✂ Vinte e Nove ✂

95 18 269
                                    

Heitor

Antes de o Gabriel morrer ele me pediu duas coisas; meu amigo queria que eu cuidasse de seu filho e que o ajudasse a encontrar um amor tão bonito quanto o dele e o da Vitória. Só isso. E eu aparentemente falhei nas duas coisas.

Tanto meu querido garoto quanto o amor de sua vida estão em camas hospitalares lutando para sobreviver.

E eu não pude fazer nada para evitar.

— Se estiver se culpando, eu vou bater em você.

Giro sob os calcanhares feliz em ver e ouvir a minha Benedita.

Abraço-a com força.

— Cheguei tarde demais.

— Não. Você chegou quando precisava chegar.

Assinto e vou me afastando.

Logo atrás estão Eduardo e Camila. Nem posso dizer o quão surpreso estou.

— Como eles estão?

— Eu não sei, Eduardo. Os dois estão lá pra dentro. A última notícia que eu tive é de que a Ísis vai precisar passar por uma cirurgia.

— E o Gá, Heitor?

Sacudo a cabeça e me sento, segurando com força uma sacolinha onde colocaram o anel e a pulseira que estavam com a Ísis.

— Meu menino vai ficar bem. — Benedita diz com uma firmeza que invejo. — Ele é forte. E assim que eu o vir, irei arrancar a orelha dele por ter escondido tudo isso dessa doença. Ah se vou!

— Então é sério mesmo? — Eduardo indaga, ficando de cócoras na minha frente. — O Gael está mesmo com algo terminal?

Assinto devagar.

— Que merda!

— Isso não é justo. — Camila balbucia, andando até perto da outra parede. — E nós... a mamãe e eu... a gente piorou tudo. Meu Deus, como eu sou ruim. Que bosta de pessoa que eu sou? O que eu fiz? O que eu fiz, meu Pai do céu...

— Não adianta lamentar agora. — Eduardo retruca, indo até ela e estendendo a mão. — Fica de pé, limpa essa cara e sustenta os seus erros, Camila. Agora não é seu momento. Apenas... deixa rolar e depois acerta as contas.

Eu a vi balançar a cabeça concordando enquanto secava as lágrimas.

Benedita se sentou ao meu lado e segurou a minha mão com força.

— Vai dar tudo certo para os dois, você vai ver.

Concordei com um maneio rápido de cabeça.

Eu confiava, mas, ainda assim, o medo é persistente.

— O que aconteceu com o tal marido e a mãe da Ísis? — Camila me pergunta após alguns minutos de puro silêncio.

— Ele tentou fugir, mas a polícia conseguiu impedi-lo. O condomínio é cheio de câmeras e na casa também têm várias. — Explico, me endireitando na cadeira. — Não importa o que ele diga ou o quanto minta, as imagens mostram que ele é o culpado.

— E a mãe? — Benê quer saber.

Olho para o final do corredor e aponto com o queixo para a mulher sentada sozinha em um canto.

— É aquela ali. E pelo o que as imagens mostraram, ela estava ajudando o tal Sérgio. No fundo, são duas pessoas horrorosas.

— Então ela deveria estar na cadeia também! — Eduardo guincha, revoltado.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora