Capítulo 62 °

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°° Breeze °°

— Está pronta, Alira ? — Pergunto, enquanto ela fica puxando e puxando mais o cabelo frente ao espelho. — Sabe que isso não adianta nada, né? Pois quando sairmos da água, o cabelo vai ficar molhado e grudado no rosto. — Começo a rir e ela me taca o pente.

Infelizmente, a pressão da água não é suficiente para impedir que sua força de sereia faça o pente acertar com tudo em minha cabeça.

— Isso doeu. — Resmungo.

— Em breve vai passar. — Se aproxima sem nem se importar comigo, está interessada e ansiosa por outra coisa, ou melhor, por um alguém. — Que horas marcou com ele? — Fica com os olhos brilhando e faço careta.

Pronto, perdi minha irmã pro amor.

— Ele disse que iria sair da empresa e esperaria para a praia, daqui a... — Olho no relógio em meu pulso. — Vinte minutos. — Ela arregala os olhos e me puxa com força pelo braço, me obrigando a sair nadando. — Vamos logo. — Que sereia apressada.

— Ele não vai fugir. — Comento me soltando e nadando ao seu lado.

— Mas, tenho apenas vinte minutos para ficar com o cabelo bonito, sua chata. — Faz careta e olha para frente, focada em chegar ao seu objetivo.

Ela está completamente apaixonada pelo Dylan e ele também está, os dois já se encontraram sem mim outras vezes e tive certeza de algo, pessoas apaixonadas são insuportáveis.

Nesse mês que se passou, fiz exatamente o que queria, conheci todos os lugares possíveis. Desde o mais quente, ao mais frio. Usei o jato de vento que sai de minha boca, para me secar e ter pernas, depois eu colocava a roupa que sempre levava em uma saco lacrado, para não molhar.

Encontrei o Dylan uns dias depois que voltei para casa, estava nadando e escutei alguém cantando, nadei rápido e quando cheguei lá, ele estava encostado em uma árvore, com um caderno sobre o colo e escutando música no celular, totalmente distraído. Desde então, temos nos encontrado sempre que possível.

Combinamos de nos encontrar toda sexta-feira, mas acabei achando melhor conhecer o mundo e Alira não ficou nada triste em se encontrar com ele sozinha. Até deixaria que se encontrassem sozinhos novamente, não quero ter de aturar os dois, mas preciso saber das novidades e se essa ponta de esperança que não consigo apagar, murcha de uma vez por todas.

Já estamos em dezembro, o ano está prestes a acabar e queria saber como estão as coisas antes de um novo ano se iniciar e, talvez, uma vida nova.

Queria esquecer o Dimitri, fingir que ele nunca apareceu em minha vida, mas não consigo deixá-lo para trás. Não sei se por me apaixonar por ele recentemente ou por descobrir que ele era meu amigo de infância, o que chamava de Terra.

Quando encontrei com Dylan após voltar para casa e tudo mais, questiono sobre o cachorro do Dimitri e ele disse que ele morreu pouco tempo atrás e se chamava Moby, queria tê-lo conhecido antes disso. Acho que gostaria de ficar agarradinha com ele em minha forma humana.

Chegamos a rocha de sempre e ficamos esperando o Dylan, pontualmente ele chega e a Alira já está com o cabelo lindo. Ele vem sorrindo em nossa direção e a Alira sorri ao meu lado, eles são tão chatos. Não sabia que pessoas apaixonadas poderiam ser tão insuportáveis.

— Princesas. — Faz uma reverência com a cabeça e reviro os olhos.

— Dylan! — Alira se expressa bem animadinha, mesmo que seu rosto esteja completamente vermelho.

— Então... — Corto o clima deles, que apenas ficam se olhando um bom tempo.

Isso é tão constrangedor, para mim, estou segurando vela, como os humanos falam.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora