CAPÍTULO 6

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  Enquanto preparavam-se para voar, havia outra aeromoça, essa de uns trinta anos, recebendo ajuda de um controlador de tráfego com um transportador de bagagens.
  — Deixe eu te ajudar com isso, Diana!
  Ela o respondeu com um tom afrontoso.
  — Não precisa Cole, eu ainda não morri — Ele se afastou.
  — Não quero que se machuque, sei como os últimos dias têm sido duros para você...
  — Só preciso aguentar mais duas semanas e pego a licença para ver minha filha. Quando precisar da sua ajuda, peço a qualquer outro com vontade de me aborrecer.
  — Desculpe... — o homem esforçou-se para atrair a atenção dela.
  — Não quer participar do sorteio das bagagens esquecidas?...
  Tenho certeza que consegue ganhar aquela vermelha de rodinhas.
  — Fica para a próxima... me chamaram no gabinete... — Ela agarrou o transportador e seguiu. Mas, ao longe pronunciou algo — Marilyn me disse que os detectores estão tendo defeitos ultimamente, poderia dar uma olhada?
  Ele pôs a cabeça por cima dos ombros e disse:
  — Eu verei...
  A Sra. Diana colecionava fobias súbitas.
  Alguma coisa iria cortar o seu dedo, um poste iria cair em cima dela enquanto dormia, eram algumas demências que tinha, porém a mais violenta era o seu medo racional de detectores. Detectores de metal. Além disso, ninguém, além de Cole e seus dois melhores amigos, Marilyn e Tyler, sabiam o motivo da transpiração dela, quando era ordenada a ir ao registro de entrada, entretanto os colegas gargalhavam histéricos com os seus abalos, porque eram eles que a chamavam lá para importuná-la.
  Nesta ocasião, localizava-se subindo as escadas giratórias para o segundo andar do prédio. A partir daí, ainda teve que pegar um elevador para o próximo nível do edifício. Nesse trajeto ela passava por portelas onde era possível ver pontes e passarelas que, em companhia das esteiras rotativas, conectavam diretamente os terminais adjacentes.
  O uso extensivo de vidro permitia a entrada de luz natural durante o dia e orvalho durante a noite, criando um ambiente luminoso e arejado. Porém, não no terceiro andar do terminal. Era lá que Diana costumava andar com o intuito de se acalmar, pois se tratava do espaço mais vazio do aeroporto naqueles momentos. O ruído dos calçados estavam em sintonia com as batidas do coração dela.
  — Calma... calma! Eu já deveria estar habituada, não preciso me preocupar... — tentava descansar de sua situação atual. — O que eu fiz de errado?... Não vão me demitir, não vão me demitir...
  A aeromoça percebeu que quanto mais andava, mais o corredor ficava vazio, desamparado e quieto. Aparentava estar se inclinando. As paredes listradas, o teto perfeitamente retangular, tinham uma fachada de vir mais perto das extremidades do seu corpo, situando-se menor....

  Um barulho chamou-lhe a atenção no caminho para um escritório, perto de uma retangular janela xadrez do almoxarifado.
  Era um chiado elétrico que se exorbitava da parte mais escura do acesso.
  A comissária se aproximava, passada por passada ficando mais curiosa.
  Um brilho azul ficou muito forte, feito um raio elétrico.

  Lembrou de quando era criança e na madrugada, ia até a cozinha com sede para beber um copo d'água. Contudo, sempre sentia que tinha algo a observando e na nossa intromissão inigualável, continuava ou adormecia. Afinal, qualquer coisa (qualquer coisa mesmo!) daria medo se estiver em uma cozinha à noite.
  Era exatamente isso que a comissária sentiu naquele momento novamente, algo não deveria estar ali.
  Suas pupilas se arregalaram refletindo o azul delirante que alavancou-se para as cordilheiras do teto de fibra de vidro em um formato pontiagudo. Virou-se rápido tentando gritar por ajuda, mas a sua voz não saiu. Ela mancou e examinou o lado esquerdo da clavícula. Está descalibrado, o que a fez esmagar o peito com o punho, junto a um tremor no queixo. A boca abriu-se em uma mistura de náusea e horror.
  Ao mesmo tempo, algo fez as luminárias de todo o aeroporto desligarem por alguns segundos, o suficiente para quebrar alguma coisa lá embaixo e, de súbito, fazer Diana despencar de uma janela e despedaça-la no processo.

  Ao mesmo tempo, algo fez as luminárias de todo o aeroporto desligarem por alguns segundos, o suficiente para quebrar alguma coisa lá embaixo e, de súbito, fazer Diana despencar de uma janela e despedaça-la no processo

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  Crash! O baque de uns sete metros nas insignificantes lascas não foi suficiente para matá-la, mas isso não foi benevolência divina, era o prolongamento da tortura escruciante que estava sofrendo.
  Caiu praticamente deitada, junto de fraturas ósseas no tornozelo, no fêmur e no quadril. Também houve lesões na coluna vertebral como compressão da medula espinhal.
  O sangue retardava-se em seus vasos por causa da hemorragia interna desacelerando as batidas do coração. Abandonou o controle dos dejetos. Cada movimento era recompensado com lacerações profundas. Buscou a vida, com lágrimas e suor poluídos de carmesim, como um porco que acabava de levar um porrete na face.
  Como puderam... fazer seu coração explodir...

Ystería no Voo7300Onde histórias criam vida. Descubra agora