Capítulo 67 °

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°° Dimitri °°

Estou tão cansado, sequer consigo nadar para chegar à beira da praia. Não vejo a Breeze em lugar algum e estou desesperado. Se ela estivesse bem, já teria vindo até mim e isso ainda não aconteceu.

Breeze! — Começo a gritar por ela. — Breeze! — Nenhuma movimentação que não seja as partes do corpo do monstro que acabou de ser morto caindo. — Breeze! — Algo aconteceu a ela, posso sentir.

Não consigo mais movimentar meus braços ou pernas, ficar a deriva a poucos metros da praia não é nada bom. Pelo menos as ondas se acalmaram e o dia clareou, mas sinto que posso começar a afundar a qualquer momento, que não terei forças para emergir.

Breeze! — Mesmo temendo pela minha vida, não consigo deixar de me preocupar com ela. — Breeze, cadê você? — Minha pergunta sai em um sussurro.

Tento bater os braços quando começo a afundar, mas me vejo submerso e prendo a respiração, fazendo o máximo para me movimentar, mas parece que tem um peso em todo o meu corpo, devido ao esforço que fiz para ajudar minha sereia a derrotar a mulher cruel que tentou nos separar.

Em meio ao meu desespero por estar afundando, consigo ver bem ao fundo o Tritão com o corpo dela em seus braços, ela parece morta enquanto é levada por ele para longe. Ele está levando a Breeze para longe de mim.

Não! — Grito, o que não é bom, pois engulo bastante água.

Tento nadar até eles, para exigir que me deixe vê-la, mas aquele mesmo golfinho de antes que me ajudou aparece em minha frente, tento me afastar, mas ele fica embaixo de meu corpo cansado e começa a me levar para longe, indo em direção a praia. Começo a tossir quando ele nada até em cima, deixando meu rosto para fora e me fazendo agarrar firme em seu corpo escorregadio.

— Não. — Meus olhos começam a se manifestar ao lembrar do corpo dela mole na mão do pai. — Preciso dela. — Confesso. — Traz ela para mim. — Sussurro antes de ser praticamente lançado para a areia.

Meus pés conseguem tocar o chão, isso me faz sair engatinhando da água e cair na beira do mar. Respiro lentamente, meu corpo está esgotado. É como se tivesse percorrido uma maratona que o objetivo era dar a volta ao mundo.

— Ouvi seu pedido, humano. Você a ama? — Ouço uma voz e me viro rapidamente.

O rei Tritão está a apenas alguns metros de mim, dentro da água e não presto atenção nele, apenas na filha em seus braços. Encontro forças de algum lugar dentro de mim para me levantar e correr até ela, parando quando a água atinge minha cintura e consigo tocá-la. Sua pele está tão fria.

— Breeze? — Tomo o corpo mole dela em minhas mãos e abraço com força. — Acorda, por favor. — As lágrimas se intensificam, me fazendo soluçar com o pânico de viver uma vida sem ela. — Estou aqui, eu lembro de nós, acorda. — Imploro. — Faz alguma coisa. — Olho para o pai da mulher. — Não posso viver sem a sua filha. — Confesso. — Ela é tudo para mim, tudo que sempre precisei, mesmo que não soubesse. — Não me importo de abrir meus sentimentos para ele, já perdi tempo demais longe dela e não quero ficar mais um minuto sem tê-la comigo. — Por favor, volte para mim. — Peço fechando os olhos e apertando mais seu corpo.

— Humano? — Olho para cima, encarando o homem que começa a se afastar pouco a pouco. Ele já está segurando o tridente e tem a coroa que usei para furar um dos tentáculos da Tassála, na cabeça.

Fico impressionado por notá-lo bem de perto pela primeira vez e vejo que confundiria ele fácil com algum irmão delas, ele parece novo demais para ser pai. Esperava alguém bem mais velho e com uma barba imensa, algo estilo papai noel. Só não fico tão chocado porque minha atenção total está na filha dele.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora