Capítulo 66 °

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°° Breeze °°

O mar está tão agitado que pareço dentro de um redemoinho quando entro, tento nadar, mas meu corpo parece ser puxado para trás, ou seja, para longe de onde vejo uma manifestação grande de poder. Lá que meu pai e Tassála devem estar, preciso chegar até ela.

Paro de fazer força, deixo meu corpo ser puxado e fecho os olhos, puxando o ar e soltando lentamente. Meu corpo roda, roda e roda mais uma vez, mas logo me vejo fora da água turbulenta e consigo ver onde devo chegar. Preciso de um plano, ou não vou conseguir derrotá-la.

— Tassála! — Grito, chamando a atenção da mulher. — Tassála! — Agora meu grito sai como uma rajada de vento que consegue dissipar o redemoinho formado, deixando o caminho livre para mim.

Isso é novo e bem útil.

Não preciso me mexer, pois essa ação faz com que a mulher foque em mim e não em meu pai, que parece tão indefeso caído no fundo da jaula. Consigo perceber a forma que o corpo dela reluz o poder do tridente enquanto vem em minha direção, o sorriso em seu rosto mostra que já se sente vencedora.

— Morra peixinho. — Desvio do raio que o tridente solta quando lança em minha direção e fico um pouco assustada pela voz dela reverberar por todo o oceano, como se cada partezinha pertencesse a ela. — Adoro brincar de pique pega. – Escuto sua voz, mas tento levá-la o mais longe possível daqueles que amo.

Não! — Grito quando sinto algo me atingir, me fazendo cair com tudo em direção ao fundo do oceano.

Olho para cima, Tassála sumiu de vista e olho ao redor tentando achá-la. Não a vejo em lugar nenhum, isso nunca é bom. Uma vez Dylan me disse que é pior não ver a aranha, pois ela pode estar em qualquer lugar e esse pensamento é assustador. Quando está à vista, podemos calcular seus passos e nos precaver de algum ataque. Estou sentindo isso agora.

Aaaaah! — Arqueio o corpo para frente em um grito estridente quando sinto algo afiado entrar em minha costas, meu grito triplica quando o objeto pontiagudo é arrancado com força e pairo até ficar caída no chão.

Começo a tossir, sentindo meu corpo reclamar pela invasão abrupta do objeto. Meus olhos encontram o de Tassála, ela parece satisfeita por ver meu sangue manchar a água ao nosso redor.

— Eu deveria ter feito isso desde o início. — Cubro meu rosto com os braços quando ela joga o tridente para trás para pegar pressão e voltar a atirar em minha direção.

Escuto o baque do tridente no chão, mas não senti ele fincando em meu corpo. Olho para a movimentação ao lado e vejo Alira agarrada no corpo da mulher, nadando com ela em direção a superfície.

"Vá até o papai. Iremos distraí-la." — Sua voz fala em minha mente.

Só entendo o 'iremos' quando vejo minhas outras irmãs se aproximando à distância.

Olho para minha cauda quando sinto ela queimar, estou com um corte profundo bem na ponta, meu processo de cura é rápido, mas não tão rápido para me curar agora e lutar contra ela. Minhas costas doem e parece que metade da minha cauda pode cair a qualquer momento.

A dor é semelhante à que senti ao acordar na floresta, é a mesma ferida e a mesma sensação horrível que senti. Isso só serve para esclarecer mais ainda seu jeito sujo de conseguir poder. Ela gosta de atacar pelas costas e destruir quem estiver em sua frente.

Preciso parar o sangramento, não quero ter de lidar com tubarões também, mas parece impossível chegar até meu pai da forma que estou. Me viro para tentar nadar até lá, mas não consigo, minha cauda está doendo tanto. Minhas costas ardem, parece que ela ainda está rasgando à medida que respiro.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora