Na torre de monitoramento, Cole ouvia tudo o que acontecia por um microfone redondo na mesma mesa dos PCs sinalizando as listas de voos, programados ou em andamento. Mantinha-se com um rosto severo em uma pose que lembrava a da estátua "O pensador", rodeado por outros seis trabalhadores agitados, ao mesmo tempo que os pingos não paravam de gotejar lá fora.
O controlador de tráfego apertou um botão na base do microfone e os palavrões cessaram. Saiu da postura e instaurou uma voz vagarosa.
— Eu duvidei de vocês esse ano... — Ele se entusiasmou. —, mas dessa vez se superaram! Aqueles gemidos e luzes piscando eram tão clichês, porém ao mesmo tempo tão eficientes. Como vocês os chamam mesmo?
— Inferni transmissio — disse o novato em um latim ruim. — Oh senhor, ainda não compreendi como isso vai fazer eles enlouquecerem
— Meu caro Tyler, isso é só o bico da geleira. Nossa irmã, Marilyn já usou nosso pequeno incentivo.
O estágio abraçou uma prancheta curioso.
— E eu posso saber o que era?
— Em outra hora saberá. Por agora, apenas imagine isso. Você é uma criança no fundamental que perdeu seu ursinho favorito na sala de aula. Como se sentiria?
— Triste?...
— Exatamente, e digamos que nessa sala só estavam dois amiguinhos seus. Então, você começa a estrangulá-los a fim de contarem o que sabem, para só então perceber que o ursinho estava debaixo de uma mesa o tempo todo.
— Ok... e o que aconteceu com o dono do ursinho depois?...
O fanático deu um suspiro para baixo e hasteou o cabelo liso e dilatado.
— Ele cresceu e recebe tarefas importantes... — o homem exibiu o braço para onde dava a entrada e o novato suspirou. — Quantas vezes eu já mandei deixar esse elevador desligado?!
Os operários respiram aliviados e voltaram às suas obrigações. Acender mais velas, cujo aroma de fumaça sóbria formava vultos para personalidades desagregadas.
Cole virou-se para apertar mãos, apalpar homens, mulheres e proclamar "Chaire Ystería", o qual correspondiam-o com um "Chaire Ystería!".
Tyler, o estagiário, imaginou que fosse uma bom momento para perguntar algo.
— Qual o conceito de "ystería" mesmo?
Cole perdeu as contas de quantas vezes teve que repetir isso para os novatos, porém era a invenção predileta de todos os seus colegas que o rodeavam feito crianças para ouvi-la.
— Ystería é um conceito abstrato, pode ser entendido como um sentimento de ódio e medo presentes dentro de cada pessoa a partir do momento que nascem. No meu cérebro, por exemplo, há 80 bilhões de neurônios e 100 trilhões de sinapses mentais, feitos de proteínas da espessura de uma partícula de nanofilme. Ainda que o termo "ystería" mantenha-se entalhado em todos os micro milímetros dessas dezenas de bilhões de neurônios e sinapses, isso não equipararia ao nanobillionésimo da ystería que eu gozo por esses estudantes neste exato momento. Ystería... Ystería... — os dedos de Cole iniciaram um retorcer endemoninhado em frente a seu rosto. — Sabiam que no panpsiquismo, a mente é uma característica onipresente na realidade do mundo e do universo. Ou seja, está tudo gritando de ystería!
Um oficial espinhento finalizou as comemorações com um berro, pois num monitor de vigilância, haviam dois indivíduos saindo de um carro do estacionamento e conduzindo-se até o aeroporto.
Fora que o Voo DE7300 não havia caído, o sinal estava fraco, mas ele estava se estabilizando no espaço, gerando abominações nas mentes dos demoníacos, os quais mantinham as palmas na parede preocupados.
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Ystería no Voo7300
Mystery / ThrillerOs investigadores, Emilly Christine e Arthur Nicolas, acostumados a confrontar entidades demoníacas, manifestações sobrenaturais e cultos obscuros, mergulham em uma série de acontecimentos perturbadores envolvendo o Aeroporto de Denver nos EUA, conh...