Adrien sentiu suas pernas fraquejarem e logo caiu de joelhos no chão da floresta. Mesmo sofrendo uma dor intensa, uma das piores que sua espécie podia suportar, ele tentou puxar a faca de seu peito, mas o cabo dela também era de prata, tornando a tarefa impossível. A única coisa que conseguiu foi manchar sua mão com sangue, ele sentiu um arrepio ao perceber a textura pegajosa.
— Merda... — Sua voz escapou em meio à agonia, enquanto a dor o consumia.
— Calma! Logo sua dor não será mais o problema — disse uma voz, chamando a atenção de Adrien. Ele levantou a cabeça e olhou para a névoa escura, que agora assumia uma forma humanoide.
O garoto ficou extremamente assustado quando a névoa se transformou por completo em um ser encapuzado, vestindo roupas totalmente pretas e uma máscara de lobo. Isso fez seu estômago revirar como se tivesse sido jogado em um liquidificador.
Mas o pior foi sentir-se vulnerável, sem forças para reagir quando aquele ser se aproximou dele calmamente, como se sentisse prazer em ver seu desespero em cada passo, em cada movimento em sua direção.
— Quem é você? — perguntou Adrien, tentando se levantar, mas o Lobo Alpha o chutou na barriga, fazendo-o cair de joelhos novamente, apoiando as mãos no chão.
— Lobo Alpha. — Ele respondeu com sarcasmo, soltando uma risada macabra.
Adrien riu com desdém da resposta. Então, ele olhou para a máscara do ser à sua frente e, com toda a força que ainda lhe restava, disse:
— Só porque você usa uma máscara de um lobo selvagem não significa que seja um lobo, muito menos um Alpha... — Ele foi interrompido quando o ser pisou em cima de sua mão direita, com sua bota de couro, fazendo pressão contra o chão. Em seguida, ele agarrou o braço esquerdo de Adrien, puxando-o para cima. O garoto gritou de dor, cerrando os dentes.
Em seguida, o ser encapuzado usou sua mão livre para agarrar o cabo da faca e girou-a, perfurando ainda mais o peito de Adrien. Era como se sua carne estivesse sendo triturada. Com isso, mais sangue começou a escorrer de sua ferida. A cada giro que o Lobo Alpha dava, o garoto soltava gritos agonizantes, enquanto o psicopata soltava gargalhadas ao vê-lo sofrer.
— Ah não, chega — bufou o Lobo Alpha como se estivesse entediado. Ele olhou para o garoto e, em seguida, de uma só vez, puxou a faca do peito de Adrien. O garoto suspirou de alívio por não ter mais aquele metal em sua pele, mas o estrago e todo o sangue que ele perdeu ainda seriam um problema. — Você não sabe brincar, então... acho que vou continuar meu plano.
Adrien, lutando contra a dor e a fraqueza, tentou ficar de pé novamente, concentrando-se em fazer seus músculos cooperarem. Ele sabia que precisava ao menos tentar fugir.
Olhou para o Lobo Alpha, que limpava a faca em seu sobretudo, e decidiu que não podia desmaiar naquele momento crucial. Cada fibra de seu ser gritava por liberdade, por uma chance de escapar daquele psicopata. Com todas as suas forças, Adrien fez uma última tentativa desesperada de se levantar e se afastar, mesmo que fosse apenas alguns passos, sabendo que sua vida dependia disso.— Ei, não se mexa — ordenou ele, apontando a faca para Adrien, que continuou a dar passos longos e dolorosos na direção oposta, com uma das mãos pressionando a ferida no peito.
O garoto prosseguiu sua caminhada mesmo diante das ameaças, sentindo o psicopata se aproximando por trás. Adrien só parou quando sentiu uma mão enluvada agarrar seu braço.
— Onde pensa que vai, seu maldito! — bradou o ser encapuzado, colocando-se diante de Adrien. — Olha, não complique as coisas, está bem? Ou vou enfiar esta faca em seu coração e deixar seu corpo aqui mesmo na floresta para que os animais o devorem lentamente.
— O que você quer? — perguntou Adrien, tentando soltar o braço da mão que o segurava firmemente.
Se eu não estivesse com meus poderes enfraquecidos por causa da prata, já teria rasgado sua garganta, seu infeliz, pensou Adrien consigo mesmo, ou melhor, eu teria fugido.
— Olha, quero muitas coisas, mas para conseguir a maioria delas tenho que capturar alguns jovens — respondeu ele casualmente, como se isso não fosse um absurdo terrível e cruel. — E você é um deles. Parabéns!
Em seguida, o Lobo Alpha colocou suas mãos ao redor da cabeça de Adrien, que estava apavorado, tentando lutar e impedir o que o psicopata estava prestes a fazer, mas foi ameaçado mais uma vez com a faca.
Adrien só sentiu um estalar de ossos quando seu pescoço foi quebrado em um giro rápido e forte. Tudo escureceu; a dor simplesmente desapareceu. Tudo sumiu e o que restou foi uma sensação de paz.
— Já foram dois — disse o Lobo Alpha ao guardar a faca no cinto. — Agora só faltam mais dois. — Em seguida, ele pegou Adrien nos braços, e como de costume, desapareceram em uma névoa que logo se transformou em corvos escuros e exuberantes.
◇◇◇
— E como vamos sair daqui? — perguntou Ellio.
Ele ainda estava processando tudo o que aconteceu, além do fato de que sua casa estava prestes a ser destruída.
— Vou congelar o vidro — respondeu Josh, colocando as mãos sobre o painel de vidro da janela. — Será tempo suficiente para Samila tentar quebrá-lo por fora.
— Tentar? — retrucou Ellio, com uma expressão confusa.
Josh não tinha certeza absoluta se daria certo, mas não custava tentar.
— Olha, eu nunca tive contato com a Caixa de Arconte antes! — gritou o bruxo, sua voz carregada de fúria, ódio e um certo medo, o medo de não conseguirem sair de dentro da casa a tempo. — Samila, vou congelar o vidro e assim que estiver totalmente congelado, quero que você o quebre, entendeu?
Samila, do outro lado da janela, assentiu, acenando com a cabeça. Sem perder tempo, Josh começou a usar seus poderes, tocando o vidro.
E no mesmo instante, uma camada de gelo azulada se formou sobre a superfície do vidro, cobrindo-o completamente. Em seguida, Josh se afastou para que Samila pudesse fazer sua parte do plano.
Do lado de fora, Samila procurou rapidamente algo forte o bastante para quebrar o vidro. Sem pensar duas vezes, ela quebrou o banco de madeira da varanda, pegou as tábuas e começou a bater na janela, repetidas vezes. No entanto, o máximo que conseguiu foi trincá-lo.
A vampira parou por alguns segundos, fechou os punhos das mãos e, com toda a sua força sobrenatural, começou a desferir socos no vidro congelado. Cada golpe trincava ainda mais a superfície dele. Samila continuou socando rapidamente e com muita força, conseguindo quebrá-lo gradualmente, mas no processo estava se ferindo com os cacos que se estilhaçavam.
Quando faltava apenas um único soco para destruir de vez a janela, as mãos de Samila já estavam encharcadas de sangue, que escorria até as pontas de seus dedos, e as gotas caíam nas tábuas do piso da varanda.
Mas ela não podia parar agora. Samila era a única chance de Josh, Biel e Ellio se salvarem. Com determinação, ela deu mais alguns socos no vidro, mas ele não quebrou. Seus braços estavam cansados, esse era o lado negativo de se alimentar apenas de sangue animal. Samila não conseguia usar toda sua força e sua regeneração.
— Droga, o que faço? — gritava ela desesperada. Ela nunca se perdoaria se não conseguisse salvar seus amigos.
Então, uma ideia maluca, talvez a mais idiota, surgiu em sua cabeça.
Com um último impulso de coragem, Samila se aproximou da janela, colocou as mãos sobre o vidro, inclinou seu corpo para trás e fechou os olhos. Num movimento rápido e decidido, ela lançou a cabeça para frente com toda a sua força, dando uma cabeçada na vidração. Para sua surpresa, o vidro se quebrou completamente, abrindo um buraco grande o bastante para que seus amigos pudessem passar.
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𝗝𝗼𝘃𝗲𝗻𝘀 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗮𝗶𝘀: ᴜᴍ ɪɴɪᴍɪɢᴏ ɴᴀs sᴏᴍʙʀᴀs
RastgeleJosh um jovem bruxo ao retornar para Fuerza uma cidade pacata e misteriosa, para comprir um dever desconhecido para a sua irmandade, mas sua vida toma outro rumo, quando ocorre uma morte misteriosa na escola onde estuda, um bilhete encharcado de san...