Ísis
Agora eu sabia como uma laranja se sente depois de ser espremida até a última gota.
A coitada é retorcida, esmagada, retorcida, esmagada...
Eu me sinto exatamente assim; como uma laranja toda esbagaçada com dores por todos os lados e um gosto horrível na boca.
Não que laranjas tenham boca e tal.
— Seja bem-vinda de volta, Ísis.
Demoro um pouco para perceber o médico ao meu lado e tomo um genuíno susto.
De repente tudo vai voltando e as memórias me acertam como vários socos.
E por falar em socos...
— Cadê o Gael? O que ele fez com o Gael? O que o Sérgio fez, doutor?!
Só me dou conta de que agarrei o braço do doutor quando ele se desvencilha devagar, me fazendo ficar deitada de novo.
— Primeiramente, acalme-se. A senhorita acabou de passar por circunstâncias muito complicadas.
Franzo o cenho, mas até isso dói.
Instintivamente escorrego a mão pela minha barriga. Tem algo repuxando e pinicando perto da minha costela.
— O que aconteceu?
— Bom, você...
— O bebê. — Balbuciou olhando em volta. — O bebê... o meu filhinho. O que aconteceu com ele? Doutor...
— Ísis, por favor, respire devagar e olhe pra mim. Por favor, eu preciso que fique tranquila, caso contrário terei que sedá-la.
— Ele morreu? Foi isso, não foi? O tiro... o tiro matou o meu bebê?
— Não, Ísis, não...
— Eu só queria proteger ele, doutor. Só isso... — Sinto a quentura das lágrimas escorrendo pela lateral do meu rosto. — Foi por isso que eu fugi do Sérgio. Eu não queria que o meu filho nascesse ali naquele inferno... e daí veio o Gael e... e eu não podia contar. Ele... e se ele não entendesse? E se eu falasse do bebê e ele quisesse saber do resto? Não! Não...
— Eu garanto que está tudo bem tanto com a senhorita quanto com o bebê.
— É verdade mesmo?
— Claro. E quanto mais você se acalmar, melhor para os dois.
Respiro bem fundo. Dói. Dói muito, mas dói mais ainda saber que quase matei meu filho.
Mas o que eu podia fazer? O Sérgio poderia cometer uma loucura pior...
Eu só queria pará-lo, nem pensei direito.
— Desculpa, meu bebê... Desculpa... a sua mãe é doida. Me perdoa. Eu só queria parar aquele homem... só isso. Me perdoa...
— Eu tenho certeza de que o seu bebê sabe que a senhorita não fez nada por mal.
— O senhor acha?
— Claro. — O médico sorriu, afagando meus cabelos. — Tente ficar calma, assim passará mais segurança para ele, está bem? Agora tudo de ruim já passou. Os dois estão a salvo.
Podemos até estar a salvos, mas as coisas ruins não passaram.
O Gael já sabe de tudo e quando ele assimilar as minhas mentiras e todo o resto — e quando souber desse bebê — o que garante que ele ainda vai me querer? Talvez eu seja mesmo a culpada de toda a merda que me acontece.
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Procura-se Uma Noiva
Romance! DIA 24/12/23 - TOP 1 NA CATEGORIA JUVENIL! Um estilista e empresário especialista na criação e venda de vestidos de noiva está procurando uma esposa. Gael Matarazzo tem um império no ramo...