Capítulo 61 °

155 22 10
                                    

°° 1 mês depois °°

°° Dimitri °°

Apoio os cotovelos na mesa, coloco a cabeça entre as mãos e choramingo, não aguento mais Dylan falando em meu ouvido. Há um mês que ele vem sendo o irmão mais insuportável do mundo. Confesso que, mesmo amando ter um irmão, cheguei a pensar em como seria mais tranquilo caso não tivéssemos nos conhecido.

Sei que deveria me sentir horrível por ter pensamentos assim, mas não me sinto nada arrependido. Às vezes queria ser como esses melis que podem estalar os dedos e puff, faz a pessoa desaparecer diante de seus olhos. Ou, até congelar ele por alguns minutos com o poder do Chris seria interessante, odeio esses passeios em família deles, que duram meses sem contato comigo.

— Dimitri, você tem certeza que é isso mesmo que quer? — Dylan pergunta mais uma vez. — Acho que casar agora seria burrice. — Viro a cadeira para a janela, tentando ignorar a existência dele e focar na paisagem lá fora. — Daqui duas semanas você vai ser um homem casado, tem certeza que é isso que quer? É isso que quer? É isso mesmo?

Como alguém consegue ser tão insuportável assim?

— Me parece o certo a se fazer. — É o que escapa de minha boca, mesmo que minha intenção fosse ficar quieto.

— Não é para fazer o certo e sim o melhor para você. E a Bree...

— Não fale o nome dela. — Bufo de raiva. — Já disse que você deveria esquecê-la também. Isso é passado, já passou..

— Passou? — Parece que ele está disposto a entrar em uma discussão, já que consigo ouvir quando arrasta a cadeira e parece se levantar. — Você sequer consegue ouvir o nome dela, fica triste pelos cantos e vai se casar com uma mulher que você está evitando. Como assim isso parece o certo? — Faço careta quando o garoto aparece em minha frente.

— Eu não sei, Dylan. Aqui dentro tem algo dizendo que é certo. — Aponto em direção a minha cabeça. — Diz que amo tanto a Tassála que esse sentimento arrebatador foi feito para mim.

— Você não consegue beijá-la. — Acusa, como se fosse uma mosca e pudesse analisar todas as minhas interações com a mulher.

— Parece errado... — Resmungo.

— Como? — Fico feliz por saber que ele não conseguiu ouviu. — O que disse? — Não respondo, apenas fico em silêncio por um tempo.

Cheguei a procurar um médico para saber como andava meu coração, pois todas as dores que senti deveriam significar algo. Passei por uma bateria de exames e todos mostraram o quão perfeito tudo estava, nada havia para indicar a dor.

Só que, agora, estou pensando em procurar um psicólogo, pois sinto que algo dentro de mim vai mal e isso pode acabar me enlouquecendo. Não consigo entender como lidar com as confusões que minha mente está causando e o embate em que estou vivendo.

Algo dentro de mim me faz crer que amo a Tassála com todo meu coração, é um sentimento forte e arrebatador, que me faz acreditar que poderia morrer para protegê-la. Mas, em contrapartida, existe outro sentimento conflitante em que tocar nela como mulher, me faz sentir que estou errado, como se minha mente quisesse me acusar de traição.

Se estou prestes a beijar ou tocar minha namorada, deveria sentir prazer e ansiar por isso, certo? Me sentir culpado e errado não deveria acontecer. Não consigo entender o motivo disso estar acontecendo e acabei culpando aquela sereia por isso, tudo por culpa dela e da forma que me fez ficar envolvido enquanto esteve aqui.

Foi culpa dela que todos os jantares que fazia com Tassála só me faziam ficar comparando como as duas eram diferentes. Enquanto a minha namorada agia sempre com classe e a maior etiqueta possível, ficava lembrando da sereia e em como se lambuzava tomando sorvete, em como todas as comidas pareciam incríveis e em como seus olhos brilhavam quando experimentava algo novo.

Foi culpa dela que comparava o jeito que se portavam diante de certas situações e personalidades. Tassála sentia horror ao passar perto de um parque de diversões, sempre dizendo: Não sei como tem gente que curte essas coisas. Isso automaticamente me fazia lembrar do dia intrigante que tive ao lado da sereia e em como me senti... feliz curtindo aquelas coisas.

É tudo culpa dela!

Culpa dela que me fez apreciar as pequenas coisas e agora me faz sentir que sou o vilão da história. Um vilão que está comprometido e não consegue esquecer o sorriso, cabelo e cheiro de outra mulher.

É culpa dela que esse sentimento e comparações estejam tão fortes que, para mim, o único jeito de acabar com isso é casar e fazer com que tudo volte ao normal. Sou um homem íntegro, fiel e que jamais trairia a confiança da esposa, então, assim que os papéis forem assinados, o Dimitri correto vai voltar a comandar meu corpo.

— Dimitri? — Escuto Dylan me chamar e balanço a cabeça, ele está balançando a mão diante dos meus olhos. — Você tem passado mais tempo dentro de sua cabeça do que aqui fora, está tudo bem mesmo?

— Só quero que as vozes que estão dentro da minha cabeça parem de me incomodar. — Sou sincero, mesmo que o semblante dele seja de pura confusão. — Casar vai me ajudar, então, se você gosta de mim, pare de infernizar minha vida e volte a trabalhar! — Sou um pouco mais duro que o necessário e fico feliz quando ele apenas assente, balançando a cabeça em concordância.

Mas, ele não sai da minha sala, apenas fica me encarando com seus olhos julgadores que parece conhecer cada dor que está me afetando durante esses dias e cada pensamento que vem me acusar.

— Então, eu saio da minha sala.

Pego a chave do carro em cima da mesa, ando em direção a porta e saio, batendo com força, tentando liberar minha irritação por onde passo. Ignoro a secretária quando passo, mas ela deve entender que é uma deixa para que cancele todos os meus compromissos. Não estou com cabeça para isso. Na verdade, ultimamente não estou com cabeça para nada.

Entro no elevador e respiro fundo.

Não sei o que estou fazendo da minha vida. Algo está me corroendo por dentro e não tem com quem falar. Parece que, além de tudo que sinto, o pouco tempo que passei ao lado da sereia foi necessário para algo crescer, algo que não deveria. Sinto como se tivessem dois sentimentos conflitando, lutando, se agredindo e me machucando, mas, um deles está sendo mais forte.

Talvez a marca do infinito que carrego no dedo tenha algo a ver com isso. Por mais que a sereia tenha despertado algo em mim, vai ser apenas uma paixão passageira, jamais será como o amor verdadeiro, isso é capaz de sobrepor qualquer coisa. Papai sempre dizia que o amor era mais forte do que qualquer magia poderosa, antes achava isso pura falácia, mas agora acho que ele tem razão.

No dia do casamento tudo isso vai acabar, tudo vai voltar ao normal. Tenho certeza disso. Algo dentro de mim diz que minha vida está prestes a voltar para seu eixo, por isso, mesmo que Dylan tente me fazer desistir dessa ideia de casar, não vou deixar isso afetar.

Em duas semanas minha vida será feliz novamente, como era antes da sereia aparecer em minha sala machucada. Antes de toda essa confusão sentimental começar a me afetar. Poderei ser feliz com aquela que foi destinada para mim. 

Eita, que o Dimitri ta mais surtado que eu kkkkk

Gente, eu to chocada que falta muitooo pouco para acabar uahsuahs 

Acho que estamos em 80% do livro, talvez 90%, socorro.

Expectativas? Ai, ai, bora que bora.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora