✂ Dezenove ✂

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Ísis

Os dias se passaram sem muitas emoções. Eu fiquei a maior parte do tempo estudando, pois além das aulas de idiomas, o Gael também contratou um professor pra me ensinar sobre administração e finanças.

Ele tinha me dito que eu precisava absorver o máximo que pudesse, justamente por que.... bom, ele ia morrer, . Não tinha muito que fazer.

E eu precisaria decidir muitas coisas depois de sua morte.

O Gael também falou que o Heitor me ajudaria na maioria das coisas, porém, ainda assim, eu necessitava entender o básico pelo menos.

E como eu não tinha muita escolha, simplesmente aceitei. De toda forma, pelo menos estudando eu não pensava em besteira. E para ser sincera, eu até estava gostando. E gostei mais ainda porque dessa forma evitei ficar perambulando e encontrar as megeras.

Além do mais, não pensei no Guto. Quer dizer, só algumas vezes e só um pouquinho.

O Gael agiu muito errado, mas pelo menos o Gustavo ia realizar um sonho.

De todo modo, cá estou eu.... um dia antes da festa de noivado.

Suspirei, me sentando ao lado do Van Gogh no chão perto da piscina.

Já era fim de tarde então não fazia calor, muito pelo contrário. Um vento fresquinho açoitava os meus cabelos e trazia até mim o cheiro do mar. Fiquei com um pouquinho de vontade de ir até a praia, mas desisti.

Eu estava era nervosa. Bastante nervosa.

Porque pensando bem, estava tudo errado. E isso ia além desse plano maluco do Gael. No fim das contas, se ele soubesse tudo sobre mim, tudinho mesmo, será que ainda sim iria querer se casar comigo mesmo que seja de mentira? Eu duvido.

O Gael não faz idéia da mulher com quem vai casar e para quem vai deixar toda sua herança.

Acho que nem eu mesma me conheço bem o suficiente. Não depois de tudo o que passei. E por isso o meu nervoso duplica. Afinal, não estou só vivendo uma tremenda loucura, mas também estou mentindo igual uma condenada.

Talvez a cadeia fosse mesmo o meu lugar.

— O que você acha hein, Van? — Estico a mão e passo a palma pela barriga peluda do gatinho mais fofo do mundo. — Será que eu conto tudo ou eu fujo? E se eu fugir, como vou me virar daqui pra frente? Mas.... e se eu ficar e as coisas chegarem a um nível que não dê mais para remediar? — Jogo a cabeça pra trás, grunhindo de desespero. — Que saco! Porque o Gael tinha que aparecer na minha vida? Por quê?! Eu ia dar um jeito... eu ia...

— Falando sozinha, mendiga?

Grrrrr!

— O que é que você quer? Olha só, não vem me azucrinar o juízo não, porque hoje eu não boa.

Rindo — provavelmente da minha cara —, Camila se aproximou. Ela usava um biquíni azul tão, tão, tão cavado que só Deus sabe como aquilo ia sair dali.

De todo modo, serei sincera, ela era bonita. E a beleza dela começou a chegar muito perto de mim, então me levantei e a deixei ficar com todas as espreguiçadeiras. A última coisa que eu queria era mais confusão.

— Vai pra onde? Ficou com medo de mim ou inveja?

Sorri com os lábios selados e girei nos calcanhares.

Ela estava com o pé apoiado em uma espreguiçadeira e esfregava bronzeador nas canelas pálidas.

Sinceramente!

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora