✂ Vinte e Seis ✂

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Ísis

Da primeira vez em que dormi com o Gael — uma noite atrás para ser exata — eu ainda não fazia ideia dos sentimentos dele, tampouco que eram igualzinhos aos meus.

Por isso assim que abri os olhos naquele dia, fiz de tudo para me desvencilhar e fugir.

Eu não queria ficar igual a uma idiota amando um homem que não me amava.

Mas agora...

Agora eu desperto com o calor do corpo dele, com seus braços em volta de mim e seus olhos me fitando.
Gael até sorrir ao reparar que acordei.

Ele parece um sonho.

Meu noivo — que delícia dizer isso — está com uma camisa social preta toda aberta e com a mesma calça da noite anterior. Nós meio que acabamos pegando no sono no sofá mesmo, abraçadinhos, ouvindo as vozes que cantavam algumas canções natalinas lá na praia.

Foi o melhor natal de toda a minha vida.

— Bom dia, tesouro meu.

— Bom dia, meu noivo.

Fui arrebatada por sua boca que me reivindicou um beijo. Um só não, mas sim vários.

— Meu Deus, porque eu demorei tanto para dizer que te amava? Como eu aguentei segurar por tantos dias esse sentimento?

Seu dedo contornou meu rosto inteiro.

Fechei os olhos, absorvendo aquele carinho.

— Talvez você não aceitasse.

— Amor...

— Não, é sério. — Segurei a mão dele e a beijei, depois sorri. — Eu ouvi a sua conversa com o Heitor no dia do desfile.

Gael ficou estático, encarando-me.

— Por isso que você foi embora...

— Unrrum. Aquilo me magoou tanto. Juro. Parecia que eu não era nada, que o fato de não sermos da mesma classe social me fazia ser um lixo e que eu só estava na sua vida como um brinquedo. Uma mera vingança, sabe? Doeu muito.

Ele abaixou a cabeça, olhando para nossas mãos entrelaçadas.

Alguns segundos se passaram até que Gael me puxou para cima de seu colo, encaixando uma perna minha de cada lado de seu corpo.

E quando finalmente me olhou nos olhos, senti seu arrependimento.

— Não vou me justificar porque seria inútil. Eu errei, Ísis. Fui um estúpido, egoísta e medroso. Fiquei lutando contra um amor que já era fato. Você entende? Era como nadar contra a maré.

— Já passou...

— Não, não passou. — Gael pegou a minha mão e tocou no meu anel de noivado. — Sabe quando eu comprei isso? Foi quando eu percebi que estava apaixonado. Foi quando eu percebi que não importava que eu fosse morrer, porque eu tinha te conhecido. E na mesma hora que me dei conta disso, fui tomado pelo pavor de te perder. Então fiz o que pude para esconder...

— E quando foi? Em que dia exatamente?

Ele sorriu, beijou meus lábios e se afastou.

— Eu me apaixonei por você quando entrei naquele ateliê e te vi rodopiando pelo quarto vestida naquele vestido de noiva. — Riu de novo e sacudiu a cabeça. — Você parecia a pessoa mais frágil e bonita que eu já tinha visto e antes de eu entrar no quarto, fiquei alguns segundos parado ali te olhando... Eu simplesmente achei que era um anjo.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora