Only for one year

7

Eu te odeio pelo o que você fez.
E eu sinto sua falta como uma criancinha
Eu finjo toda vez, mas tudo bem
Eu quase não sinto nada, eu quase não sinto nada mesmo.

Motion Sickness - Phoebe Bridgers
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— Lizie, Lizie, vamos, acorde! — escuto, a voz ainda distante enquanto abro os olhos lentamente com confusão.

É minha mãe quem está me chamando, ela parece bem apressada, mas por quê?

— O que...o que aconteceu? Já está de manhã? — pergunto tentando assimilar tudo aquilo. Quando meus olhos já estão completamente abertos vejo a presença da minha mãe, não tão nitidamente já que a luz do quarto está apagada e apenas o abajur fraco ilumina o ambiente.

— Não, não está de manhã ainda. — minha mãe diz tocando em meus cabelos, traçando as ondas. — Mas, preciso que você acorde agora, em silêncio. Nós vamos dar uma saída. Levante, vou pegar seus chinelos.

— Aonde vamos? — eu pergunto tirando meus cobertores do corpo, vejo algumas bolsas, e malas e reconheço uma delas, porque pertence a mim. Isso só faz com que eu fique mais confusa. Se vamos viajar papai e Jason deveriam estar conosco, não é?

— Eu ainda não sei exatamente. — minha mãe diz, dobrando algumas roupas desajeitadamente de modo rápido. — Vista aquela roupa que está em cima da sua cômoda e vamos rápido, Lizie! — fala com autoridade e eu me apresso em fazer o que ela pediu antes que a mesma se estresse.

Quando me viro de volta para ver minha mãe vejo que ela já terminou de dobrar as roupas e já colocou todas elas em minha mala. Aproveitando que ela está distraída mexendo em seu celular eu vou até a janela e afasto um pouquinho da cortina para ver a vista, mas nem ao menos amanheceu. Tudo está escuro e apenas pequenos pontos de luz iluminam toda a grande cidade. A casa está silenciosa demais, só eu e mamãe estamos acordadas e isso faz com que eu tenha mais certeza ainda que Jason e meu pai não irão conosco para onde quer que seja. Tê-los afastados de mim faz com que meu coração se aperte. Faz com que eu queira voltar rapidamente para a minha cama e me cobrir toda com meus cobertores quentes e coloridos, mas não quero deixar a mamãe triste. Muito menos brava.

— Está pronta? — minha mãe pergunta, fazendo com que eu me afaste imediatamente da janela.

— Estou.

— Certo. — ela diz, e caminha até mim, passando a mão em minha blusa para tirar alguns pelos que estão presentes ali. — Preste bem atenção, Lizie. Você é uma garota inteligente e sei que vai entender. Nós vamos embora daqui, para uma cidade diferente. Seu pai e seu irmão ficarão. Não vamos vê-lós por um tempo.

— Por quê? — eu pergunto baixinho.

— Porque mudanças precisam acontecer. Vai ser melhor para todos nós.

— E meus amigos?

— Você fará novos onde chegarmos. É uma garota gentil e educada, por isso vai obedecer, certo? Não quero conversas sobre isso com mais ninguém, apenas eu e você sabemos. Por isso vamos sair quietinhas pela porta, nada de barulhos. Você entendeu, Lizie? — minha mãe pergunta me olhando nos olhos.

Eu entendi, mamãe. Só não significa que gostei dessa ideia.

— Sim, entendi.

— Ótimo. Vamos ser mais felizes lá. Você vai ver. — minha mãe diz com um breve sorriso, e então se levanta pegando as malas e duas outras mochilas que não são tão grandes. — Pegue a sua mala com cuidado, quando formos descer as escadas eu vou te ajudar para as rodinhas não fazerem nenhum barulho, certo? — ela pergunta e eu concordo com a cabeça.