✂ Trinta e Três ✂

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Ísis

Estava uma noite linda com o céu todo estrelado então resolvemos colocar uma mesa grande no jardim atrás de casa, bem perto da piscina.

Tanto Edu quanto Gael passaram a tarde inteira pondo as luzinhas de um canto a outro. E quando os dois acabaram, parecia mesmo que estávamos em uma daquelas cenas de filme estrangeiro.

Sem contar que a ceia que a Benê e a Martinha prepararam estava ó, de lamber os dedos!

— Já é quase meia-noite e eu gostaria de fazer um brinde. — Heitor se levantou e ergueu sua taça. — Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, ao universo ou qualquer outra divindade que nos permitiu estar aqui agora. Sei que os últimos tempos não foram fáceis para ninguém, mas estamos aqui juntos e não há nada que eu mudaria. — Sorrindo, continuou: — E para finalizar desejo que tudo de melhor aconteça em nossas vidas, que o próximo ano nos traga alegria, paciência, resignação e, acima de tudo, mais capacidade ainda de entender o próximo e manter o coração aberto. Que sejamos leais aos nossos sentimentos e sigamos com a certeza de que sempre haverá um novo dia e novas oportunidades.

Todos nós erguemos nossas taças e brindamos no centro da mesa.

Troquei um sorriso com cada um deles e me senti verdadeiramente em família.

Benê e Marta eram como minha mãe e avó, já Heitor ocupava aquele lugar paterno que sempre ansiei por ter; e o Edu eu poderia encaixar numa categoria de irmão meio aloprado que me faz rir e consegue devolver minhas implicâncias na mesma moeda.

E quanto ao Gael... ah, esse sempre será o amor da minha vida.

— Se me permitem... — Martinha pigarreou, ficando de pé. — Eu os conheço há muito pouco tempo, mas quando olho para a minha menina e a vejo tão feliz não posso deixar de agradecer tudo o que fizeram por ela, e também pelo modo como me acolheram. De verdade, eu sou imensamente grata.

— A senhora ajudou e protegeu como pôde a Ísis e isso pra mim nunca terá preço. Portanto, desde já, saiba que eu a considero parte da minha família. — Gael disse, sorrindo pra ela. — Muito obrigado por ter ajudado a minha mulher chegar até mim.

— É isso mesmo, Martinha. Você foi o meu anjo da guarda no momento mais difícil e doloroso da minha vida, por isso digo e repito, eu te amo. E pra mim você sempre será a mãe que Deus me deu. Muito obrigada por existir. Obrigada mesmo.

A essa altura não apenas ela chorava, mas eu, a Benê e até o Edu também.

Pelo jeito não era apenas eu que estava com os hormônios à flor da pele!

— Bom, se é pra falar, eu também quero dizer algo. — Benê fungou e respirou fundo, então prosseguiu: — Quero que saibam que internamente sempre sonhei em ver a mesa cheia assim. E digo cheia de amor, de companheirismo, de boas pessoas. Lembro que era exatamente assim na época da dona Vitória e do senhor Gabriel. E tenho certeza de que eles estão muito felizes porque conseguimos alcançar a alegria apesar de tudo. Então... que Deus nos abençoe e que esse amor que nos uniu nunca se acabe!

— Amém! — Dissemos todos, erguendo nossas taças novamente.

— Acho que é a primeira vez em muito tempo que me sinto em casa. — Edu falou, olhando para cada um de nós. — Desde que perdi os meus pais... enfim, eu comecei a viver tudo o que podia, vivia por aí de canto em canto. E sim, eu amo essa vida, mas estou percebendo que gosto muito disso aqui também. E de verdade agradeço a todos por terem me aceitado aqui apesar do sangue que carrego.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora