Capítulo 36

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Já experimentei dias em que a simples ideia de acordar era desanimadora, mas houve dois dias em que ansiei por nunca ter existido. O primeiro foi durante o funeral da minha mãe. A dor de abrir os olhos e aceitar que ela nunca mais estaria ao meu lado é indescritível, algo que nenhuma frase de efeito ou palavra no dicionário pode descrever.

O segundo dia foi ontem ao descobrir que Alana estava com outro cara em seu apartamento, depois de acreditar erroneamente que eu tinha beijado Leanne. Parece que, além de dilacerar meu coração, minha alma também está sofrendo.

Como isso é possível? Por que tenho que estragar tudo? Por que sou tão lerdo?

Não quero que isso seja real, mas, infelizmente, depois de perder minha mãe, perder Alana está se tornando uma forma de autodestruição.

Ela já teve outros relacionamentos, e eu nunca dei importância... Na realidade, eu me importava sim, mas subestimava a verdadeira dimensão do que sentia por ela. Era mais suportável vê-la com outra pessoa estando próxima de mim do que distante.

Com Sean foi mais complicado, porque ele meio que nos afastava. Agora, entendo o que Sean sentia, porque não estou suportando a lembrança da minha garota com outro cara.

Não sinto mais raiva de Sean, e espero que você também não sinta. Ele estava certo o tempo todo, não que eu esteja o defendendo, mas, caramba, como sou tolo!

Entro no vestiário quase vazio, sempre sou o primeiro a chegar e o primeiro a sair. Mas hoje, ouço risadas e murmúrios. Resolvo dar uma espiadinha na conversa, largo minha bolsa no banco e me aproximo sorrateiramente do corredor de onde vem as vozes de Connor, Tayler e Ben.

— ... Não sei, cara, mas pareceu sério — diz Connor, levando o canudinho do seu leite fermentado à boca.

— Sério que tipo? — pergunta Tayler, fazendo uma bola com seu chiclete.

— Preciso descobrir — Connor estala a língua baixinho. — Mas é de cair o cu da bunda.

— Nunca que imaginaria que eles estão se comendo — diz Ben, cruzando os braços e encostando no armário. — Não depois de serem tão cuzões um com o outro.

De quem eles estão falando?

— Não faz sentido isso — Tayler franze a testa.

Connor balança a cabeça.

— Também acho, mas a Manu disse que a amiga de sua amiga os pegou fodendo dentro do banheiro — conta.

Eles ficam em silêncio por um momento e a curiosidade nasce que nem rato dentro de mim, então, sem nem pensar muito, pergunto, os pegando de surpresa.

— Quem estava fodendo no banheiro?

Connor solta um grito e quase deixa cair o potinho do seu leite fermentado.

— Caralho, Clark! — exclama, encarando-me com espanto.

Ben e Tayler riem.

— Foi mal, cara! — ergo as mãos, esboçando um sorriso. — Fiquei curioso.

Connor me encara com a testa franzida, seu rosto voltando à cor original.

— O que aconteceu com seus olhos? — pergunta, se aproximando.

— Meus olhos?

— Parece que uma abelha te ferroou.

— Ah! — toco, vendo a textura um pouco inchada.

— Você chorou, Clark? — Tayler indaga com um tom divertido na voz.

A noite toda!

— Por que eu choraria? — solto uma risada forçada. — Acho que está irritado, fiquei mexendo no celular até tarde.

CONQUISTANDO MINHA VIZINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora