✂ Doze ✂

138 20 216
                                    

Ísis

Eu estava deitada na minha cama encarando o teto enquanto tentava digerir os acontecimentos daquele dia tão maluco.

Primeiramente fomos comprar o anel de noivado e, lógico, nos deparamos com aquele tal de Gutiérrez sardento e chato...... porém, em total contrapartida tinha o filho dele.
Gustavo era lindo e fofo. E talentoso, claro.

Mas aí foi só sair da loja que tudo destrambelhou.

Tirando a parte dos all star, . Talvez os sapatos tenham sido a coisa mais legal nisso tudo, porque depois eu falei besteira, o Gael falou besteira, daí ele passou mal, eu quase surtei, o pobre do Heitor ficou em pânico...

Caos, caos e caos.

Quem disse que vida de rico é monótona estava louco! Esse povo vive numa panela de pressão a ponto de explodir.

E acho que explodiu. Na minha cabeça.

Quer dizer, fala sério, do nada tudo mudou. E para ser sincera eu nem tinha digerido aquela fala do Gael sobre me fazer feliz. Desde quando ele se importava com o meu bem estar? E porque ele ligaria para o fato de eu encontrar ou não um homem bom após a sua morte?

Tipo assim, ele me odiava!

Eu acho.

— Será que a doença está deixando você doido? — Indaguei para a foto do Gael. Eu a tinha retirado da gaveta e agora estava sobre a minha mesinha de cabeceira. — Eu juro que não te entendo. Porque quer ser bonzinho comigo? Porque se daria a esse trabalho? E que jeito foi aquele que você me olhou lá no quarto do Heitor? Era pena, tristeza ou.... sei lá, carinho? Digo, você sabe o que é carinho, ? Porque do jeito que você menospreza os sentimentos...

Voltei a encarar o teto.

É lógico que o Gael sabe o que é carinho. Ele provavelmente amou a tal Carla.

Mas o que será que ela fez pra torná-lo esse príncipe de gelo? O cara tinha um iceberg no lugar do coração.

Espera.... eu chamei aquela besta suprema de príncipe? Será que EU fui que fiquei maluca? Que inferno!

Eu tenho é que dormir. Meus neurônios estão dando curto-circuito de tanto pensar. E daqui a pouco eu vou ficar doida das idéias.
Sem dúvida isso é fruto daquela culpa que senti por abordar a história da tal Carla.

Mas já passou. Acho que o Gael não me culpa por seu mal-estar.

— Ísis?

Sentei tão rápido que fiquei meio zonza.

Assoprei os cabelos pra trás e estreitei os olhos pra ouvir melhor.

Quer dizer... ahhhh deu pra entender!

— Gael? — Murmurei pra mim mesma. — Será?

— Ísis? Eu sei que você não dormiu ainda, será que pode abrir a porta? Quero falar com você.

Uô! É ele mesmo.

Não achei que ele sairia do quarto até o dia seguinte. Ele sequer foi jantar comigo e a Benê no terraço. Ao invés disso, ele comeu sozinho em seu ateliê, claramente ignorando todos nós.

Quando passei pela porta do seu lugar sagrado ouvi o barulho da máquina de costura, então resolvi nem chamá-lo, mesmo que estivesse curiosa pra saber se ele estava bem mesmo.

— Ísis? — Uma batida forte.

Eu me sobressaltei.

Pulei da cama e corri descalça até a porta. Agarrei a maçaneta e a girei devagar.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora