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Mas você parece tão doce
Eu sempre encontro umas maneiras de dizer as coisas erradas.
Eu queria que estivéssemos deitados nos mesmos lençóis.

Shut up my mom's calling - Hotel Ugly
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— Puta merda, isso vai doer! — eu digo, com a voz alterada mais uma vez e Damon para me encarando sem expressão alguma. Ele larga o algodão que está cheio de vinagre, enquanto me encara. Percebo que um pequeno sorriso disfarçado está em seus lábios, mas ele esconde isso bem.

— Sabe, Lizie, se gritar a cada vez que eu fizer menção de passar isso na queimadura não vamos terminar nunca.

— Tudo bem, tudo bem. — eu digo colocando a mão nos joelhos enquanto olho para ele, que está agachado na minha frente, esperando pacientemente eu me preparar para a dor. — Pode passar agora. — decido finalmente.

Damon hesita por um momento, enquanto observa o meu rosto, estudando minhas feições para ter a certeza que vou deixar ele passar o maldito vinagre na queimadura. Então, o garoto para de enrolar, passando mais uma vez na ferida, fazendo com que eu prenda os lábios com força para não xingar.

Acontece que já era tarde da noite, eu resolvi ir à praia. A água estava turva, e eu não vi quando uma água viva resolveu se instalar em minha costela. Fazendo com que uma ardência insuportável tomasse conta de mim.

A casa de Damon era bem mais perto do que a minha, e mais segura para ir andando durante a noite, então essa foi a única opção. Sem contar que a queimadura ardia tanto que eu nem sequer conseguia andar direito.

Jason estava me ligando feito louco, preocupado para saber onde eu estava, então expliquei a situação para ele, que mesmo parecendo desconfiado, e com uma preocupação nítida sobre a queimadura, não interviu na minha decisão de ir para a casa de Damon, que imediatamente me ajudou.

— O que tinha na cabeça para ir à praia essa hora da noite? — ele pergunta passando mais vinagre na ferida e eu murmuro um bocado de palavrões.

— Não sei, gosto mais da sensação da praia de noite. E afinal, como eu iria saber que uma água viva ia me queimar desse jeito? Isso nunca aconteceu!

— Ainda está ardendo? — Damon pergunta, avaliando a queimadura, em seguida subindo o olhar para o meu. Encontro uma certa preocupação em suas íris verdes, mas com certeza com menos intensidade do que quando cheguei aqui. Já que o garoto quase ficou enlouquecido depois de ver o tamanho da queimadura. — Acho que já passei vinagre o suficiente, mas caso ache que precisa demais eu...

— Não, está ótimo! Muito obrigada mesmo. — eu digo com sinceridade, enquanto Damon me encara, agora se levantando. Ele já é bem maior do que eu quando nós dois estamos em pé lado a lado, imagine enquanto eu estou sentada e ele em pé. — Acho que já vou indo para casa agora.

A queimadura ainda estava vermelha e inchada, mas bem menos do que antes. De acordo com o que pesquisamos na internet um hidratante frio e água termal poderia resolver isso, mas provavelmente eu não ficaria com nenhuma marca, já que não tive um contato tão duradouro com a água viva.

O quê? Nem ferrando. — Damon diz totalmente sério, e eu arqueio uma sobrancelha em sarcasmo, me perguntando o motivo da sua fala quase que imediata. Então ele me encara, enquanto ergue a mão para que eu me levante. — Está tarde, Lizie. Eu não vou deixar você sair dessa porta para ir para a sua casa. Sem contar que vai chover daqui a pouco.

Então, como se confirmando o que ele disse, um barulho alto de trovão ecoa, fazendo com que eu quase pule de susto. Damon ri com tal reação minha.

— Então o que sugere? Que eu durma aqui na sua casa? — pergunto com sarcasmo, mas só pelo jeito que Damon me encara tenho certeza que é exatamente isso o que ele quer. — Sério? Eu não posso, Damon.

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