33. Acordos

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A semideusa não se importou, deu de ombros e sorriu. Estendeu as mãos à frente do corpo e começou a fazer movimentos circulares em direção aos símbolos no chão. No mesmo instante, eles começaram a brilhar em um azul quase roxo e intenso.

— Eu, a semideusa da Transição Espiritual, os invoco, venham até mim — Sua voz estrondou por toda a sala, e por um instante, Theo jurou ter sentido um pequeno tremor nos móveis. — Venham, criaturas das sombras, seres do Submundo sobrenatural, atendam ao meu chamado — sussurrou Lyra, com os olhos fixos nos círculos brilhantes desenhados no chão.

As palavras de Lyra reverberaram pelos círculos, dando origem a três seres que surgiram não como monstros ou demônios, mas como entidades sobrenaturais em forma humana.

— Lyra? — indagou uma mulher ruiva de cabelos ondulados, olhos verdes e pele levemente pálida, vestida com um elegante vestido cinza adornado com um cinto de couro.

— Sintam-se privilegiados por eu tê-los trazido do Submundo. Se forem bons lacaios... — Lyra lançou seu olhar para os outros dois seres: um homem alto de cabelo cortado estilo militar, pele negra, olhos verdes intensos, vestindo uma jaqueta e calças de couro; e o outro, um homem ligeiramente mais baixo, com cachos loiros, olhos azuis profundos, vestindo uma túnica branca, complementada por um cinto e calça marrom.
Todos os três usavam colares com um pingente de um círculo contendo uma estrela de cinco pontas no centro. — Poderão retornar a viver aqui, no mundo dos vivos.

Theo ainda tentava processar o que estava acontecendo. Lyra trouxera três bruxos de volta à vida, ou algo parecido, e ele não podia fazer nada para impedi-los. O plano dela estava se desenrolando além do que ele poderia interferir.

Não posso alterar minha visão, pensou consigo mesmo. Você sabe das consequências se um oráculo modificar sua visão; isso pode resultar na perda permanente de seus poderes. Portanto, é melhor ficar em silêncio.

Lyra sorriu para os bruxos invocados enquanto Theo observava, impotente diante dos eventos sobrenaturais desenrolando-se em sua própria casa.

— Vocês têm uma tarefa importante — anunciou Lyra. — Preciso que me ajudem a encontrar um feitiço poderoso, aquele que pode libertar as bestas da Caixa de Pandora sem que quem o realize seja sugado para dentro. Conseguem fazer isso?

Os três seres trocaram olhares entre si, ponderando a solicitação de Lyra.

— Certamente, senhora — respondeu a mulher ruiva, inclinando-se em reverência.

Os outros dois homens assentiram, repetindo o gesto em sinal de respeito a Lyra.

— Ótimo! — Lyra sorriu, fixando seus intensos olhos azuis nos três, então ela acrescentou. — Quase me esqueço do mais importante, meus poderes têm um limite... — Sua voz saiu arrastada e travessa. — Apenas um de vocês retornará dos mortos definitivamente...

Os três trocaram olhares, erguendo as sobrancelhas, imaginando qual deles seria o escolhido para ter uma segunda chance de viver. Então, o homem loiro pigarreou, chamando a atenção de Lyra.

— Quem será o escolhido?

Ela os encarou em silêncio por um momento.
— Aquele que me trouxer o feitiço — respondeu ela, esclarecendo as dúvidas nos olhares dos três. — E não pensem em fugir... — Lyra apontou para os medalhões com um círculo e uma estrela no centro, pendurados em seus pescoços. — Esses colares aí me dirão onde estão, e se tentarem tirá-los... hum... voltarão instantaneamente para o Submundo. Então, vão lá. Que vença o melhor e me traga o feitiço. O jogo começou.

Os três correram imediatamente em direção à saída, enquanto Lyra os observava pela janela até desaparecerem na sombra da noite ao alcançarem a rua, cada um seguindo em uma direção.

𝗝𝗼𝘃𝗲𝗻𝘀 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗮𝗶𝘀: ᴜᴍ ɪɴɪᴍɪɢᴏ ɴᴀs sᴏᴍʙʀᴀs  Onde histórias criam vida. Descubra agora