Only for one year

17

Eu continuo esquecendo que eu deveria te deixar ir.
Mas quando você olha para mim
A única memória é de nós nos beijando ao luar
Eu não consigo me lembrar de esquecer você.

Can't remember to forget you - Rihanna e Shakira

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— Lizie! Cadê você, filha? A Julie já está aqui em baixo. — eu escuto meu pai dizer lá da sala, mas escuto cada palavra dele mesmo estando em outro cômodo totalmente longe.

Quem diabos é Julie? — pergunto a mim mesma, forçando minha mente a trabalhar, até que lembro. Merda, a garota era minha prima de 6 anos, filha de Franklin e passaria o dia aqui em casa. Eu cuidaria dela já que seus pais tiveram um problema. Tinha me esquecido completamente que havia me submetido a esse compromisso.

— Espera aí! Já estou indo! — eu digo, saindo da cozinha, tentando ir o mais rápido possível para a sala onde meu pai estava pronto para ir ao trabalho novamente, enquanto a garota estava em pé do outro com um pirulito na boca.

— Oi, Liz! — ela diz com um imenso sorriso me fazendo sorrir também, talvez de uma forma um pouco forçada já que eu definitivamente espero que ela não dê tanto trabalho quanto crianças da idade dela dão.

— Pai, que horas você volta mesmo?

— Já que é sexta-feira vou sair mais cedo do trabalho, provavelmente chego aqui no final da tarde. — ele diz me avaliando, claramente deve perceber que estou rezando por dentro pra que essa criança se contente em apenas ver filmes da Disney no sofá. Então como se para me tranquilizar completa: — Mas não se preocupe, se precisar de algo pode me ligar que vou dar um jeito imediatamente! Ou se precisarem sair pode ligar para Damon levar vocês.

Nem se eu estivesse morrendo com essa criança eu ligaria, mas obrigada, pai. — eu apenas penso, sem dizer nada em voz alta.

Logo ele se despede de mim com um beijo na testa, e também dá um tchauzinho minimalista para Julie, que encara toda casa como se nunca tivesse vindo aqui um milhão de vezes.

— O que vamos fazer hoje? — ela pergunta enquanto tira sua mochila de unicórnio com glitters coloridos dos ombros.

Deus, me ajude. Posso ter feito muitas coisas nessa vida, mas nenhuma delas foi ser babá de crianças, então que essa primeira experiência seja o mais perto da paz.

— Hum...eu não sei, mas você pode escolher algo legal para fazemos. O que quer? — eu pergunto, mas logo em seguida me arrependo, já que ouvi em algum lugar que nunca é uma boa opção deixar as crianças escolherem o que elas querem fazer sem nenhuma limitação.

— Eu queria comer um açaí! — ela diz animada, e a ideia pode parecer boa, até porque eu adoro açaí, mas não temos nada do tipo em casa. Ou seja, teríamos que sair. Pegar um carro.

— Isso parece ótimo, Julie. — eu digo, caminhando enquanto me abaixo para ficar do tamanho dela, que me encara como se soubesse que alguma intervenção viria em seguida. — Mas, o lugar onde vendem açaí fica longe daqui. Não podemos ir andando, portanto terá que escolher outra coisa.

— Mas e o Damon? Tio Harper falou que podíamos chamar ele caso quiséssemos sair.

Eu reviro os olhos, me levantando, e encarando a menina. Penso em como posso dizer algo pra ela sem ter a enorme vontade de xingar aquele garoto, porém apenas ergo um pequeno e simpático sorriso dizendo:

— Que Deus nos livre disso, Julie.

— Acho que não entendi. — a garota diz, me encarando com seus olhos cor de mel, e seus cabelos cacheados em um tom ainda mais claro do que os olhos.