41

484 57 22
                                    

Você disse que nunca te veria ir embora.
Disse que nunca quebraria meu coração.
Que nunca me deixaria no escuro.
Acho que tem algumas promessas que você não deveria ter feito.

Lovers - Anna of the North

____________________________

Lizie Collins
Madrugada, 5 da manhã.

Ouço o barulho do meu celular. Ergo meu corpo da cama, em uma tentativa de me sentar no colchão. Coço os olhos enquanto acendo o abajur e pego o aparelho. Atendo a ligação sem nem olhar para a tela, afinal, quem ligaria para mim ás 5 da manhã.

— Alô? — digo, ainda sonolenta, esperando a reposta do outro lado da linha. No entanto, escuto apenas pequenos barulhos.

— Lizie...sou eu. — escuto, e tento raciociohar por um momento. No entanto, não demoro muito para assimilar a quem pertence aquela voz. Era Damon. De repente, sinto minha respiração se tornar pesada. Penso se devo apenas desligar aquilo de uma vez, no entanto, me seguro.

— Damon, o que quer? São 5 da manhã e você me acordou.

— Eu sei...merda, me desculpe. É que faz tempo demais. — Damon diz, mas por algum motivo sua voz parece pesada e sua língua embolada. As palavras não fluem muito bem.

— Faz tempo demais o quê, Damon? — pergunto, confusa, enquanto levo a minha mão até meus cabelos.

— Que eu não escuto você falar algo comigo. Eu queria ouvir você, Liz...por isso liguei essa hora.

— Você está bêbado. — falo, suspirando. Merda, como não descobri isso antes? Era óbvio que ele estava bêbado. Escuto a risada de Damon do outro lado da linha e sinto vontade de bater nele.

— Isso te decepcionou de alguma forma?

— Por que só consegue me ligar para dizer algo quando está nesse estado? Não é possível, Damon. — digo, não gostando nada daquilo. Eu deveria mesmo desligar, mas o meu lado curioso ainda quer insistir. — Foi a uma festa por acaso?

— Fui para uma boate. Seu irmão estava junto comigo, não se preocupe, não fiz besteira.

— Quem disse que eu estava preocupada? — pergunto e escuto Damon soltar uma risada, o que faz com que um pequeno sorriso involuntário apareça em meu rosto.

— Merda, minha cabeça está doendo.

— Ninguém mandou esvaziar as bebidas da boate, não é, querido? — falo com sarcasmo.

— Sabe...lá na festa tinha uma mulher meio estranha. Ela parecia querer me beijar.

Aquilo me pega de surpresa, e de repente me sinto bem mais acordada. Não sei porque aquela frase me incomoda, mas me deixa completamente intrigada.

Um pequeno aperto se forma em meu peito, no entanto, suspeito antes de perguntar:

— E você ficou com ela?

— Não. Eu não consegui...afinal, de qualquer forma estaria enganando a mim mesmo se fizesse isso. — ele fala. — Eu poderia ficar com ela, mas quem estaria em minha mente seria você. Ia querer que fosse você me beijando, Liz, me tocando, e estando no lugar dela. Merda...por que você não sai da minha cabeça de uma vez? Eu não aguento mais isso!

Travo completamente, e por alguns segundos minha mente parece processar toda aquela informação. Sinto um formigamento consumir meu corpo em sinal de total nervosismo.

— Você não pode estar falando sério, está bêbado Damon.

— O que falei é verdade, Lizie. Só pode ser algum feitiço....Você não sai da minha cabeça e eu falaria isso bêbado ou sóbrio.

— Quer saber? Já chega, Damon. Você está ficando maluco e não vai lembrar de nada disso amanhã. — falo, nervosa. — Vá tomar um banho gelado, só tome cuidado para não cair dentro do box e bater sua cabeça. Seria uma pena perder os poucos neurônios que ainda te restam.

— Você é tão delicada.

— Cale a boca. — digo, enquanto um pequeno sorriso surge em meu rosto, mas faço questão de deixa-lo desparecer quando meu lado racional surge. Não posso permitir que isso aconteça, quem vai sair machucada mais uma vez dessa sou eu, e estou cansada de aceitar as coisas que outros fazem para mim, afinal, tive que suportar isso a vida inteira sem reclamar. — Damon...você não vai lembrar disso amanhã, mas eu espero que fique salvo em alguma parte do seu subconsciente. Não me ligue mais, não me procure, não importa se estiver bêbado ou sóbrio. Isso vai ser o melhor para nós dois.

— Não pode achar mesmo que eu vou fazer isso.

— Eu espero que faça e respeite minha decisão. Não quero me decepcionar com atitudes suas, e não quero apostar todas as minhas fichas em algo que tem prazo de validade. — digo, minha voz saindo com dificuldade enquanto lágrimas querem aparecer em meus olhos, mas faço questão de espantar todas elas enquanto fecho meus pulsos com força.

— Lizie...

— Tchau, Damon. — digo, e rapidamente tiro o celular da orelha para desligar a ligação de uma vez e acabar com isso.

É só então que finalmente solto a respiração que nem sabia que estava prendendo. Meu peito se sacudindo enquanto inspiro e expiro, tentando buscar calma e conforto que não encontro no momento.

Meu interior dói após ter falado aquilo e desligado a ligação daquela forma, mas no final, por mais que me machuque essa vai ser a melhor decisão.

Pensei que Damon não me machucaria, que não iria me deixar no escuro. Criei promessas para mim mesma dentro da minha própria cabeça, das quais falavam que eu não seria magoada novamente, mas acho que essas promessas e expectativas se quebraram dentro de mim no mesmo momento em que recebi aquela foto e as gravações da câmera de segurança vindas de Hazel.

Deixo o celular novamente ao lado da minha cama e me deito novamente para poder dormir, no entanto, meus pensamentos rodeiam em volta de Damon. Nos momentos que passamos juntos, naquele maldito sorriso que ele tem, de tudo o que fez por mim, os livros, a noite na cabana, a neve. Meu peito se aperta com a saudade, mas forço meus olhos a se fecharem para que eu possa dormir de novo.

[...]

Quando acordei na manhã seguinte, desci para tomar café da manhã e Dora me veio com a rotineira entrega dos correios, onde apenas mais envelopes com a assinatura da minha mãe chegavam. Dentro do meu armário havia quase uma pilha deles, e mesmo com tantos chegando há semanas o medo ainda me corrói o suficiente para não conseguir ler nenhuma delas. Quem sabe em um outro dia.

Resolvi voltar ao meu quarto e pegar um livro para ler, afinal, servia como uma grande maneira de fugir da realidade que não me agradava, ou muitas vezes me causava tédio.

Os livros compostos por páginas, letras e parágrafos que juntos formavam uma bela história era o que me animava, servia como um grande conforto. Adorava isso, adorava como um objeto que pode ser considerado simples conseguia me consolar em momentos difíceis.

Era mágico a sensação de folhear as páginas e ter a noção de quantas vidas eu poderia viver ali, de quantos universos diferentes eu poderia encontrar.

***

Me desculpem pelo capítulo que não foi tão bom, tive um bloqueio criativo nos últimos dias, mas os próximos capítulos serão bem bem mais intensos, eu garanto. Aliás, tem muita coisa por vir...

E uma novidade que tenho aqui é que dia 25 de julho, vou fazer uma pequena maratona, onde basicamente postarei 4 capítulos ao mesmo tempo! Então peço que comentem bastante e me ajudem nisso, porque fácil não está sendo, porém no final valerá a pena!

Beijos da Raquel

Only for one year Onde histórias criam vida. Descubra agora