✂ Epílogo ✂

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Ísis Gouveia Matarazzo

Seis anos depois...

— Que vestido fabuloso!

Seguro na mão de Leon e dou uma giradinha, mostrando minha roupa toda elegante.

Eu nem consigo me conter de tanta alegria.

— Eu ainda não acredito que ele deixou esse vestido pronto pra esse dia. — Digo, indo até a porta espelhada para me olhar de novo. — O meu marido nunca duvidou que eu iria conseguir.

— Preciso admitir que ele arrasou.

— Não precisa sussurrar, Leon.

— Claro que preciso. A última coisa da qual necessito é de um fantasma com o ego inflado me ouvindo elogiar uma obra póstuma dele.

Dou risada e sacudo a cabeça.

Havia sido engraçado ver o Leon ajustando o vestido que Gael fez pra mim seis anos atrás. Mas até que ele soube honrar esse trabalho tão lindo que o meu amor deixou.

— Uau, que mulher linda!

— Edu! Nossa, eu pensei que você não fosse chegar a tempo!

Aquele que acabou se tornando de verdade um irmão pra mim se aproximou e me abraçou bem apertado.

— Achou mesmo que eu faltaria à inauguração do restaurante da minha irmã caçula? Nunca!

— Mas você estava com a exposição marcada pra esse fim de mês lá em Portugal.

— Bom, você estava lá quando eu expus pela primeira vez. Eu realizei o meu sonho e agora vim ver você realizar o seu.

Sorrindo o abracei novamente e agradeci aquele apoio tão importante.

— E por falar em sonhos... — Leon se intrometeu enquanto guardava seus materiais de costura. — O Heitor vai mesmo cantar na festa de mais tarde no restaurante?

— Vai, com certeza! Ele está todo empolgado desde que se aposentou e começou a viajar por aí com aqueles amigos que também cantam. — Eu ficava contente só de me lembrar da alegria dele. — Vocês tinham que ver a animação dele nos shows. É surreal, eu fui a uns três com a Benê e a Martinha e ficava arrepiada quando ele subia ao palco.

— E a Benê, hein... Caramba, professora formada! — Edu se jogou na minha poltrona e ficou todo largadão lá. — Ela me mandou uma mensagem esses dias me perguntando se eu topava ir à escola onde ela trabalha pra falar sobre o meu trabalho. Eu topei, é lógico. Vai ser bacana ver a cara dos alunos quando virem as minhas últimas criações.

— Não seja um chiot mostrando anjos pelados para as crianças! — Leon ralhou, arrancando risadas de nós dois.

— Pior que o Leon tem razão. Na primeira vez em que eu vi aquela escultura de anjo nu lá no ateliê, fiquei chocada!

— Calma, eu garanto que não vou fazer nada disso. Eu tenho juízo, sabiam?

Leon e eu nos entreolhamos, depois pigarreamos, zombando do Edu.

Virou meio que uma mania nossa zoar ele.

Pergunto-me o que o Gael acharia dessa amizade tão improvável que se formou entre nós três.

— Bem, eu vou indo porque quero verificar se está tudo em ordem. Mas, por favor, dêem uma carona para a Marta e a Benê, ok?

— Já combinei com elas. — Leon disse. — Posso levar você também, seu escultor meia-boca. Se quiser.

Procura-se Uma NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora