Capítulo 3 °

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°° Dimitri °°

Não gosto muito do jeito que Tony trata o monstro, será que não entende que ela não tem sentimentos, consciência ou compreensão de quem somos? É apenas um animal agindo por instinto. Ele a segura com tanta delicadeza que me surpreendo quando consegue levantá-la para levar a banheira novamente.

Ela sinceramente achou que conseguiria fugir? Que pernas iriam aparecer e ela sairia correndo? Ou que apenas olharíamos ela ir se arrastando e nada faríamos? Muito bobinha, o babaca do Tony, não sei se ele que é bom demais, ou eu que sou ruim demais, mas deixo a dúvida no ar, pois não to com cabeça para fazer todos os prós e contras de nossa atual situação.

— Larga ela aí e vamos lá para fora, Tony. Parece até enfeitiçado. — Me ignora totalmente.

— Você está bem? — Reviro os olhos quando pergunta ao peixe sobre o que está sentindo. Tão desnecessário.

— Vamos! — Acabo gritando, o homem apenas bufa bem alto e vai em direção a porta batendo o pé.

Sigo ele, fechando a porta quando passo e tendo de parar, pois se vira para mim rapidamente, parece bem exaltado.

— Você não consegue ter um pouco de compaixão? — Pergunta e balanço a cabeça negativamente.

— Compaixão por uma aberração do mar? Ela é metade peixe cara, isso não existe. — Ele dá uma risada debochada. — Parecer com uma humana em cima não muda nada.

— Seu pai era um meli. O que não te faz ser uma aberração? A falta de uma cauda? Você não tem cérebro, então, acho que é quase a mesma coisa então. — Trinco a mandíbula e ele revira os olhos. Acho que agora o limite foi ultrapassado. — Monstros não tem consciência, ela tem e muita, pare de agir como se ela fosse um pesadelo.

— Ela é o meu pesadelo! — Grito irritando. — Sabe quantas vezes fiquei sem dormir por causa desses malditos mitos? Não sabe. Até hoje não consigo fazer isso com tranquilidade. Minha vida seria melhor se elas não tivessem aparecido para mim anos atrás. — Desabafo. — Aliás, você está proibido de chegar perto dela novamente. Meu pai era um meli, eu não. Sou humano, e nada vai mudar isso. Então, não sou uma aberração igual a ela. São mundos totalmente opostos.

— Dimitri, você não pode fazer isso. Te ajudei com isso, você pode ter pensado em tudo do dispositivo, mas quem desenvolveu foi eu.

— Agora, mágicamente, tenho um cérebro que cria coisas? — Pergunto cruzando os braços. — Desculpa, amigão, mas o dinheiro do projeto era meu. Eu que to na merda ainda por isso e mesmo participando, você nunca acreditou em mim. E corrigindo, eu criei o projeto e eu executei, você apenas fez os testes finais, pois aqueles babacas me demitiram. — Ele escuta tudo calado, mas assim que termino, recebo um soco tão inesperado que mal posso prever. Levo a mão ao rosto, ainda chocado com o descontrole dele.

Você é um idiota, mesquinho e arrogante!! — Grita e os empregados começam a parar os afazeres para ficar olhando. — Você só pensa em si mesmo, sempre foi assim. Te suportei até agora, porque gosto de você. Você é como meu irmão, mas a cada dia que passa, você fica mais insuportável. Estou farto. Quer saber? Engole essa merda de projeto, engole nossa amizade, me esqueça e faça bom proveito da sua nova conquista. Eu estou fora! — Sai batendo o pé, já eu, chuto um balde que estava perto.

Que ódio. Pensei que as coisas iriam melhorar, mas parece que só piora. Tudo por causa dessas sereias.

— Estão olhando o quê? Voltem ao trabalho! — Grito com os curiosos que pararam para ouvir a discussão. — Bando de idiotas. — Murmuro. Volto ao quarto e tranco a porta. — Isso é tudo culpa sua. Aberração, malditas sereias. Por que vocês existem? — Falo com irá me aproximando dela. — Vocês são, são, são ... — Procuro as palavras, mas logo ela me molha de novo.

Breeze - Uma sereia em minha vida 15/12Onde histórias criam vida. Descubra agora