CAPÍTULO 11

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  Entrevista retirada da Conferência de Denver, três semanas após o desastre.
  O cavalheiro sentou-se ante uma mesa prateada iluminada por um ofuscante abajur focalizado nele.
  Identificava-se como tendo uns trinta anos, porém possuía uma considerável cabeleira loira e olheiras, as quais lhe atribuíam um visual de jovem pré-vestibular. Parecia estar tímido, não paravam de mover as mãos de nervoso na jaqueta parda.
  Por um tempo ele ficou calado.
  Ficou abancado, observando as duas figuras na sua frente. Contudo, foi obrigado a se apresentar.
  — Olá, me chamo Bobby Carlson e sou sobrevivente da "Revelação 613"...
  Uma fala feminina amigável e relaxante, mas completamente séria e focada respondeu a declaração:
  — Bobby, você sabe quem somos nós?
  — Não... não posso dizer que sei. Assessores do meu advogado?...
  Inesperadamente, outro tom, esse masculino, um pouco mais maduro e com maior autoridade do que o indivíduo em questão, demonstrou uma postura dominante:
  — Nós somos as pessoas que puseram fim naqueles testes!
  Instantaneamente, a comunicação foi pausada. O homem rebaixou a cabeça e falou com nervosismo e urgência.
  — Jamais participei de teste algum! Eu não conduzia aquilo! Já falei isto incessantemente!
  — Entendo - falou a garota. — Nesse caso, quem conduzia?
  — Rivais. Tenho muitos rivais. Todo mundo está contra mim. A segurança... todos... Todo mundo está contra mim. É uma trama enorme.
  Ele deteve-se em mudez por um minuto e seguiu:
  — Eu jamais fui o perfil de homem para se dar bem na vida. Andava a toda hora fazendo negócios extravagantes... fazendo deveres de otário. Era retraído. Nutria uma aversão a gente. Me amarguei bastante no Internato... as garotas me enfureciam... menos Diana, claro... eu pareceria bem insatisfeito lá se não fosse por ela me ajudando... nos exames, nos exercícios, no essencial — sacolejou a testa — Eu era um besta e ao mesmo tempo não era.
  — Compreendo - falou o garoto. - E no Aeroporto de Denver?
  — ... Tudo começou numa partida de Mahjong. Isso costumava ser nossa diversão em Lakewood durante o jantar. Você se encantaria com quantos desconhecidos podem nos abordar numa partida de Mahjong.
  Ele gargalhou e prosseguiu:
  — Eu me recordo de um sujeito... jamais vou esquecer dele devido a um negócio que ele me falou... começamos a dialogar bebendo uma xícara de chá e a nos divertir com o Mahjong. Após meia hora, eu senti como se conhecesse aquele cara desde sempre.
  — O que ele falava tanto? — indagou a jovem.
  — Dizia a respeito do nosso futuro estar grafado em nossas íris. Até exibiu as suas. E nesse momento ele também observou as minhas e me falou coisas fantásticas. Porém ele também falou... falou...
  Bobby cedeu, começou a balbuciar...
  — E?
  A postura dos interrogadores tinham uma sedução muda. Bobby cravou neles, distanciou o rosto, então cravou de novo de resposta.
  — Não importa, depois disso ele ofereceu uma oportunidade de emprego para mim e Diana em Denver — falou Bobby — Eu amei o aeroporto. Ná prática, o que experimentei lá com Diana. Eu me via como uma pessoa como qualquer outra. Todo mundo estava no mesmo avião. Eu era digno feito os outros...
  Repararam que a simpatia dele se dissipava. Retomou:
  — Até que fui demitido. De súbito. Talvez, descobriram do que eu sabia. Sabia o tempo todo o que eles faziam ali... Existiam horas na qual não tinha qualquer confiança no que eu estava fazendo. É incontestável que me rendi eventualmente. Porém, julgo que não precisariam ter me demitido por essa razão. Não, não foi certo.
  — Ademais? — questionou o garoto.
  — Ficou bastante complicado... bastante complicado, sério... sobretudo para pagar a pensão da nossa Carys... Mas, para falar com fidelidade, eu pouco obtia o razoável para me sustentar. Achei útil que Diana tinha permanecido no aeroporto.
  A interrogadora indagou atenciosamente:
  — Mas você tem ciência de que os poucos administradores que sobraram do Aeroporto desmentem tudo?
  Bobby zangou-se de novo.
  — Isso é porque participam da igrejinha... devem fazer parte daquela igrejinha. Isso tudo pertence a conspiração contra mim!

  O homem reforçava incansavelmente:
  — É uma conspiração! Eu digo!
  — E a lista de estudantes que foram apreendidos no aeroporto? — disse o garoto.
  — Não compreendo! Pensei que fossem só passageiros especiais.

Bobby não falou mais coisa alguma. Encontrava-se trêmulo.
  — Eu não fiz isso! Sou claramente inocente! Isso é tudo uma falha. Ora, veja... eu estava saindo para o meu trabalho noturno em Lakewood na hora do incidente. É obrigado a reconhecer isso.
  O timbre dele estava vitorioso.
  — Sim — falou o garoto. Seu timbre estava reflexivo — Porém é bastante simples, não é, confundir uma noite? E as testemunhas... é bastante simples comprá-las...
  — Eu estava indo trabalhar naquela noite!
  — E suponho que algo o interceptou no caminho.
  O sujeito empacou-se discretamente intricado com isso.
  — É Bobby, nos conte sobre o que aconteceu naquela noite. — disse a interrogadora.
  — Cristo, eu realmente preciso falar sobre aquilo?...
  — Ande!
  — O-ok... As ruas de Lakewood sempre foram tranquilas, sabe, feito qualquer outra do Colorado, porém nesse dia... — o sujeito bebeu um pouco d'água, parecia nervoso ao ponto de errar algumas palavras — Nessa noite, eu tinha acabado de sair de casa e avistei a Sra. Hannah correndo enquanto carregava um bebê.
  — Vá direto ao tema.
  — Ah! Sim! Num segundo após, escutei um barulho muito forte de tijolos caindo e sirenes de emergência. Imaginei tenso um ataque nuclear ou um tornado, e finalmente BUM! — abriu as palmas como numa explosão — Acordei numa rua totalmente diferente da que conhecia...
  — Diferente quanto? Se me permite — a segunda voz mais serena.
  — Senhor... o bebê... ela deixou cair... estava com alguma coisa no peito. A moça, no poste, estava pendurada pela boca e vacilando. levantei com dificuldade e tropeçando. Notei bombeiros e policiais lançando-se na fumaça — o homem lacrimejou — Um idoso perdeu um nariz e ainda estava respirando... Infelizmente.
  A garota dobrou-se no sentido do rosto de Booby, e disse extremamente baixo em seu ouvido, porém junta de imensa firmeza.
  — Mas, você sabe que matou aqueles estudantes, não sabe?... — depois com a mesma modéstia ergueu-se — Obrigada pela sua cooperação, seu testemunho será de grande ajuda.
  E agora? O quê vamos culpar? Os ciberterroristas? Bem, eles são um novo tipo de preocupação para um transporte cada vez mais conectado à internet. Fantasiou o interrogador.

Ystería no Voo7300Onde histórias criam vida. Descubra agora