba! Poxa, isso é muito, muito, muito bom! Eu estou feliz de verdade por você! E como foi isso? Ontem a gente estava chorando as pitangas por causa do egoísmo do seu pai.

— Pois é. Mas eu nem sabia que ele estava em contato com esse cara. No fundo, o meu pai realmente acreditava no meu talento. Eu fiquei tão feliz e orgulhoso de mim mesmo. É um passo e tanto. Mas eu estou pronto, juro que estou, Ísis.

— Eu acredito, Guto. Acredito mesmo.

— Enfim, eu só.... eu queria te agradecer pelo apoio ontem. Eu precisava tanto desabafar e você me ouviu.

— Relaxa.

— É sério. Você é uma garota muito especial. Só é uma pena que eu... bom, que eu precisarei me afastar de você. Sinto muito.

De repente eu entendi. Foi como um choque. O Guto estava indo embora. E não apenas embora do estado ou da cidade. Ele estava saindo do país. Estava indo para muito, muito longe de mim.

Não pude negar que senti um baque no coração.

Eu estava mesmo pensando que tinha feito um amigo.

— Acho que.... que eu deveria ter te dado um abraço mais apertado ontem.

Pude ouvi-lo sorrir do outro lado da linha.

Eu prometo que assim que puder, eu volto. Só será uma pena não poder estar no seu noivado e casamento. Mas... quero que seja feliz, Ísis. Depois de ontem eu percebi o quanto o senhor Matarazzo gosta de você. Acho que... vocês vão ter uma relação e tanto.

Ah se ele soubesse...

— É, ele gosta.

— Que bom. Porque você merece um cara que te ame. E sei que tivemos pouco tempo juntos, mas foi um tempo muito legal. Você me fez sorrir de um jeito que eu não sorria há muito tempo. Portanto, obrigado de novo.

— Awwn... Obrigada você por ter sido tão fofo comigo. Eu nunca pensei que existia gente tão de boa assim nesse meio tão nojento em que o Gael vive.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora