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O mundo estava em chamas,
e ninguém poderia me salvar, além de você.

Wicked game - Chris Isaak

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— Meu amor, não sabe como me dói ver você chorando dessa forma. — Damon fala, em um sussurro enquanto abraça minhas costas com força. Minha cabeça estava contra seu peito, as lágrimas caíam sem parar, todo o meu corpo tremia, e eu me recusava a acreditar em tudo aquilo, mesmo sabendo que era a verdade, mesmo com o teste de DNA ao lado.

Tento me acalmar, porém a cada vez que eu tento respirar fundo, como Damon me instrui, o ar parece ficar ainda mais abafado dentro de mim. Sinto como se estivesse afogando. E Damon é a superfície que tenta me puxar para cima a cada vez que a profundidade me consome novamente.

— Fica aqui comigo, por favor. — eu digo, quase que desesperada enquanto agarro o tecido de sua blusa. A respiração de Damon é calma e transmite conforto. Uma de suas mãos faz carinho em meus cabelos, movimentos suaves, calmos, tentando fazer com que meu corpo siga o mesmo.

— Não vou para lugar nenhum, Lizie. Não percebe que eu sou seu, e é com você que quero estar? Faria qualquer coisa por você, venderia minha alma se fosse necessário. Não percebe isso? — ele pergunta, em um sussurro, e aquelas palavras sinceras atingem meu coração. Quando olho para Damon, finalmente tirando minha cabeça do peito dele. Meu estado deve estar crítico. Rosto vermelho. Olhos inchados. Bochechas molhadas graças as lágrimas.

Damon contorna o meu rosto com as mãos, passando seu polegar suavemente onde as lágrimas caíram. Ele não havia me perguntado nada até agora, apenas tinha me abraçado, e sussurrado palavras reconfortantes por longos minutos. Respeitando o meu momento, e estando comigo como sempre fez, mas sei que queria saber o que tinha acontecido. Eu devia explicações a ele. Afinal, confiava completamente em Damon, o garoto fazia de tudo por mim, e eu queria contar tudo a ele. Me sentia pronta para isso agora.

— Quer me contar o que aconteceu? — pergunta suavemente, depois de um tempo, quando estou mais calma. Como se pudesse ler meus pensamentos.

Entrego as cartas para que Damon leia, enquanto me desvencilho de seus braços por um tempo. Ele me encara, com o cenho franzido, a expressão um pouco confusa, quando seus olhos se abaixam, lendo aquele papel. Damon parece atento a cada palavra, mapeando as letras escritas ali.

Eu apenas observo enquanto ele lê as cartas, uma por uma. Tento evitar me movimentar muito, mas é impossível. Quando me dou conta, meus dedos mexem constantemente nos anéis em minhas mãos. Uma mania que sempre tive quando fico nervosa.

— Harper não é o seu pai. — Damon diz, baixo e pausadamente. Como se estivesse processando a informação enquanto fala aquilo em voz alta. Já era uma tarefa difícil digerir a notícia quando eu mesma li, no entanto, ao ver outra pessoa dizer machucava ainda mais. — Quem é John, Lizie? O que ele fez com você?

Pela minha linguagem corporal, Damon deve perceber que aquele homem, que por sinal é meu genitor, com certeza não me agrada.

Então, eu respiro fundo. As lágrimas já haviam parado de cair dos meus olhos, o nervosismo ainda estava lá, mas eu disfarçava o máximo possível.

Você tem que ser forte, Lizie. Mesmo quando o mundo parece cair em suas costas. Não se abale.

Então, digo tudo a Damon, cada coisa que aconteceu ao longo dos 8 anos que estive fora. O que Kalie fazia comigo, o que John fez. Seus abusos, suas palavras nojentas, e seus toques indesejados que me causavam repulsa. As palavras saem da minha boca com uma facilidade surpreendente, só confirmando o quanto confio em Damon, e que a presença dele tem a capacidade de fazer com que as coisas fiquem mais fáceis.

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