°° Breeze °°
Acordo e percebo que o Dimitri já acordou, me sento e logo escuto o barulho de água cair, ele deve estar tomando banho, ele é um humano que ama fazer isso. Estou me sentindo bem melhor agora, beber água e suco, comer bastante fruta me ajudou muito, meu cabelo já até está melhor, cor mais viva.
Coloco os pés para fora da cama e decido levantar, me apoio na cômoda e no pé bom, pego impulso e levanto, me equilibro e solto a cômoda, dou um passo, apoiando com o pé machucado no chão, a parte de trás dele, uma mais durinha e redonda. Ainda sinto dor, mas é suportável, vou até a janela e olho lá para fora, o dia está bonito. Mesmo dizendo que iria chover ontem, isso não aconteceu, parece que os humanos não sabem de tudo.
Viro para o quarto, examinando para achar algo interessante, estou cansada de fazer parte da cama. Vejo uma estante de madeira, cheia de livros, vi muitas dessas em navios naufragados. Vou andando a passos de tartaruga até lá, as tartarugas fora da água são lentas demais, porém, quando estão dentro, são tão velozes, é sempre legal disputar uma corrida. Chego em frente à estante, que é bem grande e fico olhando, tem algumas fotos.
Um menino loiro com um sorriso cativante abraçado ao seu cachorro me chama a atenção, fico olhando, sinto como se já o conhecesse, percorro meu dedo por todas as fotos e fecho os olhos, consigo sentir a alegria de cada foto, isso deixa meu coração quentinho. Começo a dedilhar alguns livros, tem tantos aqui, eu sei ler, assim como os humanos aprendem a ler e escrever, nós também, mesmo não precisando escrever muito. Algumas palavras são exclusivas dos humanos, por isso ainda não conheço muitas delas, Bella me ajudou com algumas.
Vejo uma parte da estante que se abre ao puxar o vidro, abro e um negócio me chama a atenção, é uma caixinha de música, lembro que tinha uma parecida, mas não me lembro do que aconteceu com ela. Pego a caixinha na mão, ela é branca em formato de concha e as bordas são douradas, lembro de ter ganhado a minha da minha mãe. Abro e começa a tocar uma música bonita, mas, tudo que é bom dura pouco.
— Sabia que é feio mexer nas coisas dos outros?
Dimitri fala ao pé de minha orelha, me fazendo levar um susto e me desequilibrar, só não cai porque o causador de minha possível queda, envolve os braços em minha cintura e me segura com força. Já a caixinha não posso dizer que teve a mesma sorte.
Engulo seco, olhando pro rosto do homem e vejo que minhas mãos estão espalmadas em seu peito. Por que não consigo parar de encarar os olhos dele? Parece que tem algum tipo de magia que não me deixa fazer isso. Ele me coloca de pé novamente e sou obrigada a quebrar o contato visual, me ajoelhando no chão e pegando a caixinha de música.
— Desculpa, eu é... não queria, desculpa. – Digo olhando para baixo, a caixinha quebrou o eixo de encaixe, ele vai me matar por quebrar uma coisa dele. Por que tenho de ser tão curiosa?
— Deixe-me ver. — Diz calmamente, estendendo a mão e volto a olhar pro chão depois que entrego a caixinha, enquanto o silêncio se faz presente no ambiente. — Não quebrou. – Fico feliz ao ouvir o que diz e me levanto apressado. – Desencaixou só, mas, mesmo assim, tenha mais cuidado e não mexa mais em minhas coisas, tudo bem? – Pergunta e assinto, parece que me livrei de uma.
Percebo que ele está usando apenas uma calça, cabelos molhados e toalha sobre os ombros. Oh, estava tão distraída antes que nem prestei atenção que ele estava sem camisa. Não consigo desviar o olhar, mesmo que minha bochecha esteja esquentando. O homem parece perceber, pois abre um sorriso de canto, sabendo que me afetou e dá um passo para frente.
Me vejo comprimida entre a estante e o corpo dele quando se inclina, abre a porta de vidro, coloca a caixa e se afasta, como se nada tivesse acontecido. Só percebo que prendi a respiração quando ele se afasta para ir colocar uma camisa. Acho que estou da cor do meu cabelo agora. Esse humano me afeta.
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Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12
FantasiBreeze não imaginava que aquele pequeno dispositivo que sempre teve curiosidade para saber o que fazia, seria capaz de gerar um caos tão grande. A sereia, que antes tinha uma vida, aparentemente, acaba sendo lançada em um mundo desconhecido, onde ir...