✂ Trinta e Dois ✂

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Ísis

— Meu tesouro...

Resmungo e me viro para o outro lado — o que acaba sendo uma péssima ideia, porque tem um curativo enorme na lateral da minha barriga. Então, a contragosto abro os olhos e me endireito.

Gael está sentado no meio da cama e me olha com preocupação.

— O que foi?

— Está tudo bem?

— Sim. Eu só me esqueci dos pontos. Mas acho que não machucou, não. — Puxo o travesseiro para apoiar melhor as costas. — Que cara é essa? Você está me olhando de um jeito estranho.

Ele sorri, chegando mais perto.

— Bom dia primeiramente.

— Amo esse bom dia, sabia? — Respondo, aceitando o beijinho que ele deposita na minha boca. — Dormiu bem?

— Unrrum. E você?

— Pra caramba! Acordei até com fome.

— Pra variar, não é? — Graceja.

— Engraçadinho! Mas me diz, vai, o que houve?

— Tenho uma proposta...

— Hum...

— Você sabe que hoje é véspera de ano-novo e que a Benê, o Heitor, o Eduardo e a Marta virão para passar conosco a virada.

— Sim. A Benê disse que vai fazer aquele bolo de cenoura que eu amo! E a Martinha vai fazer a lasanha... — Minha boca fica cheia d'água só de imaginar.

— Isso... — Ele pega minha mão e toca no meu anel de noivado. — O que acha de aproveitar agora para... nos casar?

— Hoje?

— Agora. Neste momento. Lá na praia. Você sabe, aqui perto tem aquela praia que é pouco movimentada, mas é bem bonita... Eu acho que seria legal.

Esfrego os olhos e pondero um pouco. Por um momento eu penso se estou doida, mas não. Gael está falando bem sério mesmo.

— Mas como seria isso? A gente nem marcou nada. E você sabe que eu ainda estou com os... bom, com os documentos falsos. Eu não posso me casar como Ísis. E os documentos da Eliza ficaram no interior, além do mais, pela lei, sou casada com o Sérgio ainda.

E parando pra pensar agora, como eu ia levar essa história de casamento adiante? Se eu tivesse me casado com o Gael antes, iam me descobrir.

No fim das contas, eu iria me ferrar de todo jeito.

— Não precisamos de nada disso. Nem de um celebrante, nem de documentos, papéis e nem nada. Só de nós dois. Eu e você.

— Como é?

— Ísis, eu estou com as nossas alianças e, sinceramente, a parte burocrática podemos resolver depois. Tudo que é meu será seu, você sendo a Ísis ou a Eliza. Não me importa. Você e o nosso filho serão meus herdeiros. Mas, de um modo geral, casamento pra mim é aquilo o que os meus pais tinham no dia a dia, a parceria, o amor... E eu quero que tenhamos isso também.

Sorri, totalmente derretida.

— Então vamos. Vamos agora!

— Topa mesmo?

— Eu faria qualquer coisa com você, Gael, entenda isso!

Um sorrisinho todo lindo surgiu no rosto dele.

Meu noivo se curvou e me beijou, e quando se afastou ainda sorria.

— Tenho uma notícia. Ou melhor, duas. Uma boa e outra ruim.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora