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Aurora Rodriguez
26 de abril, Alemanha

2 meses se passaram, e como passaram rápido. Talvez por ter os meus amigos perto, o Aaron e a Isa sempre estão do meu lado, para tudo.
Durante estes 2 meses tive algumas recaídas emocionais, muita coisa na cabeça ao mesmo tempo e não querer desabafar com ninguém, porque a única pessoa que foi capaz de me ver mal, totalmente destruída, está em outro continente.

Mas mesmo assim o Aaron e a Isa me ajudaram, eles nem perguntaram o que se passava comigo, assim que entenderam que eu não irá falar sobre, eles apensas me respeitaram e me ajudaram a erguer a cabeça. E isso com certeza foi muito importante para mim...
Ultrapassei isso, com a ajuda deles e sem precisar preocupar os meus outros amigos que estão em las Vegas.

O nosso contacto basicamente parou por completo, sinto imensa falta e saudade de falar com todos eles, mas eu sei que é o melhor para mim.
Eu precisava disso, eu preciso disso, preciso de ter a cabeça focada e centrada no alvo que eu quero obter... igualzinho a quando queres acertar uma bala da cabeça de alguém.
Eu precisava me distanciar deles para me manter forte o suficiente para sobreviver.

Os treinos estão cada vez mais pesados e rígidos, cada vez mais soldados desistem antes mesmo de perderem as suas vidas... e a partir de agora é isso que vai acontecer.

-QUEM FOR FRACO IRÁ MORRER, A PARTIR DE AGORA.- o sargento fala e um arrepio sobe por minha coluna

Como sobreviver sem ao menos saber o que vai acontecer?

-AGORA JÁ USARAM ARMAS NOS COMBATES, TIROS SERAM DISPARADOS CONTRA OS VOSSOS INIMIGOS E não me interessa se são amigos ou não.- o sargento grita e debocha
-AQUI DENTRO NADA DISSO IMPORTA, AMIZADE É LÁ FORA QUE SE CONQUISTA. AQUI DENTRO VOCÊS TREINAM PARA SOBREVIVER OU PARA MORRER...

Isso é verdade, mas ao mesmo tempo mentira, porque da sim para fazer as duas coisas. Mas só não podes deixar que a amizade atrapalhe a tua linha inicial de pensamento...

-Eu vou fazer as equipas e em seguida cada um pega em uma arma e vão para o seu lado do campo. - o sargento fala e começa a separar as pessoas

Para o meu bem e minha felicidade eu fiquei com os meus amigos na mesma equipe, isso com certeza me tira um enorme peso de cima das costas... eu não queria ter a culpa das suas mortes ou dos seus ferimentos.

Muitas vezes eu já fui obrigada a lutar contra eles, e por mais que eles não sejam fracos, eu acabo sempre por ter um pouco mais de experiência e de os magoar. A consciência sempre fica mais pesada depois disso, eu me culpo acima de tudo por magoa-los.

-Ainda bem que ficamos juntos...- eu digo em um sopro

-Sim...- ambos falam ao mesmo tempo

-ASSIM QUE O SINO SOAR POR TODO O LOCAL SIGNIFICA QUE JÁ PODEM COMEÇAR.- o sargento grita

Me preparo e espero o sino tocar, e assim que isso acontece eu começo a avançar, me escondo e procuro as melhores estratégias possíveis para agir.
Avanço cuidadosamente, sempre mantendo o meu corpo escondido, até ouvir um tiro em minha direção. Quase que me acerta o braço, por sorte só passou de raspão, nada que já não tenha acontecido antes.

Olho para onde veio o som do tiro e vejo uma parte de um corpo, que não está escondido, miro e atiro naquela direção e logo oiço o grunhir de uma pessoa.
Avanço um pouco mais para a frente, fazendo sempre o mesmo, até que a minha equipe ganhe.

(...)

Horas e horas se passaram, mas pareceram mais como minutos ou até mesmo segundos. Até que oiço o sino, de novo, tocar e aí eu soube que a minha equipa tinha ganho, mas nem todos saíram impunes. Havia pessoas magoadas mas também havia corpo estirados no chão. Frios e sem vida.
Me desespero ao pensar que a Isa e o Aaron podem ser um desses corpos, e começo a olhar em volta a sua procura.

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