CAPÍTULO 20

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  Na torre de monitoramento, Cole ouvia tudo o que acontecia por um microfone redondo na mesma mesa dos PCs sinalizando as listas de voos, programados ou em andamento. Mantinha-se com um rosto severo em uma pose que lembrava a da estátua "O pensador", rodeado por outros seis trabalhadores agitados, ao mesmo tempo que os pingos não paravam de gotejar lá fora.
  O controlador de tráfego apertou um botão na base do microfone e os palavrões cessaram. Saiu da postura e instaurou uma voz vagarosa.
  — Eu duvidei de vocês esse ano... — Ele se entusiasmou. —, mas dessa vez se superaram! Aqueles gemidos e luzes piscando eram tão clichês, porém ao mesmo tempo tão eficientes. Como vocês os chamam mesmo?
  — Inferni transmissio — disse o novato em um latim ruim. — Oh senhor, ainda não compreendi como isso vai fazer eles enlouquecerem
  — Meu caro Tyler, isso é só o bico da geleira. Nossa irmã, Marilyn já usou nosso pequeno incentivo.
  O estágio abraçou uma prancheta curioso.
  — E eu posso saber o que era?
  — Em outra hora saberá. Por agora, apenas imagine isso. Você é uma criança no fundamental que perdeu seu ursinho favorito na sala de aula. Como se sentiria?
  — Triste?...
  — Exatamente, e digamos que nessa sala só estavam dois amiguinhos seus. Então, você começa a estrangulá-los a fim de contarem o que sabem, para só então perceber que o ursinho estava debaixo de uma mesa o tempo todo.
  — Ok... e o que aconteceu com o dono do ursinho depois?...
  O fanático deu um suspiro para baixo e hasteou o cabelo liso e dilatado.
  — Ele cresceu e recebe tarefas importantes... — o homem exibiu o braço para onde dava a entrada e o novato suspirou. — Quantas vezes eu já mandei deixar esse elevador desligado?!
  Os operários respiram aliviados e voltaram às suas obrigações. Acender mais velas, cujo aroma de fumaça sóbria formava vultos para personalidades desagregadas.
  Cole virou-se para apertar mãos, apalpar homens, mulheres e proclamar "Chaire Ystería", o qual correspondiam-o com um "Chaire Ystería!".
  Tyler, o estagiário, imaginou que fosse uma bom momento para perguntar algo.
  — Qual o conceito de "ystería" mesmo?
  Cole perdeu as contas de quantas vezes teve que repetir isso para os novatos, porém era a invenção predileta de todos os seus colegas que o rodeavam feito crianças para ouvi-la.
  — Ystería é um conceito abstrato, pode ser entendido como um sentimento de ódio e medo presentes dentro de cada pessoa a partir do momento que nascem. No meu cérebro, por exemplo, há 80 bilhões de neurônios e 100 trilhões de sinapses mentais, feitos de proteínas da espessura de uma partícula de nanofilme. Ainda que o termo "ystería" mantenha-se entalhado em todos os micro milímetros dessas dezenas de bilhões de neurônios e sinapses, isso não equipararia ao nanobillionésimo da ystería que eu gozo por esses estudantes neste exato momento. Ystería... Ystería... — os dedos de Cole iniciaram um retorcer endemoninhado em frente a seu rosto. — Sabiam que no panpsiquismo, a mente é uma característica onipresente na realidade do mundo e do universo. Ou seja, está tudo gritando de ystería!
  Um oficial espinhento finalizou as comemorações com um berro, pois num monitor de vigilância, haviam dois indivíduos saindo de um carro do estacionamento e conduzindo-se até o aeroporto.
  Fora que o Voo DE7300 não havia caído, o sinal estava fraco, mas ele estava se estabilizando no espaço, gerando abominações nas mentes dos demoníacos, os quais mantinham as palmas na parede preocupados.

Ystería no Voo7300Onde histórias criam vida. Descubra agora