32. Visões

34 4 38
                                    

— Ele não é um demônio, ele é um Deus — O homem soltou uma risada ao ouvir isso. A criatura sombria estava longe de ser uma divindade; seus pecados o deixaram sombrio e o afastaram de sua graça divina, transformando-o em um Deus perverso que foi derrotado pelo panteão grego há milênios.

— Lyra, por que está fazendo isso? Você é boa, eu vejo. No futuro, seremos grandes amigos.

Ela revirou os olhos.

— O que você disse é verdade. De onde vim, éramos amigos, e ainda somos. Mas o que passei, o que sofri e o que tive que sacrificar me deixou amargurada e vingativa. — Ela se levantou da poltrona e atravessou a sala até a parede onde Theo estava preso.

Theo, por ser um oráculo, no momento em que olhou para Lyra em pé do lado de fora — minutos atrás —, viu todo o seu futuro até certo ponto. Eles iriam se conhecer, e uma bela amizade nasceria. Por isso, o medo de que essa sombra o matasse não o assustava tanto; o destino queria que ele permanecesse vivo.

— Como você libertou a sombra dele? Ela estava presa e selada no...

— No submundo — completou Lyra. — É, eu sei. — Ela fixou seus olhos azuis intensos em Theo, emanando ódio e fúria.

— Não, não. Como você a libertou? — O oráculo tinha uma suspeita do que Lyra fez, mas uma parte dele queria não acreditar.

— Acho que você sabe, da pra ver nesse olhar de advertência. A resposta é sim. — Lyra soltou uma risada macabra, em seguida, alisou o abdômen de Theo com a ponta dos dedos por cima de seu terno. Ele se sentia inútil preso naquela parede. — Eu matei Thanar Hecateon, meu pai. E quando ele se foi, o selo principal foi quebrado, depois consegui destruir os últimos três, aí fugi com a sombra de Kaimmos.

— Você não sabe o erro que cometeu, você nos condenou, todos nós — disse Theo entre dentes. — Se ele recuperar o corpo e a alma dele, todos vamos sofrer as consequências.

— Nossa, você adivinhou o que vou fazer. Por isso viemos aqui, precisamos das cinco chaves de sangue para libertar a alma de Kaimmos. — Lyra andou até a sombra na forma humanoide e a encarou. — Ele ainda não tem forças para falar e não pode ficar aqui por muito tempo. — Os olhos em chamas da besta olharam para ela e assentiram. — Então me diga...

— Nunca — esbravejou Theo. — Nunca direi nada.

— Me diga onde estão as cinco famílias?

— As cinco famílias? Não sei do que você está falando — Ele tentou desviar os olhos de Lyra, mas mentir não é uma das melhores qualidades de um oráculo.

Ela se aproximou dele mais uma vez.

— Você sabe muito — Lyra olhou para ele e mordeu o lábio suavemente. — Está bem, deixe-me refrescar sua memória. Atena, com a ajuda de cinco famílias, escondeu as cinco chaves dentro de cinco criaturas, e apenas essas famílias ou algum de seus descendentes poderão recuperá-las. Quando elas estiverem juntas, formarão a Chave Mestra, e assim conseguirei libertar a alma de Kainmos.

— Não sei onde elas estão, nem sei se ainda existem descendentes delas.

De repente, os olhos de Theo brilharam, e ele ficou imóvel, como se estivesse olhando para além da janela de vidro temperado ou distante, além do horizonte da cidade de Nova Iorque. Então, ele suspirou profundamente, fechou os olhos, e, assim que os abriu, eles voltaram ao normal.

Theo teve uma visão do futuro, das chaves e das famílias, e tudo precisava ocorrer conforme o que ele viu. Não podia alterar o destino de todos; ele tinha que compartilhar o que testemunhou.

𝗝𝗼𝘃𝗲𝗻𝘀 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗮𝗶𝘀: ᴜᴍ ɪɴɪᴍɪɢᴏ ɴᴀs sᴏᴍʙʀᴀs  Onde histórias criam vida. Descubra agora