Capítulo 70 °

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°° Alguns meses depois °°

°° Dimitri °°

Bato com os dedos na mesa, estou muito nervoso. Breeze me mantém a rédea curta e não consigo dizer não para aquela mulher. Ela disse: 'Dimitri, faça as pazes com o Fillipe ou dormirá no sofá até se acertarem.' E o que eu fiz? Obedeci, claro. Dormir no sofá e não abraçado com ela, seria uma tortura total.

Marquei hoje com ele, em meu escritório e estou inseguro com o proceder das coisas. Nossa amizade até que era legal, surtei por causa das sereias e ele não me ajudou, o ódio tomou conta de mim e puf, acabei com uma amizade de muitos anos. Ignorei ele desde então, mas parece que esse passo é um que preciso dar para mostrar minha total mudança.

Pedi a ele para me encontrar aqui, em meu escritório e fiquei bem surpreso na hora que ele aceitou. Ele parecia meio hesitante, mas depois de uma voz feminina sussurrar algo que não consegui entender, ele aceitou. Deve ter sido a caçadora, só pode.

Levanto completamente agitado e sigo até a janela de vidro. Fico encarando a paisagem lá fora e congelo no mesmo momento em que batem na porta.

— Senhor Turner? O senhor Raimon chegou. — A secretária anuncia e respiro fundo, fechando os olhos.

Recupero minha confiança e viro para ela.

— Pode pedir para que entre. — Ela assente e fecha a porta novamente. Sento na cadeira e coloco a mão sobre a mesa, uma sobre a outra. Nem dá tempo de relaxar, pois ele logo aparece. Fico de pé assim que ele entra na sala.

Um silêncio constrangedor paira no ar.

— Dimitri, qual motivo de me chamar até aqui? Negócios? — Ele quebra o silêncio indo direto ao ponto.

— Sente-se, por favor. — Respondo e ele se senta, à minha frente — Então... — Começo a gaguejar e respiro fundo. — Queria te pedir desculpa, pela forma que te tratei quando não quis me ajudar aquela vez. Fui completamente infantil, você não era obrigado a nada e, atualmente, pude perceber o quão infeliz fui em minha atitude. — Falo tão rápido que ao encará-lo, ele está de olhos arregalados.

— Ainda bem que sou bom em entender as coisas. — O homem abre um sorriso. — Também queria me desculpar. Éramos amigos e te virei as costas, não o ajudei e no fim, você tinha mesmo razão. Parece que nós dois temos culpa nessa situação.

— Que evolução, nós dois pedindo desculpas. — Acabo rindo também.

— Exatamente, muita coisa mudou e aparentemente amadurecemos. Quem diria que tudo que precisávamos era parar para conversar...

— E ter mulheres que trouxessem o melhor de nós. — Complemento. — Creio que se não tivéssemos elas, parar para conversar não seria uma opção. — Sou sincero.

Cresci muito e também me abri para novos sentimentos após conhecer a Breeze. Ela mudou muita coisa em mim e também me ajudou a lidar melhor com as pessoas à minha volta, não sou mais tão insuportável.

— Ela me obrigou a ligar, disse que eu estava sendo infantil e precisava parar de me lamentar, porque decepções sempre acontecem e cabe a nós resolver isso.

— A minha me obrigou a aceitar e disse exatamente a mesma coisa.

— Acho que por isso elas são amigas. Mas, voltando ao assunto. Estava cego e como todos estavam me chamando de louco, precisei provar que não estava. Tinha de mostrar que o que vi era real e não história de 'pescador'. Estou sofrendo agora para tornar essa descoberta um mito novamente? Sim, mas provei para os mais chegados que não sou tão doido e ainda ganhei um alguém para me aturar. Ah, e meus poderes despertaram.

— Parece que não foi tão ruim, no fim das contas. Meu problema não foi você ter ficado com raiva de mim, foi você me ofender sempre que tinha oportunidade e também aquilo que disse na floresta, quando a sereia fugiu. Aquilo realmente me deixou mal e também quando fui com a Rosa na sua casa, você nos expulsou.

Rosa? Deve ser a caçadora, pelo que a Bree disse, o nome dela é Isabella ou Bella, deve ser apelido.

— Rosa... — Fico com cara de interrogação e ele percebe. — Esse foi o apelido que dei para a caçadora, longa história.

Abro a boca em concordância. Parece que ele também tem muito o que me atualizar.

— Como ia dizendo, a Rosa se importa bastante com a Breeze e estava com saudades, por isso fomos aquela vez, mas não acabou bem.

— Não mesmo, fui um babaca.

— Idiota. — Dá uma risada e reviro os olhos.

— Isso também. — Ele concorda. — Mas, agora tudo mudou e finalmente estamos felizes, quero me redimir desse episódio e convidar vocês para o ... — Mexo na gaveta e retiro o convite, entregando em sua mão. — Meu casamento. — Ele encara o convite e depois me olha.

— O que ela fez com você? O cara contra casamentos. — Começa a rir, debochando de mim. — ' Posso morar junto, mas... casar? Jamais!! ' — Tenta imitar minha voz e cruzo os braços, revirando os olhos.

— Não tem graça. — Faço careta. — Nunca havia me apaixonado antes, dá um desconto. Aliás, ela é filha do rei Tritão, ele ficou marcando em cima. — Tento fazer uma média, fingindo que não estava louco para pedir a sereia em casamento. — Bom, acho que você sabe como é isso, senhor 'Todos os caçadores merecem morrer, sem exceções '. — Imito a voz dele.

— Tá, tá, tá. Vamos nos dar um desconto, nunca havíamos nos apaixonado antes. — Afirmo com a mão. Ele olha pro convite e logo para mim. — Tem azul demais, não é? — Assinto.

— Diga isso para a sereia que tem o azul como cor favorita. E isso por que você não abriu ainda e viu a pequena concha impressa em relevo dentro dele. — Ele me olha surpreso — Fillipe, entenda. As mulheres têm gostos estranhos e quando decidem organizar um casamento, elas ficam loucas. — Acabo rindo e ele me acompanha.

— Pode deixar, irei anotar isso. — Sorri e coloca a mão sobre a mesa, noto algo familiar.

— A marca... — Aponto para o dedo anelar dele e ele olha a mão, vendo o mesmo que eu.

— É uma marca de amor infinito. Longa história. — Coloco a minha mão na mesa, deixando a minha exposta também.

— Longa história. — Ele fica surpreso ao ver a minha também. — Parece que estamos presos a elas para sempre.

— Que maravilha nossas escolhidas, são perfeitas para nós. — Ele tem total razão no que fala.

— Com certeza.

— Bom, agora eu preciso ir. Ainda resolverei algumas coisas. — Fala e assinto.

Ele se levanta, me levanto também e o acompanho até a porta.

— Fico feliz que tudo esteja bem entre nós novamente. — Comento.

— Eu também.

— Diga a sua Rosa que a Breeze queria entregar pessoalmente, mas viu no convite uma oportunidade perfeita para fazermos as pazes. Mulheres são espertas. — Ele concorda comigo.

— Muito espertas. — Rimos e logo nos despedimos.

Vejo ele entrar no elevador e ir embora.

Gosto do que a Breeze desperta em mim, ela traz o meu melhor à tona e me obrigar a isso, foi definitivamente a melhor coisa. Tenho meu amigo de volta. 

Ta acabandooooooo. Eu ouvi um amém? 

Amo esses dois, mas não aguento mais kkkkkkk

Simbora que falta menos do que faltava.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora