°° Breeze °°
Dimitri deve estar enlouquecendo. Decidi voltar para a casa dele depois dos caçadores, mas agora parece algo tão sem importância. Queria que ele fosse mais legal, que continuasse me tratando bem, mas não sei se vai ser possível.
— Podemos voltar à praia só mais uma vez? — Pergunto para Alira e ela assente, minhas irmãs também.
É como se eu gostasse de me torturar, como se a dor ainda estivesse aqui e voltar seria apenas como intensificá-la. Estou em uma luta interna, como se estivesse indo contra meu objetivo de vida, que é permanecer em terra.
Acabo emergindo quando estamos em uma distância suficiente para que eu possa olhar tudo atentamente, não entendo quando Alira se achega até mim e segura em minha mão.
— Irmã, ele está aqui. — Sussurra em meu ouvido, como se ele pudesse escutar, mas sei que não é algo possível.
Olho para onde ela olha, Dimitri está parado, próximo às árvores e acabo sorrindo. Por que ele está aqui? Não sei dizer o motivo agora, mas lembro de tudo que me foi falado e do que preciso fazer.
— Você vai ficar, não é? — Minha irmã pergunta. — Ele parece feliz por você voltar. — Percebo que ela também escutou o sussurro do homem.
— Não posso ir ainda, parece que minha jornada na terra ainda não acabou.
— Tudo bem, já sabia que você iria voltar.
— Obrigada. — Abraço ela. — Preciso ir. — Me afasto. — Sinto muito.
— Já sabia que você não iria voltar para casa, brisada. — Aperta meu nariz. — Você só precisava conversar e extravasar, espero que fique bem logo.
Abro um sorriso em agradecimento, ainda me sinto mal, mas tenho que continuar na casa do homem e ajudá-lo também. Aceno para minhas irmãs, elas precisam ir antes de escurecer e não podem ficar mais. Sigo para a rocha de antes, ficando longe da água, miro na minha cauda e sopro, o vento sai, secando minha cauda e logo ela some, me deixando com pernas e pelada.
Preciso lembrar de tirar a roupa antes de virar sereia, elas somem no mar e fico na mão, gostei daquele vestido. Deve estar longe agora. Não quero que o Dimitri me veja sem roupa, por isso, apenas fico abraçando minhas pernas e encarando o cenário à minha frente.
Quero ver o sol se despedir como sempre via antigamente, coloco minha cabeça apoiada no joelho e fico olhando para frente. É tão lindo o sol se pondo assim, as pessoas perdem essas coisas e não ligam, não sabem aproveitar as coisas boas.
Fico olhando e quando o sol está em seu momento mais bonito, como se estivesse beijando o mar, sinto algo ser colocado sobre meus ombros, um casaco, sinto o cheiro dele invadir meu nariz sem permissão e isso me faz bem.
— Achei que tinha te perdido. — Diz sentando ao meu lado, olho para ele e dou um leve sorriso.
— Não vai se livrar de mim assim tão fácil. — Brinco olhando para ele, que dá um sorriso.
— Que merda, hein, onde fui me meter? — Dou uma risada, ele faz o mesmo.
— E parece que você sempre me encontra, acho que não importa para onde eu for. Você vai sempre encontrar um caminho de volta para mim.
— Temos um acordo. — Diz rapidamente olhando para o mar. Ah, por isso ele está aqui, acho que o dinheiro é mais importante. Por um minuto, pensei que ele gostasse de mim. — Chris foi embora.
— Ele deve me odiar mesmo, ir embora correndo assim. — Falo baixinho.
— Ele não te odeia. — Olho para ele com raiva.
— Se ele não me odiasse, não terminava comigo. — O homem dá de ombros.
— Ele deve ter tido motivos para isso. — Pronto, como entender os homens? Primeiro ele queria acabar com isso e agora, quer defender o Chris? Homens são todos iguais mesmo ou eu que não entendo eles.
— Dane-se os motivos dele, se ele iria fazer isso, era melhor nem ter começado. — Falo com raiva, ele parece nervoso e fica de pé.
— Vamos para casa? — Estende a mão. — Está começando a ficar frio e, por algum motivo, você está sem roupas. — Lembro desse detalhe e seguro no casaco, fechando mais e escondendo meus seios.
— Meu corpo se adapta ao clima do mar e olha pro outro lado. Você mesmo disse que não pode olhar e fica assim, anda... anda. — O homem começa a rir, mas se vira, ficando de costas.
Levanto e visto o casaco dele, que fica bem grande em mim, fecho o zíper da frente e abro os braços, olhando para baixo e vendo como ficou enorme.
— Pronto. — Falo e ele me olha. — Você é muito gordo.
— Ou, você é pequena demais. — Abro a boca em choque, pela audácia desse ser humano.
Não sou pequena demais, tá que do lado dele sou um pouco, muito, tá admito. Ele é bem maior que eu, deve ser por isso que me sinto protegida com ele perto.
Ele começa a andar e sigo atrás dele, ficamos em silêncio o caminho todo, não to com vontade de falar, nem com fome, nem com vontade de viver. Ok, exagerei um pouco, mas esse lance de término é muito ruim, nunca mais quero namorar, acho que não sobrevivo a mais uma decepção dessa.
— Quer sair? — Dimitri se vira, e acabo batendo no corpo dele, recuo um passo e olho para ele.
— Como? — Pergunto sem entender esse convite repentino.
— Você disse que estava sem roupas. — Dá de ombros. — Qual é o melhor momento para comprar se não agora?
— Você deve ter mais o que fazer.
— Agora? Não tenho nada. — Diz olhando no relógio. — Aliás... — Coça a garganta. — O que aconteceu com o vestido que estava?
— Foi você?
— Eu? O que eu fiz? Olha, surgiu um compromisso. Vamos deixar para outro dia. — Começa a andar em direção a frente da casa, começo a segui-lo. Ele entra no carro, para fugir de mim.
— Eu aceito. — Digo abrindo a porta do carona e me sentando, ele me olha assustado parando de colocar o cinto de segurança. — Seria bom para me distrair. — Abro um sorriso enorme, esperando que não me expulse.
— Certo. — Volta a dar de ombros, como se não fosse algo importante e me viro para colocar o cinto de segurança.
Ainda estou triste, e queria bater no Chris pelo que me causou, mas... não sei quando o Dimitri vai fazer outro convite assim e preciso mesmo de roupas enquanto estiver por aqui. O único problema é que as roupas novas não vão ter esse mesmo cheiro que sinto nas dele, é tão bom e como um calmante.
Esses dois são donos do meu coração todinho <3
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Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12
FantasíaBreeze não imaginava que aquele pequeno dispositivo que sempre teve curiosidade para saber o que fazia, seria capaz de gerar um caos tão grande. A sereia, que antes tinha uma vida, aparentemente, acaba sendo lançada em um mundo desconhecido, onde ir...