✂ Dezesseis ✂

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Gael

Fiquei encarado as escadas esperando que a Ísis voltasse e me explicasse o que aconteceu, mas ao invés disso eu ouvi sua porta bater com toda a força. Logo entendi que ela estava me querendo longe.

Eu só não sabia o motivo daquilo.

Não faz sentido...

Nós estávamos bem, até dançamos. Ela parecia feliz. Até achei que estava me odiando menos. Então... o que pode ter sido? O quê?!

Sento na beirada do sofá e encaro a árvore de natal.

O que aconteceu?

— Gael? Eu ouvi gritos. O que houve? — Benê vinha entrando na sala, parecia confusa enquanto amarrava seu robe cor-de-rosa.

— Eu não sei. — Coço a sobrancelha e sacudo a cabeça pra lá e pra cá. — A Ísis me deixou sozinho no evento e veio embora. E agora está me tratando às patadas, gritando comigo. Eu sinceramente não entendi.

— Pensei que vocês estavam bem. — Ela se sentou no outro sofá de frente pra mim. — Vi vocês almoçando mais cedo e achei tão bonito o jeito que riam e conversavam. Você parecia feliz de verdade.

Levo meus olhos até a decoração de natal. Tudo parece pulsar no mesmo ritmo do meu coração. É lento e constante.

— É complicado.

— O que é complicado, Gael? Porque não me conta o que está pensando?

Eu olho para a mulher que tem sido como a minha mãe e fico a ponto de simplesmente falar tudo, mas reconsidero. Ainda não é o momento. Não posso dar uma notícia dessas assim.

— Só estou pensando em como a Ísis é maluca.

Benê ri.

— Mas você a ama.

— É, unrrum.

— Gael...

— Eu já disse que amo. — Levanto e retiro o terno. Estou sufocando. — Se eu vou me casar com ela, é porque a amo.

— Não sei... digo, eu não duvido, mas foi tão de repente. Você nunca nem me falou nada sobre ela.

— Ah. Que besteira. — Tento sorrir, mas não sei se funciona. — Você sabe que não sou chegado a romantismo barato. Eu gostei dela, ela gostou de mim. Pronto. Parece certo. E, bom, o importante é que vamos nos casar.

Noto que Benedita me encara de baixo pra cima, depois olha bem no meu rosto. Eu odeio quando ela faz isso, mas não digo nada. Se eu começar a falar demais, ela vai arrancar a verdade de mim.

E a Benê nunca concordaria com essa farsa toda.

Já foi quase impossível convencer o Heitor, quem dirá ela.

— Se você diz.

— É, é exatamente o que eu digo. — Pigarreio, dou uma última olhada em volta e aponto para as escadas. — Vou descansar. Boa noite.

— Boa noite, querido.

Já estou no primeiro degrau quando ela me chama.

Eu me viro.

— O que foi, Benê?

— Eu só ia dizer que se você a ama, então tente consertar as coisas. Nunca durma brigado com o amor da sua vida.

Um sorriso de canto desponta no meu rosto. Eu assinto e começo a subir.

Paro no meio do corredor, mas no último segundo vou direto para o meu quarto e não para o da mulher com quem irei me casar em poucos dias.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora