✂ Quatorze ✂

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Ísis

Na porta do prédio havia uma limusine branca nos esperando.

Uma LI-MU-SI-NE. Assim mesmo, com todas as letras e com uma calda enorme que fazia o carro parecer simplesmente infinito. Tão chique e brilhante que precisei respirar bem fundo para ter certeza de que era real. Eu até dei um beliscão no meu braço, só pra tirar a dúvida.

O Gael continuava sério e meio calado, mas não deixou de me apresentar o motorista que estaria conosco aquela noite. Ou melhor, o cara era motorista pessoal dele, só que ficava a maior parte do tempo a serviço da megera-mãe e da megera-filha, por isso eu ainda não o tinha visto.

Ele se chamava Roberto e tinha uma cabeça completamente careca. Era bem baixinho e barrigudo, mas tinha um sorriso todo sincero nos lábios. E, claro, estava super elegante numa roupa toda formal — usava até um chapéu.

— Boa noite, senhorita. — Falou, assentindo. — Boa noite, senhor.

— Olá, Roberto! — Eu não conseguia parar de sorrir. — Valeu, hein. Você é gente boa! — Guinchei e dei uma tapinha em seu braço quando ele abriu a porta pra mim.

Gael disse alguma coisa pra ele, mas eu estava em completo choque para conseguir ouvir o que quer que fosse.

Porque, tipo assim, UAU! U-AU!

Assim que me acomodei no banco espaçoso percebi que havia outros bancos, eles ficavam nas laterais do carro; e no meio tinha uma mesinha de vidro com uma bandeja linda que sustentava uma garrafa de vinho e duas taças.

Meu queixo caiu total!

Alisei o banco em volta de mim. Era tão macio e estava tudo cheirando a coisa nova. Sei lá, parecia que era a primeira vez que aquela limusine era usada.

Fiquei tão abobalhada que nem percebi quando o Gael se sentou ao meu lado e a porta foi fechada.
Na verdade, só me dei conta quando o carro começou a andar.

Andar não, flutuar.

A gente parecia estar simplesmente deslizando suavemente pela pista.

Eu queria parabenizar o Roberto por dirigir tão bem, mas não dava para vê-lo. Tinha uma espécie de proteção que dividia os passageiros do motorista. E naquele momento a janelinha estava fechada.

— O que achou? Nada mal, não é? — Gael falou.

Acho que meus olhos estatelados e minha boca entreaberta responderam.

Porém, ainda assim, eu tinha que falar!

— Nada mal?! Você olhou em volta? ISSO DAQUI É PERFEITO! — Me abanei, sorrindo de nervoso. — Eu não consigo nem acreditar que estou mesmo vivendo algo assim. Logo eu!

— E porque logo você não viveria algo assim?

— Ah, sabe como é, até outro dia eu estava praticamente morando na rua.

Ele não parecia querer rir, mas um sorrisinho pulou de seus lábios. Eu ri também. Era trágico, mas era cômico.

— Bom, então fico feliz em poder lhe proporcionar isso.

— Obrigada. — Sacudi a cabeça, alisando o banco de novo. — É tudo tão chique. Tenho até medo de fazer alguma besteira e ter que vender a minha alma pra pagar. Eu sinceramente não consigo pensar numa entidade que negociaria tanta grana pela minha simples alma de pé-rapada.

Outra vez Gael riu. Aparentemente sua cara fechada ficou pra trás.

— Eu garanto que você não tem uma simples alma. Além do mais, você não precisaria pagar por algo que é seu.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora