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Viver o teu amor, sentir o teu calor
É o que eu preciso para sobreviver. 

Acalanto - Black

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Lizie Collins

Estávamos todos reunidos na grande mesa que tínhamos em nossa casa. Era imensa ao ponto de quem está na ponta quase não conseguir ver o outro lado, onde ela termina.

— É, então foi esse o dia em que o tubarão quase comeu a minha perna, mas eu, como sempre sai na melhor. — tio Franklin, fala, se exibindo. Jason encara Damon que está sentado em sua frente, um sorrisinho presente no rosto dos dois enquanto trocam entre si uma piada interna. — Que milagre, Jason. Não vai fazer nenhuma piadinha hoje?

— Ah, tio, contou essa história tantas vezes que todo o meu estoque de piadas sarcásticas acabaram. — Jason fala, enquanto bebe um pouco de seu vinho, mas então inclina a cabeça enquanto encara ele. — Pensando bem, acho que um tubarão poderia tentar dessa vez, assim você teria uma nova versão da história para contar.

Eu encaro Jason desacreditada, enquanto jogo um pedaço de guardanapo amassado em sua direção. Ele me encara de modo inocente e eu reviro os olhos.

— Achou mesmo que ele não faria uma piadinha dessa vez? — Damon pergunta, em um sussurro baixo em meu ouvido. Ele estava sentado do meu lado, e a partir do momento que escuto sua voz um pequeno sorriso aparece em meu rosto.

A sua mão está repousada em minha coxa, seu polegar vez ou outra fazendo movimentos circulares contra a pele quente. Me sentia extremamente confortável com aquilo.

A maioria dos meus familiares já tinham terminado de comer e repetir seus pratos natalinos, a maioria deles tinham sido feitos por Dora, minha vó, e Liliane, que cozinhavam muito bem.

Agora todos apenas conversavam em um tom mais elevado, alguns discutiam sobre qual time estava melhor, outros falavam sobre a comida, uma parte dos meus primos que tinham em média 7 anos de idade queriam abrir os presentes de uma vez, enquanto a outra parte apenas brincava com um tablet que definitivamente estava todo engordurado.

Eu já tinha terminado de comer, e Damon também, então quando ele sussurrou em meu ouvido a proposta de sairmos dali para ficar um pouco lá fora eu aceitei imediatamente.

— Como está se sentindo no primeiro natal conosco novamente depois de quase 8 anos? — Damon pergunta, ficando na minha frente agora que estávamos no grande terraço da casa.

Eu dou um sorriso, olhando um pouco para o céu, vendo as estrelas brilhantes e a lua cheia naquela noite de comemoração.

— Não sabia que sentia tanto falta disso até viver isso novamente.

— Os natais não tinham graça sem você, Liz. Não sabe o quão feliz estou por esse ser diferente. — Damon fala, e eu olho novamente em seus olhos. Devia ser alguma mágica do universo, mas enquanto o garoto era banhado pela luz da noite parecia ficar ainda mais bonito, seus traços marcantes e totalmente harmônicos me faziam querer observá-lo por horas.

— Eu também estou muito feliz por estar aqui novamente, ao seu lado, e com toda a minha família. Esses momentos que muitas vezes passam batido são os melhores. — digo, com um pequeno sorriso, enquanto dou um passo a frente. Agora, já fico colada contra o corpo de Damon. Ele rodeia suas mãos em meu corpo, as deixando em volta de mim, enquanto me protege da brisa fria da noite. Deixo minhas mãos repousarem em seu peito, coberto por uma blusa preta. — Ouvi Julie comentando que a árvore está duas vezes mais cheia esse ano. Não está ansioso para abrir seu presente de Natal?

— Hum...acho que não. — Damon fala, sem pensar muito antes da reposta. O que me faz cerrar os olhos em sua direção, quase que indignada com sua resposta, afinal, qual tipo de ser humano não ficava curioso pelos melhores presentes do ano?

— Por que não?

— Porque já tenho o melhor presente aqui comigo, bem na minha frente. Duvido muito que algo consiga ser melhor do que isso. — ele fala, e eu dou uma risada. Sinto meu rosto ficar vermelho, enquanto volto a olhar para Damon novamente. Um sorrisinho apaixonado tomando conta de mim.

Aproximo meu rosto do dele, ficando na ponta dos pés. Roço nossos lábios, e sussurro:

Bobo.

Então, eu o beijo. Minhas mãos subindo pela nuca de Damon, segurando seus cabelos loiros macios, dos quais gosto tanto. Nosso contato é calmo, e cuidadoso. No entanto, firme.

Damon me aperta contra seu corpo, enquanto aprofunda o beijo. Sua língua tomando conta de mim, e com certeza, se seus braços fortes não me segurassem estaria caída no chão. Afinal, não importa quantos meses se passam, Damon Ricci seria capaz de me deixar fraca com apenas um olhar, como se fosse a primeira vez.

— Eu te amo. — digo, a voz saindo descompassada e trêmula já que desgrudamos nossos lábios agora, e minha respiração está mais ofegante do que nunca.

— Diga de novo. — manda.

— Eu te amo, eu te amo. — falo novamente, com um enorme sorriso. E dessa vez é Damon quem me puxa com força até ele, sua mão em minha nuca enquanto iniciamos mais um beijo, quente e desejoso.

Ficamos naquele ritmo por longos minutos, aproveitando um tempo a sós enquanto o resto da família está dentro de casa. Provavelmente em pouco tempo, minha vó nos chamaria para abrir em conjunto todos os presentes da árvore de natal, que foi decorada por Damon, eu e Liliane.

— Como consegui ficar tanto tempo sem beijar você quando tínhamos nos reencontrado? — Damon pergunta, me encarando. Sua mão em minha lombar. Eu inclino a cabeça em sua direção.

— Tenho quase certeza que nos beijamos uns 2 meses depois de eu ter chegado aqui.

— Isso é quase uma eternidade.

— Sou tão irresistível assim? Qual é, vai me dizer que queria me beijar desde a primeira vez em que me viu de novo? — pergunto, com sarcasmo, mas Damon me encara de um modo sério. Identifico exatamente o que seu olhar quer dizer e uma gargalhada toma conta de mim. — Sério mesmo?

— Provavelmente se Dora não tivesse chegado naquele dia as minhas outras decisões seriam discutíveis. — ele fala, e eu rodeio seu pescoço com minha mãos. Sentindo o vento leve da noite presentear meus cabelos ruivos com um balanço calmo.

— Agora que 11 meses se passaram desde esse acontecimento, diga. O que pensou quando me viu novamente depois de tantos anos? — pergunto, curiosa pela reposta. Damon prende os lábios e parece pensar por alguns momentos, antes de dizer:

— Quando eu entrei na cozinha, e vi que você estava de costas, observei seus cabelos ruivos, vi que definitivamente não era aquela criancinha que tinha saído da cidade anos atrás. Quando você finalmente olhou para mim, pensei que todo o mundo estivesse despencado. Em uma colisão contínua. Mesmo que quase 8 anos tivessem se passado, eu me lembrava de cada mínimo traços seu, e vê-los novamente me deixou maluco por muitas semanas. Você estava linda, Lizie. Sempre foi, mas merda, algo tinha mudado. Definitivamente também estava muito gostosa, e aquela blusa que você usava não me ajudava a filtrar os melhores pensamentos...— Damon fala, e eu dou um sorriso, antes de bater levemente em seu braço. O garoto sorri, olhando para mim, antes de continuar: — O ponto é, quando te olhei finalmente soube que estava perdido. Que você seria minha ruína. Eu queria ficar perto de você, queria saber tudo o que tinha acontecido em sua vida, precisava saber se estava bem, se tinha sentindo minha falta tanto quanto eu havia sentindo a sua, no entanto, mascarei todos esses desejos sendo um babaca. Tentei por muito tempo esconder para mim mesmo o que sentia por você, evitando a sua presença, ou sendo grosseiro. Porém, a cada vez que via seus olhos, olhava seus cabelos ruivos, sabia que o meu amor por você nunca tinha passado.

Meus olhos estavam marejados depois daquilo, e um sorriso bobo preenchia cada parte do meu rosto. Abracei Damon com força. Sentindo sua respiração contra mim. Como eu o amava.

— Sabe o que eu acho? Que fomos feitos um para o outro desde o princípio.

— Eu tenho a total certeza disso, meu amor. — ele fala.

Only for one year Onde histórias criam vida. Descubra agora