Capítulo 2 °

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°Breeze°

Recobro a consciência e me mexo incomodada, abro os olhos com dificuldade, demora um pouco até que eles consigam focar perfeitamente. Minha cabeça está doendo tanto, sinto leve pontadas e meu ouvido ainda está zunindo, coloco a mão como se isso fosse fazer tudo parar de girar.

Levo um susto ao perceber que não estou no mar e sim em um buraco com água, deve ser uma banheira, já ouvi os humanos falarem. Olho pro lado e fico em pânico, o mesmo homem loiro que vi antes está sentado e me olhando estranhamente com um sorriso medonho, continuo olhando para ele enquanto engulo seco, tento me encolher o máximo, estou com medo.

Isabella, ou Bella, uma amiga minha, me disse que tem humanos bons, mas também tem uns que são muito, muito ruins, parece ser esse humano aqui. Visto que, me tirou do lugar onde vivia.

Ele se levanta da cadeira e vem andando em minha direção, começo a me debater, mas não tem como sair daqui, meus ouvidos que antes estavam zunindo, voltam a funcionar. Escuto com mais precisão seus passos ecoando no chão de madeira, fazendo ranger medonhamente e me auto abraço.

O humano para, cruza os braços e fico quieta, esperando seu próximo ato, mas nada acontece e decido falar. Quero perguntar o motivo dele me pegar e me tirar do meu mundo, do meu lugar. Pedir para me soltar, dizer que meu pai não saberá disso, mas, tudo que acontece, é minha boca abrir e fechar, sem sair som algum. O que aconteceu com minha voz? Isso é estranho, pois costumo falar além do normal.

— Não sabe falar? — Pergunta e sua voz me faz arrepiar, ela é rouca e também é bonita, me deixa tensa quando escuto.

Fico quieta, encarando seu rosto rígido, sinto que já o conheço, mas tenho certeza que nunca o vi antes. Ele é um humano muito lindo, certamente, lembraria, mesmo que muitos anos tenham se passado, não se esquece um rosto como esse tão fácil, mas, não é totalmente perfeito, pois emana um ar assustador em seus olhos desconfiados e mandíbula cerrada.

— Sabe o que vou fazer com você? — Começo a tremer e faço que não. — Você entende o que falo. Isso vai ser bem divertido. — Da uma risada de satisfação. — Que bom que não sabe o que farei, pois se soubesse, iria desejar nunca ter vindo à superfície. — Diz fazendo um ar totalmente tenebroso e arregalo os olhos.

Ele dá uma risada bem sinistra. Pelos mares, o que ele ganha fazendo isso?

Oh, será que ele é um caçador? Só pode ser isso. Caçadores são humanos mais aprimorados que não tem um pingo de sentimento e caçam os melis para matá-los, eles ainda nos chamam de monstros, o que é um insulto, pois temos sentimentos, assim como muitos humanos.

— Dimitri, para com isso! Você está assustando ela. — Um homem entra no quarto, falando com o homem assustador e parece não ter medo dele. O que acabei de saber que se chama Dimitri, olha para ele, fazendo uma expressão de raiva.

— Que merda, Tony. Deixa de ser chato e estraga prazeres. Estou me divertindo. — A raiva em sua voz é notória, que palavra engraçada essa 'merda', nunca escutei, quero pronunciar pra saber como é. — Sabe que esperei muito por isso!

— Só tô falando, Dimitri. Olha como ela está assustada. — Aponta para mim.

— Ela não está assustada, esses monstros não têm sentimentos. — Esse Dimitri fala e fico com raiva. Ele é um caçador, tenho quase certeza disso.

Tenho sentimentos sim, muitos e confusos também. Não sou um monstro, pois eles são feios e cruéis, além de não terem consciência alguma, eles atacam e matam os outros sem piedade. Existem muitos monstros no fundo do mar, mas eu sou uma linda e adorável meli.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora