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"E se você me pedir, irei te dar um lindo passarinho.
Sou capaz de te dar o mundo.
Vou te comprar um anel de diamante.
Vou cantar para você.
Farei qualquer coisa pra ver um sorriso em seu rosto."

Mockingbird - Eminem

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— Lizie Collins, você vai me ligar não vai? — Kiara pergunta, querendo a confirmação pela 10° vez me fazendo sorrir.

— Vou! Juro que sim, nunca deixaria de te ligar. — eu falo, a abraçando mais uma vez.

Voo 365, pronto para embarcar! — ouço a voz da moça no microfone e prendo os lábios olhando para Kiara, desejando não me despedir dela agora.

— É melhor você ir, antes que eu te arraste de volta para o meu carro, para não ter viagem alguma. — Kiara diz, me fazendo rir.

— São 5 horas de viagem, mas assim que pisar os pés na cidade te ligo. — eu digo pegando minhas malas, aos poucos me afastando de minha amiga que sorri.

— Acho bom mesmo, caso contrário eu dou um jeito de chegar lá na casa do seu pai arrancando seus cabelos fora!

E então, quando percebo, já estou quase perdendo Kiara de vista, mas até que sua visão seja apenas um vislumbre passado minha amiga não para de acenar com a mão, um sorriso no seu rosto, mesmo sabendo que ela queria chorar, e bom, eu também queria.

— Boa viagem. — é o que o homem desconhecido diz, quando grampeia o papel de identificação na minha mala e eu agradeço com um sorriso, entrando no avião.

Me sento no assento reservado para mim, ao lado da janela. O céu está claro, cheio de nuvens.

Já viajei de avião algumas vezes, mas sempre sentia um certo frio na barriga antes da decolagem.

Trouxe meus livros para ler, mas o avião também tinha uma espécie de TV no banco, o que ajudaria bastante para ver séries e filmes. Isso claro, se eu não fosse dormir.

Minhas mãos estavam suando, eu não sabia direito o motivo. Talvez uma combinação de vários fatores. O que aconteceu em casa mais cedo com minha mãe e John, o nervosismo de uma nova rotina por um ano, as mudanças que teria que ter. Tudo.

Eu queria sumir, definitivamente ir para qualquer lugar que não fosse essa realidade, vivendo essa vida de merda, tendo que lidar com essas situações. Situações das quais estou absolutamente farta.

Mas eu sinto vontade de vomitar só de pensar em voltar para casa daqui um ano, com a possiblidade de John estar lá. Eu não sei se ele viajaria com a minha mãe para o trabalho dela durante esse ano.

Não sabia se estava pensando direito quando bloqueei minha mãe, em todas as redes sociais onde tinha seu contato. A verdade é que sim, eu a amava, merda, amava mesmo, mas ver e ouvir tudo aquilo hoje foi a gota d'água.

Só eu sei o quanto sofri todos esses anos com ela, e vê-la novamente com o homem que arruinou minha vida, só terminou de destruir tudo.

Não foi falta de conversa, nem de diálogo. Perdi as contas de quantas vezes eu falava para ela sobre o que acontecia em casa, sobre como eu me sentia, mas Kalie nunca deu ouvidos, ela nunca sequer se importou. Que tipo de mãe fodida prefere acreditar na palavra de um homem que conheceu há 2 semanas do que na de sua própria filha?

Não sabia as coisas que poderiam acontecer, não sabia o que me aguardava quando chegasse na casa do meu pai, ou muito menos quando eu voltasse para casa depois desse um ano. A única coisa que tinha a completa certeza é que queria John longe da minha vida, o mais rápido possível.

Only for one year Onde histórias criam vida. Descubra agora